Com o uso de carretas graneleiras, produtor evita desperdício de grãos no transporte da safra do campo até os silos
por Gustavo Paes – A cada ano, os produtores procuram avançar no uso da tecnologia no campo para aumentar a produtividade das lavouras. As perdas na produção foram amenizadas desde que os produtores passaram a utilizar as carretas graneleiras, um implemento simples, mas de grande importância no dia a dia de uma fazenda.
O implemento surgiu no Brasil ainda na década de 1970, em função do crescimento das culturas de trigo e soja, e depois na esteira da evolução da colheita do arroz irrigado. Há 50 anos, chamar a estrutura viária de deficiente era quase um elogio, tamanha a precariedade das estradas Brasil afora.
Além disso, o reduzido número de caminhões disponíveis no mercado nacional e a inexistência de estruturas de armazenamento nas propriedades rurais provocaram a necessidade de um equipamento que pudesse receber os grãos da colheitadeira e os transportasse até o caminhão ou a um armazenamento final ou temporário.
Na prática, as carretas agrícolas graneleiras possuem dois usos. O implemento é capaz de transportar grãos comerciais, em especial grãos secos, fazendo a logística entre a colheitadeira-carreta rodoviária ou ainda colheitadeira-carreta estacionária ou colheitadeira-silo.
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Nesse tipo de ação, ela serve como “transbordo”, recebendo a carga da colheitadeira, de preferência em movimento, para que esta não atrase seu trabalho e perca desempenho. Nessa operação de transbordo de grãos secos, as carretas graneleiras, se bem otimizadas, são capazes de incrementar rendimento na casa de 28% nas colheitadeiras, reduzindo consideravelmente o consumo de óleo diesel e a janela de colheita.
Em segundo plano, porém, não menos importante, as carretas graneleiras podem se tornar carretas multiusos. Além de grãos, o implemento também pode transportar os fertilizantes. Nessa situação, a carreta atua no plantio como ferramenta para transporte do adubo entre o meio rodoviário – plantadeira, ou galpão-plantadeira, servindo, além de transporte, como ferramenta abastecedora. No caso das carretas graneleiras de alta capacidade, o incremento de velocidade e desempenho é surpreendente, facilitando a operação de plantio.
Mais eficiência
A Jan foi uma das primeiras empresas a produzir carretas graneleiras no Brasil. Em 1997, a empresa começou a fabricar os modelos estacionários Tanker 10000 e Tanker 20000, sendo que este último ainda segue sendo produzido em Não-Me-Toque (RS). Atualmente, são 15 modelos, mas o número pode alcançar 50, se forem consideradas as variações dos tipos de descarga, conforme o gerente comercial Claudiomiro dos Santos. “Cada um dos modelos tem três variações”, afirma.
O executivo lembra que, em 1997, o comércio de carretas graneleiras era bem regional e ainda não tinha uma movimentação muito grande. A Jan se preocupou em difundir a ideia da agilidade da colheita pelo Brasil todo e a estratégia alcançou resultados positivos. “A Jan se tornou líder de mercado desse tipo de implemento”, diz Santos.
O gerente comercial conta que, nos últimos anos, as carretas agrícolas graneleiras da Jan tiveram aperfeiçoamentos e evoluíram, principalmente, em capacidade de carga e velocidade de descarga. Atualmente, a capacidade de carga dos equipamentos fabricados pela Jan varia de 10 metros cúbicos a 42,5 metros cúbicos (litros).
“Houve uma grande evolução no material de fabricação, pois, no começo, os equipamentos eram produzidos em 100% chapa de aço carbono e atualmente é usado o aço inox”, destaca.
O destaque do portfólio da Jan é a Tanker Magnu 35000, que tem capacidade para 35.000 litros. A carreta possui tubo de descarga de 500 milímetros, que reduz o tempo de descarga e o abastecimento de fertilizante na plantadeira. A capacidade de descarga é de 180 sacas por minuto conforme a empresa. O tubo multiuso construído em PVC e revestido em aço inox possibilita uma maior vida útil do implemento.
“As principais características dessas carretas graneleiras são a velocidade de descarga quando em acompanhamento a colheitadeiras e a ótima capacidade de carga”, salienta Santos.
Além de servir para agilizar a colheita, sendo um apoio fundamental para as colheitadeiras, Santos observa que as carretas agrícolas graneleiras são utilizadas para abastecer plantadeiras com adubo. “Hoje o adubo é comercializado em bags e precisa de um equipamento de grande capacidade de carga para utilizar no transporte do fertilizante até o abastecimento nas plantadeiras”, completa.
Distribuição de adubo e semente
A Agrimec fabrica carretas graneleiras desde 1982. No começo, as carretas eram voltadas unicamente para o arroz irrigado, uma das principais culturas do Rio Grande do Sul, ao lado da soja e do milho, mas, a partir de 2013, a empresa começou a fabricar esses implementos também para atender aos agricultores das lavouras de terras altas.
A Agrimec conta com três modelos. A Gran Box Standard é indicada para acompanhar as colheitadeiras no trabalho de recolhimento de cereais a granel, como arroz, soja, trigo e outros. Ideal para ser usada em terrenos de várzea e em lavouras de terras altas. A Gran Box Flex é indicada para o plantio e para a colheita e pode transportar adubos ou sementes.
Uso adequado de tecnologias agrícolas exige treinamento e conectividade
Já a Gran Box Triflex é uma evolução do modelo Gran Box Flex e traz como diferencial dois canos de abastecimento, o que permite no plantio operar simultaneamente com adubo e sementes, agilizando o trabalho das plantadeiras. Estas carretas possuem divisória na proporção 30% para sementes e 70% para adubo. Já na colheita, elas recebem os grãos acompanhando o trabalho das colheitadeiras.
“Na colheita, é pos
sível remover a divisória, assim como o cano menor utilizado para descarregar as sementes”, explica o diretor comercial da Agrimec, Davi Lamb.
A empresa produz carretas de 10.000 a 25.000 litros, mas está perto de lançar um novo modelo, de 35.000 litros para lavouras de terras altas. “Está na boca do forno”, adianta o gerente comercial. Lamb conta que, ao longo dos anos, a Agrimec foi fazendo melhorias no produto, atendendo solicitações dos clientes e sempre focando em simplicidade, robustez e facilidade de uso. “O lançamento dos modelos Flex e Triflex foi uma demanda dos produtores e, então, nós lançamos as carretas multifuncionais”, lembra.
O executivo recorda que, há alguns anos, as carretas menores – de 10.000 e 12.000 litros – eram as mais usadas nas lavouras de arroz, adequadas à potência dos tratores da época. Só que o tamanho dessas máquinas aumentou, criando a necessidade de carretas maiores. “A carreta de 16.000 litros é uma que vende bem, um implemento médio, que atende bem a cultura do arroz”, completa.
Alta velocidade
A GTS do Brasil iniciou as atividades com foco na produção de plataformas para colheita de milho, mas, a partir de 2005, expandiu as atividades visando atender à demanda dos produtores por implementos diferenciados que permitissem aumentar sua produtividade. Em 2010, a empresa decidiu apostar no mercado de carretas graneleiras.
Os primeiros implementos foram entregues em 2010 por meio de uma parceria com empresa argentina Akron. Em 2013, a companhia apresentou nova linha de produtos com tecnologia 100% GTS. A companhia fabrica equipamentos que podem atender a pequenas ou grandes propriedades, com amplitude de tamanhos e tecnologias.
São seis modelos, com diferentes capacidades de carga – NewGrann (14.000 e 19.000 litros) UpGrain (19.000 e 25.000 litros), Waggon S (37.000 litros) e BigGrain (44.000 litros). “Todos os modelos são próprios para transporte de grãos. As carretas da linha UpGrain possuem também versão para transporte de fertilizantes”, explica o supervisor de marketing da GTS, Leonardo Rafaeli.
Dentro da linha de produtos de carretas graneleiras, o implemento que se destaca é a UpGrain, usada no transporte e transbordo de grãos e fertilizantes.
Além do design arrojado, o implemento tem como características baixo índice de dano mecânico, estabilidade no deslocamento, alta velocidade, qualidade na descarga e estrutura em aço carbono, sobre dimensionada, tanto no tanque graneleiro, quanto no chassi monobloco em arquitetura de treliça, com perfil e pintura especial altamente durável.
“Graças ao seu sistema de deslocamento, que proporciona uma carga uniforme e deslocamento estável, a UpGrain pode trabalhar até 15 quilômetros por hora”, destaca.
Descarga rápida
A Indutar começou a fabricar carretas agrícolas graneleiras em 2015. O implemento, que é usado no transporte de grãos e abastecimento das plantadeiras com fertilizantes, foi projetado para auxiliar, de forma efetiva, a logística envolvida no plantio e na colheita, e também para proporcionar alta performance no trabalho.
O diretor de marketing da empresa, Daniel Spina, diz que a carreta agrícola é oferecida em dois modelos – Appoio e Vision – e 14 versões. As versões da linha Appoio, com tubo lateral, têm modelos a partir dos 10.500 metros cúbicos (litros) até 33.000 litros.
Já a Linha Vision, com tubo frontal, possui exemplares de 13.000 até 34.000 litros. O modelo menor – que pesa 1,5 mil quilos – requer um trator de 100 cv, enquanto o de maior capacidade – de 5.340 quilos – exige uma máquina mais potente, de 180 cv. A vazão de descarga é de 5.625 litros por minuto e 2.100 litros por minuto, respectivamente.
O equipamento foi construído com alto padrão tecnológico, com aço de alta resistência mecânica, conforme o coordenador de marketing. Todos os reservatórios das carretas agrícolas graneleiras são soldados e recebem pintura epóxi com fundo primer de alta resistência contra a oxidação.
O conceito piramidal da carreta Appoio, com descarga por gravidade, evita quebras e perdas. O vão livre de 4,5 m no tubo descarregador é um aliado em caminhões e carretas com tampas altas, segundo a empresa.
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