Agro brasileiro tem o maior potencial para atender demanda por terras até 2030

Tema foi debatido no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio realizado nesta segunda-feira, dia 5 e agosto, em São Paulo

O agronegócio brasileiro tem o maior potencial para atender demanda por terras até 2030, por meio de tecnologias para recuperação de áreas degradadas. De acordo com estimativas da Mckinsey & Company, divulgadas no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, o mundo precisará de cerca de 70 a 80 milhões de hectares daqui a seis anos, dependendo dos efeitos advindos das mudanças climáticas, que podem aumentar a demanda por área para mais de 100 milhões de hectares. O evento é uma realização da Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG, em parceria com a B3 – a bolsa do Brasil, e acontece nesta segunda-feira, dia 5 e agosto, em São Paulo (SP).

“Esse montante equivale quase a que o Brasil tem hoje de terra plantada. Historicamente, isso já foi feito no passado, por meio da supressão vegetal. Hoje, a realidade é outra: precisamos reflorestar e para suprir essa necessidade, existem outras alavancas”, disse Nelson Ferreira, sócio-sênior e líder global de Agricultura da Mckinsey & Company.

Uma pesquisa da consultoria com produtores agrícolas de todo o mundo revelou que o agro brasileiro está na vanguarda na adoção de produtos de biocontrole e bioestimulantes, e de práticas de agricultura regenerativa, e que tem potencial de crescer na agricultura de precisão, automação e sensoriamento remoto.

Outro ponto tratado por Ferreira foi o potencial brasileiro com as soluções de biomassa para 2030, com cerca de US$ 25 bilhões, e em 2040, com US$ 61 bilhões. A seu ver, é necessário discutir qual o papel do Brasil nessas tecnologias, pois o agronegócio pode agregar valor, além da questão dos alimentos, por meio de novos produtos, como no caso da biorrefinaria, sempre de forma integrada e sustentável.

Solenidade de abertura

A solenidade de abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio 2024 foi aberta com uma homenagem ao Rio Grande do Sul. O presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, reforçou a importância do estado para o país e para o agronegócio nacional. Na sequência, mencionou a importância do evento para discutir os principais temas do setor em um cenário geopolítico fragmentado.

“Vamos tratar da efetiva capacidade do agro em competir com um mundo cada vez mais protecionista, a fim de posicionar nosso país diante das oportunidades e como podemos aproveitá-las. É fundamental atuar, cada vez mais, de forma integrada em ações público-privadas, questionando medidas unilaterais e para corrigir conceitos errôneos sobre o mundo tropical”.

Ele abordou ainda a ação pioneira realizada pela ABAG, por meio da participação do embaixador Roberto Azevêdo, consultor da entidade em uma reunião com os produtores americanos para um alinhamento, que pode caminhar para um modelo positivo de atuação das Américas, para recuperar a governança global no multilateralismo. Pontou também a importância das ações coordenadas com o mercado de capitais, a vanguarda da ciência, da tecnologia e das práticas sustentáveis do agro brasileiro e o combate as ilegalidades que ferem o setor e o país.

“A demanda por bioprodutos e biodevirados está em todos os setores. Assim, precisamos de um diálogo aberto, pois os produtores agroindustriais podem contribuir com a agenda climática, a COP 30, mercado de carbono e a correção dos equívocos da mensagem, pois a resposta está na produtividade e inovação, com regulação efetiva. O agro é formador de alianças para um mundo novo”, disse Carvalho.

“O agro de São Paulo é tecnificado, diversificado e cada vez mais sustentável, com 300 produtos diferentes. Por isso, precisamos render nossas homenagens ao agronegócio”, disse o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que comentou sobre o que tem sido feito pelo estado para superar desafios da insegurança jurídica, da logística e do financiamento, como a regularização fundiária, investimento em ramais ferroviários e aumento no aporte de recursos em seguro rural, e para combater as mudanças climáticas.

Também trazendo questões ligadas à insegurança jurídica e dificuldades logísticas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, destacou a necessidade de proteção à propriedade e segurança jurídica para impedir invasões de terra. “Da porteira para dentro tem ganhos de produtividade, mas há dificuldades para escoar a produção. A privatização permite investimentos robusto em infraestrutura”, afirmou. Ele salientou ainda que é preciso avançar cada vez mais em relação a recuperação de áreas degradadas, agricultura de baixo carbono e preservação de biomas.

Gilson Finkelsztain, CEO da B3, enfatizou que o acesso ao crédito é essencial para o agro e que o Plano Safra não é suficiente para suprir as necessidades do setor, por isso a B3 tem orgulho de viabilizar o crédito, através de registros de diversas frentes. 

Para Carlos Augustin, assessor Especial do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil se tornou maior exportador de algodão do mundo, porque resolveu certificar o produto, alcançando 80% da produção certificada. Também ressaltou que o país tem a oportunidade de recuperar áreas degradadas. São 160 milhões de hectares que podem ser desenvolvidas com sustentabilidade e com certificação para ter competitividade nos mercados globais.

O deputado federal Arnaldo Jardim fez um resumo sobre as pautas legislativas, como o início das reuniões sobre o Marco Temporal, a isenção da cesta básica na Reforma Tributária e o “Mover”, que retrata o compromisso com o carro híbrido flex. Ele destacou ainda o papel dos biocombustíveis para a competitividade nacional, o uso do etanol como uma alternativa de combustível sustentável tanto na aviação, como no marítimo, e o agro como pioneiro quando se trata de bioeconomia.

 

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