Máquinas e Inovações Agrícolas

Empresas investem em treinamentos para suprir deficit de mão de obra

O Brasil vai precisar de mais de sete milhões de trabalhadores qualificados nos próximos três anos – é o que mostra uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As oportunidades estão nas indústrias de alimentos, confecção e construção civil. Técnicos em controle da produção, eletrônica, eletricidade e eletrotécnica também estão em alta. As indústrias das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil são as que mais precisam de mão de obra qualificada.

E, se nos grandes centros a demanda é intensa, na área rural ou nas áreas mais afastadas, ela é ainda maior. Justamente para solucionar esse problema, empresas apostam na melhoria da qualificação e até na formação de futuros funcionários.

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Pensando nessa situação, em 2008, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) uniu-se a outros produtores do Município de Luís Eduardo Magalhães, localizado a 947 quilômetros da capital baiana e, juntos, deram um pontapé em um projeto de capacitação de operadores de máquinas e equipamentos agrícolas em manutenção preventiva especializada. No caminho, somaram forças com a Agrosul, concessionária John Deere da região, e capitalizaram o projeto com recursos do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro).

Isabel da Cunha, da Abrapa: A demanda por mecânicos e operadores de máquinas agrícolas ainda é grande e esbarra principalmente na qualificação

Dois anos depois, a parceria entre Abrapa, o concessionário Agrosul e a John Deere, por meio do projeto ‘Parceiros da Tecnologia’, que conta com o apoio do Fundeagro e Senai, resultou na construção do Centro de Treinamento de Mecânicos, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano”, diz Isabel da Cunha, presidente da Abrapa.

O projeto busca selecionar e desenvolver profissionais que deem suporte aos cotonicultores. “A demanda por mecânicos e operadores de máquinas agrícolas ainda é grande e esbarra principalmente na qualificação. Muitas regiões rurais são deficitárias em instituições que qualificam o profissional para o campo. Um dos entraves é a impossibilidade de um trabalhador ou produtor rural se ausentar por longos períodos, por exemplo, para fazer um curso técnico ou uma faculdade”, afirma Isabel da Cunha.

Por outro lado, esse treinamento indispensável demanda tempo. “Uma das formas para se desenvolver o capital humano é fazer com que operadores de máquinas consigam lidar melhor com as inovações tecnológicas, e esse domínio representa economia para o produtor e valorização do trabalhador rural”, afirma.

De acordo com Bruna Lermer Oliveira, da Agrosul, concessionária John Deere da região, a proposta também é evitar que o produtor se desloque do campo para a cidade, já que a maior parte das revendas que oferecem treinamentos está nos grandes centros urbanos. “A logística de transporte versus o tamanho dos equipamentos e a prática no campo tornam a prática inviável para os produtores”, ressalta.

Darci Teixeira, gerente de treinamento de marketing da John Deere

Darci Teixeira, gerente de treinamento de marketing da John Deere, lembra que, desde o início do projeto, novos parceiros ingressaram, a exemplo da Universidade Federal de Viçosa (UFLA) e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Segundo Teixeira, parte do objetivo está sendo atingido, especialmente no momento em que o mercado demanda máquinas cada vez mais potentes e com alta tecnologia. “Muitas vezes, a capacitação vai além do treinamento operacional e inclui ensinar a manutenção dos equipamentos, já que máquina parada no campo é prejuízo certeiro”, afirma Teixeira.

Bruna Oliveira, da Agrosul, pontua que já foram capacitadas mais de mil pessoas desde a inauguração do centro de treinamento. “A procura pelos cursos é intensa. Só neste ano, capacitamos cerca de 400 funcionários. O treinamento ministrado por técnicos do Senai, por exemplo, é contínuo”, diz.

Os cursos são semanais e têm o calendário fixado conforme a necessidade da região e da cultura. “Entre os meses de outubro e novembro, o trato é a cultura da uva; já no começo de abril e no mês maio, as atenções voltam-se para o algodão”, explica.

No ano de 2011, foram treinadas 33 turmas, cada uma com um número médio de 14 alunos qualificados nos cursos de manutenção de tratores agrícolas, operação de plantadeiras, colheitadeiras de algodão, pulverizadores e tratores, chegando a um total de 447 pessoas. “Quando comparamos com 2010, ano em que foram treinadas 16 turmas, totalizando 253 pessoas, pois cada uma contou com um número médio de 15 alunos, houve um acréscimo de 106% no número de turmas e de 77% no de alunos”, diz Isabel.

Para oferecer os cursos, que têm curta duração e preços acessíveis, a Abrapa trabalha na divulgação por meio de contatos telefônicos, e-mails, folder, anúncios e releases em jornais e revistas.

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