Máquinas e Inovações Agrícolas

Crescimento da pecuária reflete no mercado de fenação e silagem

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) projeta que a população mundial necessitará de 70% a mais de alimentos até 2050, e o Brasil será responsável por 40% desse aumento de demanda. Para isso, segundo cálculos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), até 2020 o País terá de ampliar a área ocupada por lavouras de 62 milhões para 68 milhões de hectares.

Esses dados impactam diretamente a pecuária, visto que terras férteis hoje utilizadas como pasto devem ser ocupadas pela agricultura. Obrigados a trabalhar em áreas menores, os criadores deverão adotar a pecuária intensiva, de acordo com especialistas. Como reflexo, espera-se aumento da demanda por máquinas e tecnologias nas fazendas.

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A pecuária intensiva tem o objetivo de produzir o máximo dentro da menor faixa de terra possível, e traz redução de custos, aumento da produtividade e lucros maiores para os produtores. Já é uma tendência no País e, segundo a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), o crescimento da produção de gado confinado é de 13% neste ano, alcançando um rebanho de 3,87 milhões de animais em confinamento.

A produção de forragem para estoque, seja na forma de silagem ou feno, também deve expandir-se e incrementar o mercado de equipamentos. “Certamente a pressão por melhores índices de produtividade levará a um aumento no investimento ligado a tecnologia e também à busca de mais conhecimento de conceitos de produção. E os equipamentos de fenação e silagem são peças importantes”, assinala Alexandre G. Toloi, gerente comercial da GEA Farm Technologies do Brasil, que desenvolve equipamentos e tecnologias específicos para rebanhos leiteiros.

Os números deixam claro o aumento na demanda por esse tipo de equipamento na Kuhn Brasil. De acordo com Filipe Freitas de Carvalho, gerente de Marketing da companhia, os percentuais médios de aumento nas vendas, desde 2009, seguem em 30% ao ano. “Ou seja, em 2012, foram comercializados mais do que o dobro de equipamentos para esse segmento que em 2009”, afirma.

Ele complementa: “Já foram vendidos neste ano mais de 350 unidades de máquinas destinadas à fenação (entre elas segadoras, ancinhos, enfardadoras e embaladoras), e esse número poderá chegar tranquilamente a 500 unidades até o final do ano”.

A empresa acredita na integração entre lavoura e pecuária. “A tendência é de um aumento na área de cultivo de grãos, decorrendo na diminuição dos grandes confinamentos. Porém, com um aumento no número de confinamentos menores, integrados às áreas de cultivo. Além disso, a rotação de culturas, incluindo períodos de pastagem, permitirá o armazenamento de alimento para o gado, o que poderá aumentar o número de cabeças por área, com alimento garantido de armazenagem de pré-secado e da dieta utilizando resíduos culturais”, explica Carvalho.

A empresa possui uma extensa linha para fenação, com máquinas de pequeno, médio e grande portes, que vão de segadoras de discos, acondicionadoras de tambor, ancinhos enleiradores, espalhadores e conjugados, enfardadoras de câmara fixa, variável, de grandes fardos quadrados e conjugadas com embaladores, além de embaladores de fardos redondos e quadrados. “A soma dos fatores de manuseio e tecnologias disponíveis traz rendimentos ótimos ao gado de corte ou de leite”, afirma o gerente.

Edson Miquilini, gerente comercial da fabricante brasileira Nogueira S/A, fundada em 1957, concorda que a pressão por áreas que a agricultura impõe sobre a pecuária vai impulsionar a prática de utilização de produtos para fenação. “Mas, em função das grandes diferenças nos estágios de desenvolvimento no Brasil, essa velocidade não será igual”, pondera.

Desde 1988, a Nogueira desenvolve equipamentos para fenação, e o gerente informa que, nos últimos anos, eles vêm observando elevação nas vendas desses produtos. “Entre os anos de 2009 e 2010, crescemos em torno de 10%, e repetimos esse crescimento de 2010 para 2011”, conta.

Para uma boa produção de silagem e feno, segundo Miquilini, é preciso ter bom manejo cultural, com aplicação de calcário e fertilizantes, e saber o momento ideal de ensilar ou enfadar os produtos. “Além disso, é fundamental escolher e dimensionar os equipamentos necessários à produção de silagem, levando em conta o que de melhor se dispõe no mercado, e ter um bom planejamento quanto à armazenagem do produto final”, recomenda.

Com fábrica em Veranópolis (RS), a Ipacol produz máquinas e implementos agrícolas desde 1964, mas somente em 2011 passou a oferecer equipamentos para silagem. O grande lançamento da empresa é a CFA 2000 – primeira colhedora de forragens autopropelida nacional, segundo o fabricante. “O diferencial do equipamento é a alta produtividade (que varia de 1,2 a 1,5 ha/hora, dependendo da lavoura)”, destaca Décio Swingel, gerente nacional de vendas. “A qualidade da forragem obtida, a economia de combustível, já que o equipamento é propulsionado por um motor Mercedes Benz eletrônico, e a possibilidade de financiar o equipamento pelas linhas do BNDES também são vantagens importantes”, acrescenta o gerente da Ipacol.

Fundada há oito anos, a gaúcha Marcher produz máquinas e implementos agrícolas para o armazenamento de grãos secos, grãos úmidos e silagem em silos-bolsa. Tiago Graeff Fornari, gerente comercial da empresa, afirma que essa é a única indústria nacional 100% focada em equipamentos para armazenagem móvel em silo-bolsa, tanto para grãos quanto para alimentação animal (silagem e grãos úmidos).

O destaque na pecuária é justamente a embolsadora de silagem e grãos úmidos INGRAIN60, que, de acordo com o fabricante, proporciona maior robustez nos sistemas de transmissão e economia no uso do silo- bolsa. O ritmo de crescimento das vendas para esse produto tem se mantido em 30%, informa o executivo da companhia.

A maior adesão às práticas de fenação e silagem pelos pecuaristas vem acontecendo já há algum tempo”, observa Graeff. “Com o preço das commodities nos patamares atuais e as perspectivas futuras, a tendência é acentuar o crescimento, empurrando a pecuária para áreas novas e marginais. Além disso, o mercado consumidor de carne está cada vez mais exigente, e sistemas intensivos promovem uma melhoria considerável do produto final”, completa o gerente da Marcher.

Marca consolidada com mais de 50 anos de história, a Massey Ferguson entrou no mercado de enfardadoras no País há pouco tempo, mas aposta em um resultado positivo em vendas já para o ano de 2012.

A companhia norte-americana lançou no Brasil a enfardadora MF 2170, em 2011, e completou o portfólio com dois modelos novos, em agosto deste ano, com a chegada das versões MF 1837 e MF 1745. Já nos EUA, a marca trabalha com fenação há mais de 30 anos.

Introduzimos as enfardadoras de maior porte, como a MF2170 (fardos gigantes), as de menor porte, como a MF1837 (fardos retangulares compactos) e a MF1745 (fardos redondos), além de uma linha de enleiradores (rotor único e duplo) e segadoras (profissional e semiprofissional). Em 2013, ano em que estaremos consolidando esses produtos no mercado, esperamos colher os frutos desse trabalho”, diz Douglas Vincensi, gerente de marketing de produto colheitadeiras e enfardadoras do Grupo AGCO.

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