A produção de banana é distribuída por todo o território nacional, somando quase 7 milhões de toneladas em 2018. A principal região produtora é o Nordeste, com 38% da safra nacional, seguida pelo Sudeste, com 28%. Os dados são do relatório Cenário Hortifruti Brasil, lançado recentemente pelo programa Hortifruti Saber & Saúde, CNA e ABRAFRUTAS. No entanto, apesar da grande produção, cientistas acreditam que o alimento pode estar próximo de sua extinção e essa não é a primeira vez.
O motivo tem a ver com a forma de plantação da fruta, que é realizada por meio de clones de uma única planta mãe, que gera bananas geneticamente iguais e, portanto, suscetíveis às mesmas doenças. Uma, em especial, preocupa os produtores do alimento: a causada pelo o fungo fusarium oxysporum, que está presente no solo e age impedindo que o vegetal retire água e nutrientes da terra, levando-o à morte.
Na década de 1890, no Panamá, a doença causada pelo fungo foi identificada pela primeira vez e por isso ficou conhecida como “Mal do Panamá”. Em 1950, os produtores de bananas da variedade Gros Michel perderam a guerra contra o fungo, que não foi eliminado por nenhum fungicida ou defensivo químico, permanecendo no solo. Naquela época, ele já tinha se alastrado por todo o planeta e já não existia área viável para as plantações da fruta.
A variedade Cavendish (aqui chamada de banana nanica ou d’água), por sua vez, era cultivada na propriedade de um palácio na Inglaterra e, por ser geneticamente diferente da banana Gros Michel, foi capaz de resistir ao “Mal do Panamá”. Hoje, apesar de existirem algumas variedades diferentes, como a “maçã” e a “prata” (plantadas no Brasil e suscetíveis ao Mal do Panamá), a Cavendish é a mais produzida e comercializada pelo mundo.
No entanto, ela corre perigo, pois o fusarium oxysporum evoluiu ao longo dos anos e agora ameaça também as plantações dessa variedade. “Assim como aconteceu com a variedade Gros Michel no passado, as plantações de Cavendish não apresentam nenhuma resistência contra o novo fusarium oxysporum, pois a forma de produção de banana não mudou”, esclarece Adriana Brondani, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
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O novo fungo é ainda mais agressivo e foi descoberto na década 1990, no sul da Ásia. Hoje, ele já é encontrado na Austrália e países do norte da Ásia, como a China, um dos maiores produtores de banana no mundo. Mais de 10 mil hectares de plantações de banana Cavendish já foram destruídos no país.
Para que a extinção da banana não ocorra é necessário impedir o avanço da doença, através de medidas de controle de exportação/importação. Cientistas também trabalham com o objetivo de encontrar ou desenvolver uma nova variedade que seja resistente ao fungo e que agrade o paladar da população mundial. Entretanto, por conta da forma com que a banana sempre foi cultivada, encontrar variedades geneticamente diferentes é raro. Por isso, talvez seja necessário recorrer a genes de resistência em outras espécies.
Segundo Adriana, a biotecnologia pode ajudar a aumentar a variabilidade genética da banana por meio do desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas. “A transgenia é uma ferramenta poderosa para a preservação da biodiversidade. Por meio dela, podemos identificar e transferir genes que permitiriam a sobrevivência de espécies em condições antes inviáveis. Se essa espécie for a banana, estaria aí uma chance superar os riscos que rondam a cultura”, afirma.
Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)