Máquinas e Inovações Agrícolas

Análise da CNA de abril apresenta indicadores e projeções econômicas

Boletim do mês de abril traz uma análise da CNA sobre a safra cafeeira brasileira e o andamento da colheita, além de indicadores e projeções econômicas

O boletim Análise CNA, uma publicação mensal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, traz informações e dados do setor com o intuito de atualizar os produtores rurais com um panorama de suas atividades. A publicação é elaborada pelo Núcleo de Inteligência da de Mercado da entidade.

Esta edição, referente ao mês de abril, traz uma análise sobre a safra cafeeira brasileira e o andamento da colheita, além de indicadores e projeções econômicas, o comportamento de culturas como soja, milho, trigo e cana-de-açúcar. Para a pecuária, o boletim traz uma avaliação do mercado do leite e, ainda, o desempenho da balança comercial.

Soja e milho

De acordo com o boletim com a análise da CNA, a safra de soja 2022/23, que está terminando, superou as expectativas. Apesar da temporada chuvosa no Centro-Norte do País, intensificada pelo La Niña, a ocorrência de ferrugem asiática foi cerca de 50% menor que o registrado na safra 2021/22.

Ainda há áreas de soja para serem colhidas na região Sul e o clima tem colaborado com o ritmo das atividades. Em relação ao plantio do milho safrinha, o produtor recuperou o atraso e as lavouras apresentam bom desenvolvimento. A boa evolução da safra de grãos no Brasil e o bom início da safra 2023/24 nos EUA têm contribuídos para a queda de preços. Em abril os preços da soja recuaram 10,4% em relação à março. Para o milho a retração foi de 11,8%.

Trigo

Com relação ao trigo, o boletim destaca que, abrindo a safra de inverno, o plantio do cereal começou no Sul, região que concentra mais de 90% da produção brasileira. Até o momento, prevê-se manutenção da área plantada no Brasil em relação à safra de 2022. No entanto, existe indícios de aumento devido ao atraso da colheita de soja e diminuição da janela de plantio do milho.

Faltando ainda meses para entrada da oferta, os preços vêm apresentando desvalorizações. As baixas cotações atuais foram uma das pautas na última Câmara Setorial da Culturas de Inverno, uma vez que comprometem a margem dos produtores. Outro tema discutido foram as novas oportunidades de plantio. Para a CNA, a nova tecnologia de trigo transgênico (HB4) servirá de insumo para expandir a produção de trigo, caso sejam comprovadas a produtividade e a competitividade em relação às variedades existentes.

Café e cana

O panorama do café aponta que alguns cafeicultores já iniciaram a colheita da nova safra e as atividades devem ganhar mais força durante o mês de maio. Para o arábica, as condições climáticas este ano estão melhores na comparação com as temporadas 2021 e 2022, no entanto, o volume das chuvas começa a preocupar. O cafeicultor vive um cenário oposto aos anos anteriores.

As médias de precipitação estão acima do histórico nas principais regiões produtoras e podem comprometer o andamento da colheita e pós-colheita, além de prejudicar a qualidade dos grãos. Somado às preocupações, chuvas de granizo foram registradas em MG no final de abril, fenômeno que pode estar associado à intensificação do El Niño.

A CNA participou da última reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Álcool. Entre os assuntos abordados estão os resultados do último ciclo e as expectativas para a nova safra 23/24, que se inicia no Centro-Sul do Brasil. A produção 23/24 deverá crescer frente à redução gradativa da atuação do La Niña e as melhores condições climáticas para os canaviais brasileiros. Outro fator é a incorporação de áreas novas que não eram utilizadas para o setor sucroenergético, o que influencia na maior produtividade, uma vez que os primeiros cortes possuem um maior rendimento.

Pecuária

O mercado mais abastecido, importações chinesas menos expressivas e incertezas na economia global derrubaram as cotações internacionais de lácteos. O leilão GDT realizado em 4 de abril trouxe queda nos derivados, com o índice geral de preços caindo 4,7% frente ao leilão de 21 de março.

Para a CNA, a menor oferta de leite no campo e cotações internacionais em queda intensificaram o déficit na balança comercial brasileira de lácteos no primeiro trimestre do ano, que atingiu 490 milhões de litros, sendo o leite em pó responsável por 68% das importações.

O clima e o retorno do El Niño

As chuvas nas principais regiões produtoras de milho de segunda safra favorecem áreas em desenvolvimento e auxiliam na manutenção das condições das lavouras, que estão boas nos principais estados produtores. As preocupações se voltam agora às temperaturas. Previsões de frio começam a aparecer nos radares dos produtores rurais, e embora tenha ocorrido geadas em safras passadas, para a temporada atual é pouco provável que o evento ocorra.

O último El Niño registrado foi considerado fraco, mas o anterior a ele, entre 2014 e 2016, teve alta intensidade. De modo geral, durante o El Niño, o Brasil apresenta temperaturas mais quentes em todo seu território. Além disso, o padrão climático se reflete nas chuvas, levando mais precipitação ao Sul e parte do Sudeste do país enquanto no Norte e Nordeste elas diminuem.

Segundo a análise da CNA, diversas projeções apontam que o fenômeno deve retornar, com previsão de início ainda em maio, se alongando até o final de 2023. Primeiramente, as culturas que podem ser mais afetadas são aquelas com colheita a partir de maio.

Cenário internacional

A Balança Comercial brasileira segue batendo recordes. Em março, o saldo de US$ 10,96 bilhões foi o maior para um mês de março desde o início da série histórica. Os destaques ficam com as exportações de commodities, principalmente soja e petróleo, com o maior destino sendo a China.

Em abril, a Balança Comercial também registrou um ótimo desempenho, fechando o mês com um saldo positivo de US$ 8,23 bilhões. Com isso, o saldo acumulado da Balança Comercial brasileira em 2023 é de US$ 24,1 bilhões, registrando mais um recorde, e 17,9% acima do acumulado dos primeiros quatro meses de 2022. A soja segue liderando como o principal produto exportado, e o agronegócio segue sendo responsável por cerca de metade das exportações brasileiras.

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