Como a irrigação pode aumentar a produtividade e contribuir para a sustentabilidade no agro? Esse foi o tema do webinar que abriu o quarto dia da Agrishow Experience. O evento discutiu o sistema de irrigação por pivô central, que corresponde a cerca de 50% do que é produzido pela agricultura irrigada no Brasil, nos 6,8 milhões de hectares irrigados. Participaram da discussão Leandro Preuss (gerente Regional de Vendas da Lindsay América do Sul), Renato Silva (diretor-presidente da Valmont) e Marcos Esposito (gerente de Relações com o Mercado Bauer), com moderação do professor sênior da UFV, Everardo Mantovani.
Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil, produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), mostra que o sistema de pivôs centrais foi desenvolvido nos Estados Unidos e patenteado em 1952. A invenção permitiu transformar a região semiárida das Grandes Planícies da América do Norte em um dos maiores celeiros de grãos e carne do mundo. Atualmente, o pivô é o sistema mais usado nos Estados Unidos.
A estrutura de um pivô é composta por torres metálicas triangulares montadas sobre rodas, com uma das extremidades fixadas no centro da área a ser irrigada (ponto-pivô). Conforme o documento, o sistema oferece como vantagens capacidade de distribuição uniforme da água requerida pelas culturas, alto grau de automação, adaptação a diferentes tipos de solo e irrigação de grandes áreas, além da capacidade de aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas.
No Brasil, o primeiro pivô central foi instalado em 1979 na bacia do rio Tietê no município de Brotas, em São Paulo. Desde então, agricultura irrigada por pivôs centrais apresenta crescimento forte e persistente nas últimas décadas, e que se acelerou ainda mais a partir de 2010, chegando a uma área de 1,476 milhão de hectares em 2017, o equivalente a 2,5 vezes o território do Distrito Federal. Este total é 47 vezes maior que a área mapeada em 1985 e o triplo registrado no ano 2000, quando foram contabilizados respectivamente 31 mil e 490,5 mil hectares.
O diretor-presidente da Valmont, Renato Silva, explica que, apesar dos números ascendentes, a agricultura irrigada no País ainda está muito distantes de outros países, como a China, em que a irrigação ocupa 69 milhões de hectares, ou da Índia, como 76 milhões de hectares irrigados.
“Ainda temos um caminho interessante pela frente”, aponta. O executivo comenta que o setor cresce em cerca de 200 mil hectares por ano de área irrigada, mas que há potencial para subir esse número para 350 mil hectares ao ano, incentivados pela busca por produção cada vez mais sustentável.
“O País que não tiver a sustentabilidade na agenda estará fora do jogo. A sociedade espera isso. Os jovens veem a sustentabilidade como algo muito relevante e serão eles que estarão à frente das empresas na tomada de decisão no futuro”, avalia.
Retomada
Leandro Preuss, gerente Regional de Vendas da Lindsay América do Sul, aponta que a demanda por equipamentos de irrigação tem registrado um movimento de aceleração, mesmo com a pandemia do coronavírus. “A retomada tem sido mais rápido do que se imaginava, principalmente no agro”, assinala. A expectativa, segundo o executivo, é de o setor fechar o ano com crescimento de 10% a 12%. Ele diz que o número é bem acima dos 5% que o segmento registrou nos últimos anos. “Há potencial para os próximos anos de estabilizar a procura e crescer de 5% a 6%. Toda a indústria está preparada para isso”, aponta.
Marcos Esposito, gerente de Relações com o Mercado Bauer, afirma que a empresa trabalha com 90% de sua capacidade produtiva, em um turno. “Temos condições de aumentar de 2,5 até 3 vezes esse montante. Estamos nos preparando para isso, criando infraestrutura necessária para atender à demanda”, explica.