Uma das tratativas é para a certificação digital que deve tornar a tramitação das exportações mais rápida e confiável, segundo Fávaro
Após retornar da missão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) à China, na ultima sexta-feira (31), o ministro Carlos Fávaro anunciou que a viagem do presidente Lula ao país asiático nos próximos dias trará ainda mais oportunidades ao agronegócio brasileiro com a assinatura de quatro acordos para o setor.
“Tratativas importantes que há muitos anos a gente sonhava devem se concretizar com a presença do presidente Lula na China”, destacou o ministro.
Uma delas é a certificação digital que deve tornar a tramitação mais rápida e confiável, diminuindo a burocracia para os exportadores brasileiros.
De acordo com Fávaro, o acordo trará um ganho importante para o setor, assim como o já assinado nesta semana que permite a operação direta entre real e a moeda chinesa, sem necessidade de dolarização.
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Abertura de mercado para novos produtos do Brasil também é uma das ações iniciadas pela comitiva do Mapa. Para a comercialização da uva fresca, por exemplo, o governo chinês realizará visitas virtuais às propriedades, demonstrando sinal de credibilidade e oferecendo opções mais céleres para as negociações.
Há ainda projeções positivas para ampliação da comercialização de milho, iniciada nos últimos meses, incentivo à exportação de carne suína e outros produtos, como gergelim e noz-pecan.
Retorno de Fávaro e comitiva do Mapa ao Brasil
A comitiva do Mapa encerrou na quarta-feira (29) sua missão oficial na China, com a participação no “Seminário Econômico Brasil-China” que contou com a presença de autoridades governamentais e empresários dos dois países. Na abertura do evento, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, comemorou os resultados da visita.
A primeira conquista da viagem, que iniciou no dia 22 de março, foi o anúncio do governo chinês de levantar o embargo às importações de carne bovina brasileira, que estavam suspensas desde fevereiro. O embargo foi suspenso pela China após 29 dias de negociação, com o cumprimento de todos os protocolos por parte do Brasil.
“Essa rapidez, não precarizando em hipótese alguma a qualidade e a segurança necessária para a relação comercial, mostra a relação afetuosa e profícua entre os dois países. A última vez que aconteceu um caso desses, foram mais de 100 dias para o embargo ser levantado”, disse o ministro.
Fávaro também comemorou a habilitação de quatro novas plantas frigoríficas brasileiras para exportar para a China, o que não ocorria desde 2019, além da retomada de duas plantas frigoríficas que estavam suspensas. “Temos hoje mais de 50 plantas frigoríficas cadastradas para serem avaliadas pelo governo chines . As oportunidades estão postas na mesa e tenho certeza de que teremos mais produtos comercializados com a China”. Também houve avanços na negociação de outros produtos como algodão, milho, uva fresca, noz pecan, sorgo e gergelim.
Durante a visita na China, a delegação do Mapa recebeu uma carta da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) reconhecendo a qualidade, a segurança e a credibilidade do sistema de defesa brasileiro. “Para nós foi um motivo de grande orgulho e fortalecimento da nossa parceria”, disse Fávaro, ressaltando que a carta será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outra pauta da agenda do Mapa na China foi a sustentabilidade. O ministro lembrou que o Brasil tem grande potencial de crescimento da produção sustentável, mas ainda faltam investimentos nesta área. Segundo ele, o BNDES está formatando uma linha de crédito com taxas de juros equacionadas para aumentar a produção sustentável no Brasil.
Taxa de juros
Ao comemorar o cenário favorável para a ampliação das relações comerciais, Fávaro chamou a atenção dos empresários brasileiros em relação às taxas de juros praticadas no Brasil.
“A taxa de juros no Brasil está proibitiva. Temos inflação e gastos públicos controlados, estamos trabalhando por um novo marco fiscal e uma reforma tributária, portanto os juros básicos da economia a 13,75% são proibitivos para aumentar as nossas oportunidades. É frustrante abrir tantas oportunidades aqui na China e os empresários brasileiros não conseguirem pegar investimentos com juros dessa forma”.