Painelistas do 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio mostraram como a tecnologia de dados pode contribuir na transparência das informações do setor, ressaltando que o Brasil produz alimentos com baixa pegada de carbono
A Agricultura 4.0 é vista nas máquinas, nos equipamentos, nos implementos agrícolas, mas também na negociação dos produtos agropecuários. No painel Inovação e Mercados, do 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio, uma realização da Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG, em parceria com a B3 – a bolsa do Brasil, que ocorreu nesta segunda-feira, 7, Ingo Plöger, vice-presidente da ABAG, ressaltou a importância da inovação dentro do processo produtivo.
“O mundo conta hoje com 8 bilhões de pessoas, sendo 800 milhões em insegurança alimentar. Com inovações é possível aumentar a produção e dar maior acessibilidade a um público que hoje não tem essa opção. Esse é o motor com o qual construímos mercados e o futuro”, disse Plöger.
Alexandre Bernardes, vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA, citou a revolução contínua pela qual o segmento do agro vem passando com o foco em maior eficiência na produção de alimentos para o mundo. “A conectividade é hoje o oxigênio para essa transformação. Hoje não conseguimos dar o próximo passo de produtividade se não houver essa interligação”, salientou.
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Para ele, o agro está passando por uma grande revolução que traz cada vez mais benefícios, principalmente porque o cliente é digital, bem como nossos produtos e o mercado. “Toda inovação tem a premissa de trazer mais eficiência na produção de alimentos. Nossas máquinas hoje pensam, falam e abordam toda a tecnologia existente”, explicou.
Juca Andrade, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, falou sobre a importância de fortalecer os empreendimentos dentro e fora da porteira com inovação. Segundo ele, hoje há 420 empresas negociadas no mercado de ações, com um market cap de R$ 4,3 trilhões. No setor agro há cerca de 30 empresas, com market cap de R$ 650 bilhões, o que revela um universo ainda a ser explorado.
Andrade citou o Fiagro, fundo de financiamento do agronegócio, também com bastante espaço para crescer, revelando a força e representatividade do setor. “Hoje temos 35 Fiagros listados na B3 com um patrimônio de R$ 8 bilhões e cerca de 300 mil investidores”, frisou.
Um mercado em crescimento precisa de proteção e o setor de seguros, segundo Pablo Ricoldy, diretor da BrasilSeg, que apontou o dinamismo do setor e ressaltou a importância do seguro, não apenas em relação à questão financeira, mas a tranquilidade proporcionada ao produtor e à indústria, abrindo novos espaços de investimento.
“Entre 16% e 18% da área do Brasil é segurada, há um espaço muito grande para crescer e, consequentemente, uma responsabilidade das empresas em expansão, oferecendo ao segmento de seguros todo um ecossistema de proteção”, finalizou.
Cadeias produtivas e inovação
Um ecossistema colaborativo entre as cadeias produtivas do agro, os institutos de pesquisa e a academia e os investimentos em inovação são fundamentais para atender as demandas de consumidores, países e mercado financeiro por informações sobre a produção sustentável do agronegócio.
“Quando se trata de inovação na indústria, pensamos em novos produtos e tecnologias, mas precisamos ir além, pois apenas os produtos não são mais suficientes. A digitalização e o papel dos dados têm sido pontos chave”, afirmou Malu Nachreiner, CEO da Bayer Brasil, durante o painel Cadeias Produtivas e Inovação, do 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio.
A Bayer, em parceria com a Embrapa, conta com o programa PRO Carbono, que tem procurado compreender as práticas sustentáveis que levam maior produtividade, menor pegada de carbono, maior sequestro de carbono de 1,9 mil produtores rurais do país.
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“Os agricultores estão ávidos por inovação, e estamos trabalhando em conjunto para conhecer todos esses aspectos”, disse Nachreiner, que comentou sobre um novo projeto da companhia para rastrear a produção de uma safra piloto de grãos, a fim de ter informações sobre sustentabilidade e produtividade. “Os dados podem contribuir para sair de um cenário, no qual o Brasil é visto como um problema, para outro panorama, no qual o país será parte fundamental da solução”.
Nesse sentido, Davide Ceper, CEO da Varda, foi enfático ao dizer que “sem dado não é possível ter transparência, ou seja, atender as atuais demandas por informação”. A seu ver, essa prática dá visibilidade ao Brasil, impulsionando o agro a ser mais ainda mais sustentável e produtivo, por conta das práticas que já aplica no país. Para ele, a digitalização aumentará as aplicações de agricultura de precisão e de outras tecnologias para mostrar como é feito o cultivo e qual é a pegada de carbono da plantação.
A empresa desenvolveu uma tecnologia que pode ser considerado um CPF dos talhões, ao assinar um código em cada um dos 15 milhões de talhões agrícolas monitorados. “Podemos distribuir essa informação para empresas e startups, e, com isso, conseguiremos ter uma linguagem geoespacial comum e um padrão de origem para todos”, explicou Ceper.
O painel foi moderado por Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, e contou com a participação de Ricardo Scheffer, CEO da Sonda Brasil, que disse que a tecnologia já é uma realidade do agro e uma aliada fundamental ao crescimento do negócio e da economia do setor como um todo.
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“A principal discussão é como, efetivamente, levar essa tecnologia ao campo. Existe uma oportunidade de 75% de cobertura de agro em território nacional com algum nível de carência de comunicação de dados. Como levar a tecnologia para o campo sem essa conectividade? Esse é um grande desafio”, salientou.
Para Scheffer, a discussão dentro do universo de inclusão digital do agro, mais que a tecnologia em si, deve incluir o caminho de entrega e disponibilização dessa tecnologia ao produtor.
Os pequenos e médios produtores devem contar com tecnologia e práticas sustentáveis, para Luiz Lourenço, presidente do Conselho de Administração da Cocamar, inserindo-os na chamada revolução digital. “O cooperativismo é indispensável para o pequeno e médio produtor levando, não apenas recursos, mas apoio técnico e comercial. É como uma luz suficiente para que ele possa enxergar os problemas e buscar soluções em conjunto”, disse.
Lourenço abordou também a Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) como uma estratégia de produção inteligente para elevar ainda mais a produtividade das pastagens, integrando culturas e trazendo resultados positivos ao produtor, a médio e longo prazo. “O valor bruto da produção da pecuária é um décimo do valor da produção de outras culturas”, afirmou.
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