Clarisse Sousa – O setor de máquinas agrícolas inicia 2025 com expectativas mais positivas. Após um 2024 desafiador, marcado por uma queda de quase 20% no faturamento, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) projeta uma recuperação, com crescimento de 8% nas vendas. Segundo Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, os primeiros sinais de melhora já devem aparecer no primeiro trimestre do ano.
“Para 2025, as condições macroeconômicas seguem praticamente inalteradas. Os preços das commodities devem se manter baixos e os juros continuam altos. Com esse cenário, os produtores tendem a evitar investimentos, pois o custo financeiro não compensa”, avaliou Bastos. No entanto, a boa notícia é que o clima tende a ser mais favorável.
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Com isso, a expectativa é de um primeiro trimestre melhor do que o do ano passado. Bastos destacou que, embora já se observe excesso de chuvas no Mato Grosso e seca no Rio Grande do Sul, as condições não devem ser “nem de perto comparáveis ao ano passado, quando os produtores evitaram compras para não arcar com prejuízos”.
“Em Mato Grosso, por exemplo, a colheita já começou e há maior confiança no mercado. Não devemos ter grandes quebras de safra, exceto no Rio Grande do Sul, onde a seca pode causar algum impacto”, afirmou Bastos. Segundo ele, “o grande desafio continua sendo as taxas de juros”.
Números de 2024
Nesta quarta-feira (29), a Abimaq divulgou os resultados de 2024. Em dezembro, as vendas de máquinas agrícolas registraram uma queda de 7,8% em relação a novembro, totalizando R$ 4,4 bilhões. No entanto, quando comparado a dezembro de 2023, houve um crescimento de 9,5%.
Mantendo a tendência de queda dos meses anteriores, o setor acumulou uma retração de 19,9% até dezembro, repetindo o desempenho do mesmo período de 2023. Para Bastos, o resultado foi melhor do que o esperado.
“Para 2024, estimávamos uma queda de 21% a 23%. Ainda assim, foi um ano difícil, impactado por fatores como a queda nos preços das commodities — especialmente soja e milho —, juros elevados e a ausência de expansão de área, algo que ocorreu entre 2020 e 2022. Quando há aumento de área cultivada, o mercado se expande, o que não aconteceu no ano passado”, explicou.
Exportações e importações
As exportações de máquinas agrícolas registraram queda de 9,4% em dezembro em relação a novembro e recuo de 6,5% na comparação anual, totalizando US$ 1,45 bilhão. No acumulado de 2024, as vendas externas encerraram o ano com uma retração de 18%.
Já as importações de máquinas recuaram 3,6% em dezembro em relação a novembro e encerraram 2024 com uma queda acumulada de 16,5%.
Tratores e colheitadeiras
As vendas de tratores e colheitadeiras caíram 17,1% em 2024 em relação a 2023, totalizando 53.534 unidades, ante 64.553 comercializadas no ano anterior.
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