Encontro debate o papel da mulher na revolução das máquinas agrícolas

Lançamentos da Jacto tinha uma mulher entre os principais engenheiros da área de automotrizes

A Revolução das máquinas – Tecnologia e inovação foi tema de debate no Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas, promovido pelo Grupo Conecta, em formato digital, cuja principal discussão se concentrou no papel da mulher sobre essas mudanças. O evento contou com a participação de Fernando Gonçalves Neto, diretor presidente da Jacto; Fernando Degobbi, presidente da Coopercitrus; e Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo.

O presidente da Jacto abriu o debate com a apresentação de números que comprovam o aumento da participação das mulheres no agronegócio brasileiro. “Estudos mostram que o percentual de mulheres no setor subiu de 24%, em 2004, para 28%, em 2015”, explicou. O executivo apontou ainda que, segundo dados do IBGE, em 2017, já havia mais de um milhão de mulheres dirigindo propriedades rurais.

Diante desses resultados, Gonçalves Neto, questionou aos participantes se a tecnologia está ajudando na maior inserção do público feminino no setor agrícola. Ele usou o exemplo de um cliente da empresa que está mudando todos operadores de costais à bateria para mulheres. “Ficamos intrigados com aquela mudança. E o que recebemos de resposta é que elas cuidam melhor das máquinas, são mais detalhistas, o que reduzia os custos para a companhia”, explicou.

O executivo aponta também a vocação das mulheres para atuarem com tecnologia e agricultura de precisão. Ele conta que os lançamentos da Jacto esse ano, que levaram ao mercado inovações tecnológicas, tinha entre os principais engenheiros na área de automotrizes, uma mulher. “Tipicamente temos uma dificuldade com os homens que normalmente não se preocupam com detalhes e ergonomia, no projeto de máquinas. Na fábrica, também percebemos que, na solda, as mulheres têm um acabamento melhor”, aponta.

Para Dias, da Coamo, a questão da tecnologia, independentemente do operador, ainda passa pelo problema de falta de conectividade no campo. “Temos muitas ferramentas hoje para usar na agro, basta ver o que já vem embarcado em colhedoras e tratores, mas poucas estão agregando valor para o produto. O produtor ainda não utiliza essa tecnologia da maneira adequada. Falta fazer a conexão de vários itens para que se torne um dado capaz de ajudar o produtor a tomar decisões”, aponta.

Operadoras

Uma das questões levantadas pela plateia virtual que acompanhava o evento foi se eles achavam que as mulheres operando máquinas no campo ainda assustavam o público masculino.

O presidente da Coopercitrus acredita que no passado isso pode ter acontecido, mas que hoje não mais e usou uma experiência recente, em que durante o voo descobriu que o comandante era mulher. “Me senti mais seguro com ela. Então penso que uma mulher operando máquinas na agricultura deva passar mais segurança ainda”, afirma.

Degobbi diz que esteve em Israel onde um estudo com mais de 400 empresas, que pretendia medir o sucesso financeiro e inovação, mostrou que aquelas que investiam mais em diversidade e alinhamento de valores e propósitos tiveram melhores resultados. “As empresas que conseguem combinar essas coisas tem mais sucesso no mercado”, acredita. O executivo afirma que na cooperativa a direção da área financeira, TI, recursos humanos e marketing já estão nas mãos de mulheres.

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