Cultivo de centeio no Brasil ganha zoneamento agrícola de risco climático

O Zarc centeio identifica os ambientes favoráveis, usando análises de risco climático, para a produção desse cereal no Brasil

Cultivo de centeio no Brasil ganha zoneamento agrícola de risco climático

Cultivo de centeio no Brasil ganha zoneamento agrícola de risco climático // Foto: J.L.F. PIRES

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou nesta terça-feira (14) o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do centeio, com a indicação dos períodos de semeadura e os municípios aptos para o cultivo do cereal em nove estados da federação e no Distrito Federal. Os estudos foram coordenados pela Embrapa Trigo (Passo Fundo/RS) no âmbito da Rede de Pesquisa e Desenvolvimento do Zarc, com apoio do Ministério e do Banco Central.

O zoneamento era uma demanda do setor produtivo e deve ajudar a impulsionar a produção no País. Os estudos levaram em consideração os riscos de geada no espigamento, o déficit hídrico no estabelecimento e na fase de enchimento de grãos e o excesso de chuva na colheita.

Por meio da análise de riscos climáticos, foram identificados os ambientes favoráveis para a produção de centeio, considerando as classes de solo, a disponibilidade de água, o regime climático e o ciclo das cultivares. Os estados contemplados são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Bahia, além do Distrito Federal.

O centeio faz parte do grupo dos principais cereais cultivados no mundo. É uma espécie de estação fria, que se presta tanto para alimentação humana (grãos) quanto animal (forragem verde, feno, silagem e grãos).

O cereal também é utilizado como planta de serviço, seja em cultivo isolado, como cobertura verde/morta do solo, ou como componente de mixes de espécies de plantas de cobertura que são usados, exclusivamente, para a melhoria das características físicas, químicas e biológicas dos solos.

“Não obstante essas características positivas e de ser o segundo cereal mais importante para a indústria de panificação, com destaque para a produção de alimentos integrais e dietéticos, o cultivo de centeio, em escala mundial e no Brasil, vem diminuindo a cada ano que passa”, explica o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, que coordenou a equipe responsável pela elaboração do zoneamento do Centeio no Brasil.

As causas dessa redução, segundo ele, vão desde as mudanças de hábitos alimentares, com o consumidor dando preferência a pães de trigo, à menor produtividade desse cultivo, quando comparada com os demais cereais.

“Deve ser mencionado, ainda, que o centeio não passou por um processo de melhoramento genético tão intenso quanto os outros cereais e nem tem sido, exaustivamente, estudado em termos de práticas de manejo cultural”, completa.

O centeio no Brasil, informa Cunha, foi introduzido pelos imigrantes alemães e poloneses no século XIX. Atualmente, as estatísticas oficiais do IBGE indicam o cultivo de centeio apenas no Rio Grande do Sul e no Paraná, embora, informalmente, lavouras de centeio sejam conhecidas em Mato Grosso do Sul e em outras unidades da federação.

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“A área registrada pelo Mapa para produção de sementes de centeio contabilizou, em 2024, 6.297 hectares. Essa área pode produzir sementes suficientes para semear ao redor de 125 mil hectares”, frisa Cunha. Na atualidade, o centeio tem sido, majoritariamente, utilizado como planta forrageira para pastejo de animais e como planta de cobertura de solo, seja como espécie isolada ou em mixes de espécies.

No Brasil, o interesse pelo centeio tem aumentado, especialmente, em função da sua rusticidade, que faz com que esse cereal se adapte bem em solos pobres quimicamente, com acidez mais elevada, e em ambientes mais secos. Além do potencial da sua farinha na produção de alimentos saudáveis, também tem importante papel como ‘planta de serviço’, seja em mixes de espécies ou isoladamente, na construção perfis férteis dos solos.

 

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