Máquinas e Inovações Agrícolas

A economia de energia na automação da alimentação pecuária

Um acrônimo com o qual logo os pecuaristas deverão se familiarizar: AFS (Automatic Feeding System), e compreende uma série de soluções de automação, que crescem continuamente, aptas a preparar e distribuir rações unifeed com uma intervenção limitada (ou até nenhuma) do operador. Além disso, baseando-se em tecnologias já existentes, trata-se de retirar e dosar ingredientes específicos (ensilados, fenos, concentrados, aditivos), misturá-los e distribuir o produto de maneira automática. Bem desenvolvido no norte da Europa, além de Canadá e Japão, o AFS está se difundindo pelo mundo de maneira significativa: no momento são cerca de 15-20 os fabricantes do setor, com produtos diferenciados essencialmente pelo princípio de funcionamento, que equiparam cerca de 500 estábulos. Na Europa, especialmente os países que se aproximam do Mediterrâneo, estão apenas de olho nessa tecnologia. Mas é apenas uma questão de tempo para esses e outros mercados começarem a se beneficiar das enormes vantagens oferecidas pelo AFS.

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São substancialmente dois os seus fatores técnicos de sucesso:

• A possibilidade de “aumentar a frequência de preparação/distribuição da ração”, uma modalidade que favorece o suprimento de alimento dos animais, especialmente do gado de leite, que é naturalmente predisposto a fazer inúmeras pequenas refeições diárias. Recentes pesquisas registraram uma frequência de 7-9 acessos à manjedoura por dia, numa duração de 36 a 38 minutos para cada 2 a 3,5 kg de produto ingerido. Além disso, verifica-se uma redução da competição alimentar entre os animais e da quantidade de sobra deixada na manjedoura. Se a ração for dividida em porções semelhantes e igualmente distanciadas no tempo, é possível reduzir a seleção dos ingredientes, com uma taxa melhor de ingestão na quantidade e, principalmente, na qualidade.

• A eficiência da ordenha robotizada é significativamente aumentada se o AFS também estiver ativo, já que uma vez mais alta a frequência de distribuição da ração os acessos das vacas para a ordenha são favorecidos, reduzindo o aglomeração que geralmente se constata quando são adotadas modalidades convencionais de racionamento. Obviamente, não se deve esquecer outro valor agregado fundamental do AFS: a drástica diminuição da mão de obra necessária para a realização das rotinas relacionadas à alimentação do rebanho; diferentemente, em paridade de mão de obra empregada, é evidente que os funcionários poderão se dedicar a outras tarefas, como controle, monitoramento e vigilância dos animais e do seu estado de saúde.

Soluções de diferentes níveis de automação. Os AFS podem servir as cabeças individualmente ou por grupos; além disso, podem ser imóveis ou móveis e realizar ou não a fase de mistura a bordo. Por exemplo, o Atlantis da Lely, pensado para trabalhar em sinergia com o robô de ordenha, é um “unifeed individual”, que prepara rações calibradas de cerca de 1 kg cada uma, para cada vaca em relação à sua produção de leite, evitando seleções indevidas dos ingredientes mais apetitosos e a criação de sobras. Ao contrário, a “unifeed a grupos” é a solução mais adotada atualmente: são preparadas rações balanceadas (mesmo pequenas) em combinação com autoalimentadores colocados no estábulo, na sala ou box de ordenha. Os módulos podem ser imóveis ou móveis: a partir de misturadores ou trituradores-misturadores fixos (geralmente acionados por motores elétricos), os primeiros vêm com esteiras transportadoras metálicas ou de borracha para a movimentação e distribuição do produto confeccionado, enquanto os vagões móveis se movem geralmente suspensos em trilhos, mesmo no caso de fabricantes que, pegando emprestado de experiências já operativas em termos de limpeza do estábulo, preferem que o vagão transite no chão, guiado mediante giroscópios e transponders colocados abaixo do pavimento. Ainda que hoje raramente adotada, essa última solução pode ser vantajosa, dado que não requer intervenções de construção e equipamentos caros e, por isso, pode se adaptar melhor em estábulos já ativos.

Em um nível superior estão aquelas soluções que preveem a “mistura contextual para a distribuição no recipiente específico”. Nesse sentido, existe um grupo de silos para uma estocagem de curta duração (1-3 dias) de cada ingrediente, como forragens e ração, que são “enchidos de novo” periodicamente e dos quais é retirada a quantidade desejada de produto para compor o mix.

Os componentes básicos são tradicionais: a descarga dos silos é feita mediante esteiras a correias e dispositivos de corte, enquanto os vagões são geralmente munidos de cócleas de mistura copiadas dos carros misturadores comuns.

No mercado global. Além dos dois líderes do setor, De Laval com o OptiMat e Lely com o Astronaut, um discreto número de outros fabricantes atualmente oferecem soluções de AFS; alguns deles contam com diversas tipologias, com níveis crescentes de automação.

A canadense Valmetal, de Quebec, produz o DAF (Distributeur Automatique de Forrage), um carro misturador suspenso em trilhos e de capacidade variável entre 1,5 e 2,7 m³, conforme o modelo. Seu painel de controle é capaz de gerenciar até 25 receitas diferentes para 20 grupos de animais. A mistura dos ingredientes introduzidos é feita graças a quatro rotores dentados, acionados mecanicamente com transmissão a correia.

A alemã GEA-Farm Technologies de Bönen propõe o Mix Feeder, um misturador, também ele suspenso em trilhos e acionado por um motor de 9,2 kW carregado mediante baterias de 12 V. Seu funcionamento é particularmente silencioso, portanto, em pleno respeito ao conforto do animal. Disponível em quatro modelos, todos capazes de gerenciar até 30 rações/dia para grupos de até 15 animais cada um, é capaz de completar a fase de mistura em 4-6 minutos e de se mover para a distribuição a uma velocidade de 0,27 m/s (aproximadamente 1 km/h).

Também a dinamarquesa One2feed de Silkeborg conta com seu One2feedMix de pequenos vagões suspensos, mas, diversamente de outras realizações análogas, a mistura é feita por duas cócleas verticais acionadas por motores elétricos pilotados em frequência e abastecidos a 380 V em corrente alternada trifásica. A máquina, totalmente construída em aço inox, inclui um caixote com 3,5 m³ de capacidade. O fabricante exalta a versatilidade do equipamento, prevendo amplos intervalos de variação da velocidade de rotação das cócleas e de avanço sobre trilhos, a possibilidade de mudar a capacidade do caixote e a opção de distribuição da ração mediante uma ou duas escotilhas laterais, ou por meio de uma esteira transportadora. Interessante, enfim, é que vem equipado com um raspador (previsto também por outros inúmeros fabricantes) para aproximar a sobra da mistura à manjedoura.

A finlandesa Pellon de Ylihärmä tem em seu catálogo várias soluções de diferentes níveis de automação da preparação e distribuição da ração. O TMR Feeder Robot é o misturador suspenso em trilhos; a movimentação da ração no caixote (com interior arredondado) é feita por uma esteira equipada com barras dentadas que corre ao longo da borda do recipiente e uma cóclea colocada no centro do volume de mistura. Graças à ausência de bordas e ao fácil escorrimento do material, para o acionamento é suficiente um motor elétrico de 2,2 kW, alimentado mediante uma linha específica instalada paralelamente ao trilho. Interessante é a possibilidade de conexão WLAN do painel de programação, que confere variações da rotina operacional em tempo real, sem ter que interromper o fluxo normal de trabalho. Em alternativa ao robô, a Pellon oferece o alimentador de esteira transportadora em cima dos box das vacas: na prática, a partir de um misturador imóvel, o alimento é carregado na esteira (acionada por um motor elétrico de 3 kW), que o encaminha para um dispositivo de desvio de molde variado que, avançando no sentido oposto à esteira, faz o material cair no cocho de alimentação do grupo de animais ao qual está destinado. O fluxo da mistura é constantemente monitorado por um sensor específico.

A holandesa Trioliet de Oldenzaal fabrica há anos carros misturadores tradicionais e, recentemente, também desenvolveu dois equipamentos para a alimentação automatizada. O mais completo é o Triomatic T40, baseado na clássica combinação da “cozinha” de preparação que inclui a estocagem dos ingredientes básicos, ao vagão suspenso em trilho para a mistura que, neste caso, conta com um par de cócleas verticais. Trata-se de uma solução indicada para alimentar de 100 a 400 cabeças e que requer um uso de potência realmente contido: somente 12 kW para o misturador e 17 kW para os dispositivos de retirada de cada componente da ração. Assim como várias outras máquinas equivalentes, também a Trioliet T40 para automaticamente se no seu movimento encontra um obstáculo, para depois retomar assim que esse é removido.

Vagão suspenso sobre trilhos com dispositivo de mistura vertical de quatro lâminas cortantes e capacidade de 3 m³ também para o MixMeister 3000 da austríaca Wasserbauer, acionado por motores abastecidos a 380 V em corrente alternada trifásica. Pode combinar até seis ingredientes básicos diferentes e outros tantos tipos de aditivos e sais minerais. Para uma estabilidade melhor na movimentação, além de fixada ao trilho, a máquina se apoia no solo mediante duas rodas adicionais.

Difere-se de muitos outros fabricantes o holandês Schuitemaker de Rijssen, que produz o Innovado, um robô de alimentação que não se move como os outros sobre trilhos, mas se baseia em um carro com caixote de cóclea vertical e tração hidrostática, munido de motor a diesel de 65 CV. O percurso (no qual a máquina avança a 6 km/h no máximo) é definido mediante transponders encaixados no pavimento e por um giroscópio, junto com dois lasers anticolisão (dianteiro e traseiro). O Innovado, que recebeu a medalha de ouro no concurso inovação Eurotier de 2008, executa automaticamente toda a rotina, da retirada dos componentes básicos estocados em silos normais a trincheira, feita mediante uma máquina de corte vertical e horizontal, à adição dos ingredientes de alto valor nutritivo, e obviamente à mistura e à distribuição da ração no cocho. A principal vantagem dos AFS baseados em veículos é aquela de não necessitar de trabalhos de alvenaria para construir nenhum componente de instalação adicional, e de poder se mover em espaços geralmente mais restritos em relação àqueles necessários para os tipos que adotam sistema de trilhos.

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