Máquinas e Inovações Agrícolas

Entenda a diferença e as possibilidades de aplicação dos óleos lubrificantes

Por Alex Ricciardi

Bom desempenho e durabilidade do trator, da colheitadeira, da semeadora: é isso que o produtor rural deve buscar ao manter em dia a lubrificação dos equipamentos que lhe custaram tanto para serem adquiridos. 

Dispositivos usados no campo precisam de manutenção, o que inclui lubrificação adequada. “Óleos lubrificantes são produtos usados para reduzir atritos, refrigerar e manter limpos os componentes móveis de motores e demais peças dos equipamentos agrícolas. São compostos de óleos básicos e aditivos”, explica Pedro Sachet, consultor técnico de negócios na Texaco. Com ele faz coro Tarcísio de Lima Azevedo, analista de mercado de lubrificantes da BR Distribuidora. 

“A lubrificação adequada tem papel fundamental para manter o bom desempenho do maquinário agrícola, protegendo componentes. A substância correto evita a perda de rendimento de um trator, por exemplo, e reflete-se em produtividade ao longo de sua vida útil. O lubrificante é o ‘sangue’ do equipamento que roda pelos campos”.

Óleo, graxa… o que é cada um
Existem diferenças entre as substâncias usadas para a lubrificação. Os óleos, por exemplo, que podem ser minerais. Eles têm um bom poder de lubrificação, o que lhes garante maior viscosidade. O outro tipo são os sintéticos, que têm uma gama maior de viscosidade. São usados na lubrificação de motores com temperaturas maiores e também que estejam sujeitos a uma utilização contínua, prolongada.

Em se tratando de dispositivos agrícolas, os óleos sintéticos são os mais indicados para a lubrificação. Afinal, máquinas pesadas geralmente operam sob sol quente (altas temperaturas) e dias a fio (utilização contínua e prolongada). Quanto à graxa, ela nada mais é do que um lubrificante composto por óleo, aditivos e sabão. Esse último funciona na fórmula como espessante.  

Sabendo cuidar, não vão faltar
Tal como outras substâncias, óleos e graxas sofrem degradação das propriedades físico-químicas. As condições de armazenamento influenciam decisivamente na condição de uso dos produtos. Convém ao agricultor ter galpões específicos e adequados para armazenamento de tais itens. A recomendação é mantê-los devidamente estocados e fechados depois de abertos, protegidos em local coberto, sem eventual contaminação por água (de chuva e/ou goteiras) e afastados de processos de fabricação que produzam poeira (carvão, cimento, trituração e/ou moagem etc).

“Quanto à qualidade do lubrificante, um bom indicador é conferir se ele possui o número de registro da ANP e se é oficialmente homologado por fabricantes”, ensina Pedro Sachet, da Texaco. Há, ainda, outros elementos a serem levados em conta neste assunto.

“Pensando na questão ambiental, tão importante para o homem do campo, os tambores, baldes e demais produtos e acessórios que guardem lubrificantes devem ser colocados sobre bacias de contenção ou pallets. O piso deve ser impermeável, tanto para evitar a contaminação do solo quanto para facilitar a limpeza”, pontua Flavio Nunes, da Pramalub. Ele lembra que tal armazenamento deve se dar em uma área isolada de pessoas para garantir a segurança humana em caso de incêndio. Dependendo do tamanho do galpão de uma fazenda, por exemplo, faz-se necessária a instalação de sprinklers, além de extintores e demais dispositivos de combate às chamas.

Por fim, Eliel Bartels, gerente de negócios do grupo Maqnelson, pontua: “Não há muito segredo aqui, é simples, basta seguir as especificações do fabricante da máquina. Afinal, quem projetou uma colheitadeira sabe qual é o melhor produto e forma de lubrificá-la, e isso se aplica a todas as máquinas agrícolas. Seguir corretamente os períodos de troca especificados no manual é fundamental para a vida longa do equipamento”, frisa.

Óleos e graxas: modo de usar
Algumas práticas utilizadas no armazenamento de óleos e graxas no meio agrícola são comuns a todas as fazendas e espaços rurais, como manter o lubrificante sempre na embalagem original; armazená-lo tampado; limpar os pontos de enchimento ou relubrificação antes de realizar a atividade; atentar para a data de validade do produto e o período de troca.

Quando se trata de máquinas agrícolas, aliás, há outros cuidados específicos para sua lubrificação. Em uma frota agrícola, deve-se realizar o monitoramento da saúde dos aparelhos através da análise dos lubrificantes, como ferramenta preventiva atrelada a outras medições, gerando dados que servirão para a tomada de decisão da equipe de manutenção.

A contaminação vinda de óleos e graxas embaladas é uma das principais causas de falhas. Pode ocorrer durante o transporte, armazenamento, manejo e aplicação, a menos que cuidados essenciais sejam observados. Além disso, tal contaminação pode se dar com solventes, outros lubrificantes, vapores, água, umidade, grãos, gramíneas, material particulado sólido e demais elementos.

Como evitar contaminações
Verificar de forma acurada o nível de óleo do motor, sistema hidráulico ou demais partes do maquinário. A vareta deve ser higienizada sempre com um pano limpo, sem fiapos. Parece simples, mas ainda hoje agricultores limpam a vareta de nível com estopa, que sempre solta resíduos de algodão.

Sendo necessária a complementação do nível de óleo, sempre limpe previamente a região do bocal de enchimento, para que a simples abertura do mesmo não provoque a queda de poeira ou resíduos da colheita dentro do sistema. Muitas vezes jogam-se jatos de água no bocal de enchimento para limpeza, e se porventura o anel de borracha do bocal não o estiver vedando adequadamente, a carga de óleo pode ser contaminada.

Filtros negligenciados 
O filtro de óleo não costuma despertar muita atenção, o que é um equívoco. Ele tem uma função importante para desempenho do equipamento agrícola. Sua principal finalidade é impedir a circulação de impurezas no motor. Deve ser substituído a cada troca de óleo lubrificante, de acordo com o manual de manutenção do veículo.

“O lubrificante, quando utilizado além da quilometragem, pode causar borra no motor, chegando até a fundi-lo. Isto acontece em tratores com alguma frequência”, alerta André Gonçalves, engenheiro técnico da Mann-Filter. A falta de manutenção do filtro reduz a durabilidade do óleo recém trocado, pois, durante a troca, o filtro permanecerá cheio de óleo sujo, podendo contaminar o novo.

Um mercado diversificado
Não há porque se queixar da falta de opções quando a tarefa é escolher o melhor lubrificante. A gigante anglo-holandesa Shell tem em seu portfólio itens como o Shell Helix HX7 5W30, óleo lubrificante semissintético para carros com uma alta tecnologia de moléculas flexíveis, as quais mantém a proteção do motor em situações de intenso calor e pressão. Conta também com o Shell Rimula para motores de trabalho pesado a diesel – o tipo de motor aplicado às máquinas agrícolas.

Já a americana Texaco oferece ao agronegócio nacional lubrificantes formulados para trabalhar com combustível S-10 e, também, S-500, mesmo no recente teor de 11% de biodiesel. Alguns dos produtos da empresa para o setor agrícola são a célebre linha de fluidos Havoline, as graxas Starplex, Longatex, Multifak, Molytex e Marfak e os fluidos para radiador Ursa. Vale mencionar também, da empresa americana, os óleos Universal e Texamatic.

Por fim, a brasileira BR Distribuidora conta com a conhecida linha Lubrax, um portfólio completo de lubrificantes para todos os segmentos. São mais de 130 famílias de produtos, e a marca é top of mind no mercado nacional. 

Para o maquinário agrícola, a empresa conta com o Unitractor Premium, um fluido para tratores de alto desempenho e tecnologia semissintética, indicado para o emprego simultâneo em sistemas de transmissão, hidráulicos e de freio úmido); o Unitractor, para tratores de alto desempenho para uso simultâneo nos sistemas de transmissão, hidráulicos e de freio; o Grans FD-1, óleo lubrificante mineral para comandos finais e eixos de tratores, esteiras e caminhões off-road; o Grans HR, óleo mineral monoviscoso para sistemas hidráulicos de equipamentos móveis fora de estrada; e o Lubrax Grans HV, um óleo hidráulico de alto índice de viscosidade, criado para sistemas hidráulicos de colhedoras de cana-de-açúcar e outras máquinas agrícolas.

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