segunda-feira, novembro 25, 2024

Safra de algodão de MT pode ter recorde histórico de produtividade

Especialistas que estarão presentes no XV Encontro Técnico Algodão, da Fundação MT, de 28 a 30 de agosto, em Cuiabá, afirmam que boa parte das lavouras do Estado vão alcançar mais de 300 arrobas por hectare

Safra de algodão de MT pode ter recorde histórico de produtividadeA safra de algodão 2022/2023 no Brasil tem apresentado resultados promissores nos principais estados produtores. Diferente do ciclo passado, quando problemas climáticos prejudicaram o desenvolvimento vegetativo e a formação de capulhos e resultaram em produtividades abaixo da média.

Segundo estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o país deve colher três milhões de toneladas de pluma, acréscimo de 18% em relação a 2021/22 e considerado um patamar histórico.

O safra do algodão atual ocupa 1,67 milhão de hectares, o que coloca o Brasil entre os quatro maiores produtores mundiais, atrás de China, Índia e Estados Unidos. Mato Grosso, com 1,2 milhão, é o maior produtor nacional e a retrospectiva da safra 22/23 no Estado, com seus desafios e aprendizados, será um dos temas do XV Encontro Técnico Algodão, de 28 a 30 de agosto, em Cuiabá. Realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), o painel vai debater o que aconteceu em cada região produtora de MT na manhã do dia 29 de agosto.

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Márcio Souza, coordenador de Projetos e Difusão de Tecnologias do Imamt – Instituto Mato-grossense do Algodão, moderador da retrospectiva, destaca que no Estado o plantio de algodão sofreu em média dez dias de atraso. A semeadura aconteceu entre o final de janeiro e 10 de fevereiro e preocupou os produtores que temiam que faltasse chuva no mês de maio, trazendo efeitos negativos para a produção como na safra passada. No entanto, houve bom volume de chuvas, que chegaram até junho na maioria das regiões.

O cenário de precipitações estende o ciclo da cultura no campo, mas, por outro lado, ajuda a garantir bom potencial produtivo e qualidade de fibra. Esta é a expectativa de entidades e cotonicultores até o momento, com cerca de 26% da área colhida.

“Acreditamos em recorde de produção nas lavouras da BR-163. Sapezal e Campo Novo do Parecis vão produzir muito bem, assim como o Sul do Estado, e Vale do Araguaia ficará dentro da média. No ano passado se falava em 235 arrobas por hectare em caroço, mas esse ano esperamos produtividade média de 300@/ha, com regiões passando disso. Será um dos melhores anos historicamente em MT”, indica o coordenador do Imamt.

Desafios

Apesar do otimismo trazido pela boa condição climática, doenças e pragas exigiram atenção dos produtores de algodão também nesta safra. O alto volume de chuvas até o mês de março e a frequência de precipitações até abril formou um ambiente de favorabilidade para a Mancha alvo (Corynespora cassiicola), principalmente, além de Mancha da ramulária (Ramulariopsis spp.) e Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum).

“Dos primeiros 50 dias até 110 dias, a pressão maior foi de Mancha alvo, causando severa desfolha das plantas e, em casos mais graves, levou ao abortamento das maçãs. Em seguida, a partir de 120 dias, com ambiente mais seco, a incidência dessa doença reduziu consideravelmente e a Ramulária ganhou importância”, destaca João Paulo Ascari, fitopatologista e pesquisador da Fundação MT.

O especialista explica ainda que os problemas com Mofo-branco também ocorreram durante a fase reprodutiva da cultura, muito em função da maior umidade presente. No entanto, a maior incidência de estruturas com podridão foi em regiões mais altas, acima de 500 metros de altitude.

Com relação às pragas, a incidência do Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) foi maior em lavouras do Sul de Mato Grosso, de acordo com o coordenador do Imamt. “Para um ou outro produtor causou problema de produção, mas quem realizou o manejo de controle de forma mais adequada, respeitando as recomendações preconizadas pela pesquisa, obteve sucesso”. Ele enfatiza que para a próxima safra a espécie precisa ser considerada como preocupação, mas “não que esteja fora de controle, é uma questão de manejo correto de produtos em algumas áreas”.

Por outro lado, Ácaro-rajado (Tetranychus urticae), segundo Souza, está presente em todas as regiões e demanda atenção máxima para a prevenção da sua ocorrência e rotação de produtos disponíveis para controle. “Outra problemática que tem crescido no algodoeiro são as plantas daninhas, sendo o Capim-pé-de-galinha em todas as regiões, a Vassourinha-de-botão na BR-163 e o Caruru, além do Capim-pé-de-galinha, em Sapezal e Campo Novo do Parecis”, acrescenta.

Bahia

Para contribuir com o relato da safra de algodão na Bahia, onde foi semeado 312,6 mil hectares, e também um resumo da safra Brasil, estará presente no Encontro Técnico o engenheiro agrônomo e consultor Ezelino Carvalho, membro do Grupo Brasileiro de Consultores de Algodão – GBCA. Para ele, a atenção da próxima safra deverá ser com o El Niño e o que pode ser feito para minimizar os seus efeitos. “Pode alterar o regime de chuvas e sabemos que para as regiões Norte e Nordeste pode ser mais seco”, define.

Se confirmada a presença do fenômeno, o consultor acredita que serão necessárias mais ações preventivas para o controle de lagartas comuns ao algodoeiro, ácaros e também de trípes (Thysanoptera: Thripidae). “É um problema difícil de controlar em anos mais secos, sendo necessárias mais aplicações”, completa.

O consultor alerta, ainda, para a perda de eficiência de biotecnologias desenvolvidas para o controle de lagartas (Lepidópteras). “Foi motivo de atenção nessa safra e seguirá assim na próxima. De acordo com os dados de campo, esse é um problema que impacta diretamente na rentabilidade da lavoura – custo das tecnologias somada ao custo de inseticidas – e com o clima seco a intensidade de lagartas é maior e, consequentemente, o número de aplicações”, observa Carvalho.

O evento

A retrospectiva da safra também vai contar com os relatos dos grupos Biacon (Norte e Médio Norte), Locks (Oeste), WDF Agro (Sul) e Horita (Bahia). E também com a palestra “O clima e seus efeitos sobre o desenvolvimento da planta – safra 22/23”, com o pós-doutor em fisiologia do algodoeiro e coordenador do programa de pós-graduação em agronomia da Unoeste, Fábio Rafael Echer.

 

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