Delegação dos Emirados Árabes Unidos visita a Embrapa

Acompanhada do diretor de P&D, Celso Moretti, e do chefe geral José Manuel Cabral, ela conheceu o Banco Genético da Embrapa - Foto: Claudio Bezerra

Acompanhado do diretor de P&D, Celso Moretti, e do chefe geral José Manuel Cabral, o grupo conheceu o Banco Genético da Embrapa – Foto: Claudio Bezerra

Uma comitiva dos Emirados Árabes Unidos (EAU) formada pela Ministra de Segurança Alimentar, Mariam Al Mehairi, e a Embaixadora dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, Hafsa Al Ulama, entre outros representantes diplomáticos, visitou a sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília, DF, no dia 2 de janeiro. O objetivo foi conhecer melhor o papel da pesquisa agropecuária no crescimento do agronegócio brasileiro, que hoje é responsável por mais de 23% do PIB nacional. A delegação foi recebida pelo presidente da Empresa, Sebastião Barbosa, e pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Celso Moretti.

O setor agrícola daquele país – que abrange sete emirados (Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Aiman, Um al Quaian, Al Fujayrah e Ra’sal Khaymah) – ainda é pouco expressivo, representando apenas 0,7% do PIB. O principal objetivo da Ministra é mudar esse cenário com foco na ciência e tecnologia, atraindo investimentos para o setor e, principalmente, despertando o interesse da população jovem que hoje está cada vez mais afastada dos ambientes rurais.

Al Mehairi acredita que a tecnologia é o único caminho capaz de mudar esse panorama nos EAU. Por isso, ela veio conhecer de perto a experiência de sucesso da agricultura brasileira, que em 40 anos transformou o País de importador de alimentos em um dos mais importantes players do agronegócio mundial.

O diretor de P&D da Embrapa endossou o papel determinante da ciência no desenvolvimento da agricultura nacional. Segundo ele, na década de 1970 a tecnologia vinha dos países de clima temperado, o que não se adequava à realidade brasileira. A Embrapa, em conjunto com universidades e empresas estaduais de pesquisa, vem investindo há mais de quatro décadas em pesquisas capazes de “tropicalizar” plantas de interesse agropecuário, como soja, milho e trigo, entre outras, e animais.

Além da produção de bovinos, que é um dos carros-chefes do agronegócio brasileiro, outro dado salta aos olhos do público quando se fala em pecuária é a avicultura, que cresceu 59 vezes nas últimas quatro décadas.

Educação é componente fundamental no sucesso do agronegócio
Moretti destacou também o papel da educação nesse contexto. “Hoje, existem no Brasil 273 instituições de ensino dedicadas à ciência agrícola”, comentou. Esse dado despertou muito a atenção da Ministra, já que para ela é premente aumentar o interesse dos estudantes dos Emirados Árabes na área agrícola. Al Mehairi acredita que ciências de ponta podem ajudar nesse sentido.

Segundo o diretor da Embrapa, as disciplinas tradicionais empregadas na pesquisa, como biologia (genética), estatística, química, física e engenharia vêm se alterando ao longo dos últimos anos, recebendo contribuições de áreas correlatas ou totalmente novas. A nova “caixa de ferramentas” da pesquisa e do desenvolvimento contém edição genômica, biologia sintética, análise de grandes massas de dados (“big data”), computação em nuvem, robótica, computação cognitiva, inteligência artificial, dentre outras. A Ministra acredita que o potencial futurístico dessas áreas possa contribuir para tornar a área agrícola mais atraente aos jovens árabes.

Al Mehairi demonstrou muito interesse também na parte financeira da pesquisa agropecuária e na participação do setor privado no orçamento da Embrapa. Hoje, a Empresa conta com um montante de US$ 1 bilhão, quase 100% provenientes do Tesouro Nacional. O diretor de P&D explicou que é difícil calcular a participação privada em termos financeiros, mas explicou que hoje estão em execução mais de 400 contratos em parceria com o setor privado.

Agricultura e sustentabilidade

A participação dos produtores rurais brasileiros na preservação ambiental também instigou a curiosidade das representantes dos EAU. Ao contrário do que é propagado pela mídia internacional, o Brasil preserva hoje mais de 66% de sua área produtiva, o que equivale à superfície de  aproximadamente 48 países da Europa.

E essa participação, como destacou o diretor da Embrapa, é capitaneada pelos próprios produtores especialmente a partir da aprovação do Código Florestal em 2012. “Graças à legislação brasileira, que inclui também o Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, hoje mais de 25% – 218 milhões de hectares – do Território Brasileiro estão preservados, o que representa um impacto econômico de US$ 750 bilhões”, enfatizou Moretti.

Segurança alimentar

A segurança alimentar é uma das prioridades atuais para os Emirados Árabes Unidos. Segundo a Ministra, mais de 90% das espécies utilizadas na alimentação vêm de outros países e, por isso, um dos focos de sua gestão à frente da Pasta é incentivar a conservação e uso sustentável de espécies nativas da região.

Por isso, após a visita à Sede, a comitiva conheceu o Banco Genético, mantido pela Empresa em uma de suas 42 unidades de pesquisa, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, também em Brasília. Este é hoje o maior banco de espécies vegetais do Brasil e da América Latina e um dos maiores do mundo, com capacidade para conservar mais de 700 mil sementes de importância alimentar. Lá, ela foi recebida pelo chefe-geral da Unidade, José Manuel Cabral, e conheceu também outras formas de conservar recursos genéticos: in vitro e em criobancos.

Em outubro de 1988, foi assinado pelos governos do Brasil e dos Emirados Árabes um acordo de cooperação que abrange as áreas econômica, comercial, industrial, tecnológica e financeira. Ainda não há projeto de cooperação da Embrapa com instituições dos EAU, mas é provável que a visita seja o embrião de uma futura parceria. “As possibilidades são variadas, é preciso ainda discutir detalhes e definir linhas de atuação conjuntas”, finaliza o diretor.

Fonte: Embrapa

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