Evento discute empreendedorismo feminino na cafeicultura

O empreendedorismo feminino foi tema do Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas

O empreendedorismo feminino foi o tema do painel que discutiu o papel da mulher na cafeicultura, durante Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas, promovido pelo Grupo Conecta, em formato digital. O evento contou com a participação de Patrícia Carvalho, gerente de Projetos Especiais do Grupo 3 Corações; Vanúsia Nogueira, diretora executiva na Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA); Isabel Vilela, gestora executiva na Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil; e a produtora Luciene Mota.

Uma das primeiras mulheres a atuarem no setor, Vanúsia relatou as dificuldades que enfrentou até chegar à diretoria executiva da BSCA. “Faço parte de uma geração de mulheres que começaram a buscar seu lugar no mercado de trabalho”, afirma. A executiva lembra que durante muito tempo em sua carreira participou de reuniões em que ela era sempre a única mulher a fazer parte.

“Até a virada do século, a mulher primeiro precisava mostrar competência para só então ser aceita. Hoje a gente vê essa mudança. Ainda somos minoria, mas já somos muito respeitadas dentro do processo”, assinala. Para a executiva, as mulheres se destacam no mercado de trabalho por serem mais perspicazes, detalhistas e caprichosas. “Não somos mais nem menos que os homens. Somos diferentes. Aos poucos, vamos conquistando nosso lugar. Já temos uma ministra da Agricultura e Pecuária, uma presidente da Sociedade Rural Brasileira e, na BSCA, já tivemos uma mulher na presidência”, aponta.

Superação

Quarta geração da família de cafeicultores, Vanúsia nasceu em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, cidade reconhecida pela produção de café. “Ouço falar de café desde antes de nascer”, comenta. Mesmo assim, ela não pensou de trabalhar de imediato com o produto. Estudou tecnologia da informação, fez administração e marketing. Trilhou por empresas brasileiras, consultorias, até se tornar sócia, em 1998, na PricewaterhouseCoopers (PwC), nos Estados Unidos, onde viveu por nove anos.

Em 2002, a executiva decidiu se dar um ano sabático. Foi quando retornou à sua cidade natal. “Voltei para Minas em uma época terrível para os preços do café”, comenta. Sua experiência profissional e vivência internacional a aproximou de exportadores que buscavam por novos nichos de mercado para a cafeicultura.

“Foi então que organizei o Centro de Excelência do Café, no sul de Minas, que foi o primeiro centro de excelência a entrar no ar”, explica. O projeto lhe rendeu um convite para ser a principal gestora da BSCA.

Isabel é outra que faz parte da quarta geração da família a trabalhar com café. Assim como Vanúsia, também não teve interesse em atuar nesse segmento desde cedo. “Via meu pai plantando, mas não pensava em fazer o mesmo. Faltava representação feminina para eu me identificar na época”, acredita.

Ela deixou o interior de Minas Gerais para estudar em Belo Horizonte. E, a partir de um intercâmbio, na China, organizado pela universidade em que estudava, o café voltou à sua vida. “Cheguei na China em um momento que o café estava no auge, com várias Starbucks sendo inauguradas”, comenta. De volta ao Brasil, Isabel foi convidada para participar de um projeto como intérprete, na semana internacional do café. “Foi ali que vi esse mundo do café. Soube que lá existia um encontro de mulheres do café e pensei: quero fazer parte disso!” A executiva foi voluntária na IWCA, antes de se tornar executiva na Aliança Internacional das Mulheres do Café.

Projeto Florada

Projeto Florada tem por objetivo estimular ações de empreendedorismo entre mulheres que cultivam café

Patrícia, que nasceu em Santa Rita do Sapucaí, se aproximou do café após estudar e morar por nove anos em São Paulo. Ela conta que já pensava em retornar para sua cidade, quando se candidatou à uma vaga no Grupo 3 Corações. De lá pra cá, Patrícia ocupou diversos cargos no marketing da empresa, antes de chegar à gerência de Projetos Especiais, do qual o Florada faz parte. O projeto tem por objetivo estimular ações de empreendedorismo entre mulheres que cultivam café, incentivando melhores práticas na produção de cafés especiais. Realizado em parceria com a BSCA, o projeto está em sua terceira edição, com 100% do lucro revertido para as mulheres cafeicultoras.

A executivo diz que agora está pronta para mais um passo dentro do segmento. “Estou em uma transição, dividindo meu tempo para começar a vida de produtora. Esse ano, minha família completa 100 anos na cafeicultura”, afirma.

Já a produtora rural Luciene Mota contou sua trajetória iniciada como apanhadora de café, ainda aos nove anos de idade, quando ajudava seus pais nas lavouras. Ela conta que percorreu um longo caminho trabalhando quase a vida toda colhendo café até ter a oportunidade de produzir seu próprio café, em 2013. Nos dois últimos anos, viu seu trabalho reconhecido, com a participação no Projeto Florada,  no qual conquistou o terceiro lugar.

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