O encharcamento do solo, além de dificultar a entrada das máquinas na lavoura, também aumenta o risco de doenças na lavoura
A frequência de chuvas tem atrapalhado a semeadura do trigo no Sul do Brasil, diz a Embrapa. O encharcamento do solo, além de dificultar a entrada das máquinas na lavoura, também aumenta o risco de incidência do mosaico comum do trigo. A previsão de La Niña nos próximos meses pode favorecer o desenvolvimento dos cereais de inverno, mas acende o alerta para o risco de geadas tardias.
A janela de semeadura de trigo na Região Sul vai de maio a julho, considerando diferenças regionais de clima, solo e ciclo das cultivares. As datas são definidas pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) com o objetivo de reduzir os riscos de perdas nas lavouras ocasionadas pelo clima.
Em geral, os produtores têm pressa na implantação das lavouras de inverno visando a semeadura da soja na sequência. Contudo, a semeadura do trigo em áreas encharcadas pode trazer problemas com mosaico comum do trigo, uma doença que depende de água livre no solo para que o vetor (um microrganismo) possa alcançar o sistema radicular das plantas e transmitir o vírus.
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Na maioria dos casos, o mosaico ocorre em áreas com histórico da doença, já que tanto o vetor quanto o vírus podem permanecer no solo por longo tempo. A incidência e a severidade da doença costumam ser maiores em glebas mal drenadas e com aguadouros, solos compactados e em monoculturas de trigo. Porém, em solo úmido e com previsão de chuvas após a semeadura, aumentam os riscos de grandes áreas de lavoura serem afetadas.
De acordo com o pesquisador Douglas Lau, da Embrapa Trigo, os danos por mosaico estão associados a precipitações próximas ou superiores a 200 mm no mês de semeadura.
“A fase mais crítica é nos dias subsequentes à semeadura, quando a infecção precoce tem potencial de causar maiores danos nas plantas, afetando o desenvolvimento dos tecidos em formação”, explica Lau. Os danos podem chegar a 50% de redução no rendimento de grãos em cultivares suscetíveis, comprometendo a formação das espigas em culturas como trigo e triticale. A recomendação mais segura ao produtor é o investimento em cultivares resistentes ao mosaico.
Riscos com geadas tardias
O atraso na semeadura do trigo pode reduzir os riscos de perdas por geadas tardias, uma vez que os danos maiores com geada acontecem no espigamento e na floração do trigo, quando, além de falhas na granação pode ocorrer a morte total da espiga.
A incidência de geada tardia pode causar danos no final de julho no trigo do norte do PR, no mês de agosto nas lavouras da região Noroeste do RS, ou a partir de meados de setembro no Planalto do RS. Conforme o pesquisador Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, as estratégias para escapar do risco de geadas são o escalonamento do plantio, o uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação e seguir o zoneamento agrícola que orienta a melhor época de implantação das lavouras nas diferentes regiões do sul do País.
O prognóstico do CPTEC/INMET/FUNCEME para os meses de inverno de 2024 para a Região Sul, indica condições favoráveis para chuva acima da média na parte central e leste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sudeste do Paraná.
Nas demais áreas, a previsão é de chuva próxima e abaixo da média, principalmente no norte do Paraná. Temperaturas acima da média são previstas para a maior parte do inverno, principalmente no Paraná. No centro-sul do Rio Grande do Sul, são previstas temperaturas próximas da média. A chegada de massas de ar de origem polar poderá provocar declínio nas temperaturas em alguns dias, possibilitando a ocorrência de geadas em algumas localidades, especialmente nas áreas de maior altitude.
Fonte: Datagro
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