Clarisse Sousa – A suspensão das contratações de linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025, anunciada em portaria do Tesouro Nacional nesta quinta-feira (20), gerou forte reação de entidades do setor agropecuário. Apenas as operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) seguem mantidas, segundo o documento.
Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) atribui a suspensão ao aumento da Selic e à desvalorização da moeda, que, segundo a entidade, são consequências da “falta de responsabilidade fiscal do governo”. A FPA ressalta que o plano foi aprovado no orçamento de 2023 e anunciado como “o maior Plano Safra da história”, mas que “os recursos já se esgotaram no momento crítico da safra”.
A FPA critica a gestão econômica do governo, afirmando que “no mesmo dia em que o crédito rural é suspenso, a Presidência da República afirma não haver necessidade de cortar gastos”. Além disso, rejeita a tentativa de responsabilizar o Congresso, destacando que “culpar o Congresso Nacional pela própria incapacidade de gestão dos gastos públicos não resolverá o problema”.
Governo suspende linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025
Segundo a nota, a falta de controle orçamentário compromete o planejamento da agropecuária, afetando os custos de produção de itens essenciais, como proteínas e ovos, já que “as rações utilizadas são produzidas a partir de grãos, culturas impactadas pela falta de recurso”.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em nota assinada por Vilmondes Tomain, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), manifesta preocupação com a decisão e afirma que a medida “compromete diretamente a continuidade da produção agropecuária, a segurança alimentar e a estabilidade econômica do setor”.
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A entidade alerta que a suspensão afeta a previsibilidade e o planejamento dos produtores, especialmente em um momento em que “muitos ainda colhem a safra atual e iniciam o plantio da próxima”. Além disso, destaca que o setor já enfrenta dificuldades como a “oscilação cambial, aumento nos custos de produção e uma taxa de juros elevada”, e a retirada do suporte governamental agrava esse cenário.
A Organização das Associações de Produtores de Cana de Açúcar do Brasil (Orplana) afirma que, embora entenda que a medida se baseia no aumento dos custos de equalização das taxas de juros, “ela prejudica diretamente o setor agrícola, que necessita de investimentos urgentes em manutenção, renovação e melhoria na infraestrutura para os pequenos, médios e grandes produtores” – e solicitou ao Ministério da Fazenda que reconsidere a decisão do Tesouro Nacional.
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