Máquinas e Inovações Agrícolas

Eficiência e economia dos tratores europeus

A marca Challenger, do Grupo AGCO, surpreendeu mais uma vez o mercado europeu ao exibir a nova série de tratores MT700D. A novidade mais “empolgante” são os propulsores fabricados pela AGCO Power, com 6 cilindros de 8.400 cm³ de cilindrada, common rail de 4 válvulas por cilindro e, obviamente, com turbocompressor e intercooler. Trata-se de motores possantes: para os três modelos previstos, as potências máximas (medidas de acordo com a ECE R120 e fornecidas a 1.900 rpm, enquanto o regime nominal é estabelecido a 2.100 rpm) vão de 335 a 382 cv (de 250 a 285 kW), já os valores de engrenagem máxima variam entre 1.451 e 1.540 Nm.

Diferente dos motores brasileiros, que ainda não dotam as máquinas e os equipamentos agrícolas com tecnologia SCR, os propulsores europeus já permitem adição de ureia (o AdBlue) para atenuar o conteúdo de NOx nos gases de escape. Em união com outro catalisador DOC (Diesel Oxidation Catalist), os motores atendem aos requisitos previstos pelo stage III B (tier 4 interim) em termos de redução da poluição atmosférica.

Todo o dispositivo foi definido para ser “e³” (energy, economy, ecology). No caso da “energy” (energia), porque tais propulsores, com uma pressão de trabalho maior do common rail, são capazes de fornecer potências e engrenagens significativamente mais altas do que aquelas montadas na versão anterior dos Challenger MT700. Já “economy”, porque a economia de diesel em termos de consumo específico é tangível, chegando a 10%; e “ecology” (ecologia) pela drástica redução da poluição atmosférica assegurada pela evoluída combinação do SCR duplo mais o DOC. O recipiente de ureia é de 68 litros que, se comparado aos 412 litros do tanque principal de diesel, significa que deve ser abastecido totalmente a cada 2,5-3 abastecimentos completos daquele do diesel; isso porque o consumo médio da ureia é de 6-7% em relação ao do diesel.

Em termos de rendimentos, vale destacar o desenvolvimento diferente e mais atual das curvas de engrenagem, que agora mostram os máximos a 1.400-1.500 rpm (e não muito mais baixo, como ocorria com os motores das séries precedentes), portanto, justamente na parte dos consumos específicos mínimos, dando toda vantagem à eficiência máxima do motor.

Lagarta melhorada. As lagartas de borracha são, com certeza, a peculiaridade técnica que mais caracteriza os tratores da marca Challenger, dado que todas as máquinas foram orientadas desde a projetação para um funcionamento com esse tipo de mecanismo de propulsão. Os novos MT700D não são a exceção, mas os engenheiros certamente não ficaram parados nesse sentido e melhoraram ainda mais todo o aparelho. Agora as rodas de apoio intermediárias contam com um revestimento de polietileno UHMW de alto peso molecular aplicado diretamente à estrutura portante de aço, assegurando uma resistência maior ao aquecimento e ao desgaste, com um significativo aumento da vida útil do trator.

Da esquerda no alto, em sentido horário: as rodas intermediárias de apoio da lagarta revestidas de poliuretano de alta densidade; a pequena janela transparente de monitoramento do óleo de lubrificação dos rolamentos para a rolagem; o novo defletor de proteção contra a entrada no trator de pedras e torrões endurecidos; a carcaça da banda dianteira da lagarta, melhorada com cabos longitudinais de diâmetro aumentado e até duas camadas adicionais de borracha na superfície interna.

Atenção foi dada também ao monitoramento da lubrificação das partes sujeitas a atrito: agora há uma pequena janela transparente de controle do nível do óleo a serviço dos rolamentos para rolagem das rodas que esticam a correia e daquelas de apoio. Além disso, a nova lagarta vem montada com defletores aumentados e de inclinação melhorada, que minimiza a entrada prejudicial de pedras ou torrões endurecidos entre a roda de tração e a banda dianteira. Em relação à essa última, considerando as diversas larguras disponíveis (de 419 a 762 mm, isto é, de 16” a 30”), é a estrutura portante que foi reforçada: os cabos longitudinais possuem diâmetro aumentado de 4,3 para 5,3 mm, enquanto para aplicações pesadas é possível dispor de até duas camadas adicionais de borracha dentro da banda dianteira, para prolongar a vida útil. Tudo, naturalmente, podendo viajar a 40 km/h.

As melhorias da nova série não acabam aqui. Na bem conhecida e confiável transmissão powershift de 16 marchas para frente e 4 marchas à ré (mais o eventual superredutor sob encomenda) foram recalibradas as válvulas hidráulicas do câmbio da gama, melhorando o conforto a bordo e o controle do veículo durante a marcha. Do ponto de vista estético, a mudança mais aparente é a conformação do silenciador de descarga, que agora está maior na base, tendo que acolher os catalisadores, mas que se desenvolve na vertical com uma tubulação oval, que se conforma muito bem com a coluna da cabine, beneficiando uma visibilidade dianteira mais fácil.

As vantagens das lagartas de borracha. Alta tração e baixa compactação: essas, em simples palavras, são as (tangíveis) vantagens das lagartas de borracha em relação aos pneus.

A capacidade de tração maior ainda comporta outros benefícios relacionados, também importantes. Antes de tudo, obviamente em paridade com o esforço de tração pedido, com a lagarta de borracha registram-se valores inferiores de deslizamento no terreno (cerca de 5%, contra 15% médio dos pneus), o que se traduz em consumos mais baixos de diesel em relação à superfície trabalhada, um desgaste inferior do mecanismo de propulsão e um tempo mais curto de execução dos trabalhos, favorecendo também a tempestividade de intervenção.

Também em relação a pneus grandes e de baixa pressão, a lagarta de borracha mostra-se superior ao minimizar a compactação, principalmente, aquela das camadas profundas, onde as preparações não chegam.

No entanto, é principalmente na redução da compactação do terreno que as lagartas (e especialmente aquelas de borracha) mostram uma vantagem impressionante: a enorme superfície de contato não pode ser igualada pelos pneus, nem mesmo se duplos ou até triplicados. O uso de maquinários cada vez mais potentes, de grande capacidade de trabalho e, portanto, de peso elevado impõem consequentemente a adoção de mecanismos de propulsão de grande área da pegada, ainda mais que a tendência atual da preparação do terreno é voltada a uma redução (ou até anulação) da intensidade da intervenção. Por isso, torna-se indispensável minimizar o distúrbio da estrutura natural do solo agrário, seja na camada superficial (que de qualquer forma é reajustável com os trabalhos, mesmo se com gasto de energia), seja, sobretudo, nas camadas profundas, onde as preparações não chegam e os danos nesse sentido tendem, assim, a se acumular no tempo e assumir caráter permanente, dificultando tanto o aprofundamento das raízes quanto a penetração e sucessiva nova saída capilar da água da chuva.

Desse ponto de vista, principalmente se bem balanceado em seus eixos, o trator com lagarta garante uma vantagem enorme em relação àquele com rodas. Logo, a lagarta de borracha supera brilhantemente também o obstáculo da mobilidade, podendo fazer a máquina em que é montada facilmente viajar a 40 km/h.

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