Clarisse Sousa – A capacidade de armazenamento disponível no Brasil alcançou 210,9 milhões de toneladas no segundo semestre de 2023, representando um aumento de 4,7% em relação ao primeiro semestre do mesmo ano, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de estabelecimentos de armazenagem cresceu 4,8%, com 418 novos locais, totalizando 9.102 estabelecimentos.
O estoque de produtos agrícolas totalizou 44,6 milhões de toneladas, uma alta de 13,2% frente as 39,4 milhões de toneladas de 31 de dezembro 2022.
“Esse aumento nos estoques dos produtos está diretamente ligado às safras recordes que tivemos em 2023. Além disso, também registramos exportações recordes desses produtos, com a soja ultrapassando 100 milhões de toneladas exportadas e o milho chegando a 56 milhões de toneladas exportadas. Mesmo assim, tivemos um estoque recorde desses produtos. Observamos muito milho estocado fora das unidades de armazenagem, nos pátios das unidades, e esse milho não é contabilizado para essa pesquisa. Devido ao volume recorde da produção no ano passado, os produtores armazenaram parte do milho nessas condições”, explica Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
O gerente comenta que houve crescimento nos estoques de café “devido à grande safra do ano passado. Apesar de ser um ano de baixa bienalidade negativa, em que esperávamos uma safra menor, as condições climáticas do segundo semestre beneficiaram a colheita de café”.
“Registramos uma diminuição nos volumes estocados de arroz, com apenas 1,5 milhão de toneladas, o segundo volume mais baixo na história da pesquisa. O trigo também apresentou queda, com 6,4 milhões de toneladas, devido a problemas climáticos no final de 2023. O excesso de chuva na região sul prejudicou a colheita de trigo, resultando em uma redução drástica na safra do ano passado. Isso tudo influenciou o volume estocado desses produtos em 31 de dezembro de 2023”, salienta Guedes.
O levantamento o IBGE aponta que, no segundo semestre de 2023, todas as regiões do Brasil apresentaram aumento no número de estabelecimentos de armazenagem: Norte (3,1%), Nordeste (2,3%), Sudeste (1,4%), Sul (5,1%) e Centro-Oeste (6,7%).
O Rio Grande do Sul lidera com 2.387 estabelecimentos, seguido por Mato Grosso, que tem 1.621 estabelecimentos e a maior capacidade de armazenagem do país, com 55,5 milhões de toneladas, e Paraná com 1.369 estabelecimentos. Juntos, esses três estados representam 60% da capacidade total de armazenamento do Brasil.
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Segundo o IBGE, os cinco principais produtos agrícolas armazenados em 31 de dezembro de 2023 apresentaram os seguintes volumes: os estoques de milho lideraram com 21 milhões de toneladas, um aumento de 15,8% em relação a 31 de dezembro de 2022, representando 47,1% dos produtos levantados pela Pesquisa. Em seguida, os estoques de soja atingiram 11,3 milhões de toneladas, crescendo 39,6% e correspondendo a 25,4% do estoque total.
Capacidade dos silos
Em termos de capacidade útil armazenável, os silos predominam no País, tendo alcançado 110 milhões de toneladas no segundo semestre de 2023, o que representou 52,2% da capacidade útil total. Os silos predominam na Região Sul, sendo responsáveis por 64,6% da capacidade armazenadora regional e 46,2% da capacidade total de silos do país. Em relação ao primeiro semestre de 2023, os silos apresentaram um acréscimo de 4,6% na capacidade.
Em sequência, os armazéns graneleiros e granelizados, que atingiram 77,8 milhões de toneladas de capacidade útil armazenável, 6,3% superior à capacidade do período anterior, e aparecem com maior intensidade no Centro-Oeste, com 51,6% da capacidade da Região e 58,4% da capacidade total. Este tipo de armazenagem é responsável por 36,9% da armazenagem nacional.
Em relação aos armazéns convencionais, estruturais e infláveis, somaram 23,1 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 0,2% em relação ao primeiro semestre de 2023. Esses armazéns são predominantes na Região Sul (33,8%), seguido pela Região Sudeste (31,7%), e contribuem com 10,9% da capacidade total de armazenagem.