Máquinas e Inovações Agrícolas

Filtros de ar e hidráulicos: essenciais para evitar a entrada de impurezas

Filtros de ar e hidráulicos são essenciais para evitar a entrada de poeira e impurezas nos equipamentos agrícolas

por Gustavo Paes – A tecnologia das máquinas agrícolas vem evoluindo visando sempre a melhoria da performance na produção e também na economia de custos por parte do agricultor. Um dos mecanismos criados para a busca dessa performance de excelência são os filtros de ar e hidráulicos – que requerem uma atenção especial por parte do proprietário do maquinário agrícola. Esses equipamentos são verdadeiras “barreiras” contra a contaminação a ser absorvida pelos equipamentos agrícolas, retendo poeira, impurezas e outros contaminantes.

“Com a modernização dos equipamentos fabricados para operar no campo e, consequentemente, o aumento da performance das máquinas no campo, ampliou-se a necessidade de filtros de ar mais eficientes no que diz respeito à retenção de partículas”, comenta Marcos Azambuja, gerente de contas e suporte técnico da Cummins Filtros.

De acordo com ele, “o mesmo ocorre com os filtros hidráulicos, fundamentais para remoção das impurezas indesejadas ao impedir a degradação e a contaminação do fluido hidráulico, responsável pelos movimentos mecânicos de alto esforço nas máquinas agrícolas”.

Nessa mesma linha, especialistas da Mahle citam outros benefícios dos filtros para as máquinas agrícolas. Segundo Rosangela Leal Simões, especialista em filtros, e Eduardo Fischer, responsável pelo departamento de assistência técnica, a prevenção de danos ao motor é a principal função dos equipamentos, já que o custo de manutenção é alto.

“O uso de bons filtros auxilia na prevenção de danos que podem ser causados no motor. Quando o filtro do ar é de má qualidade, por exemplo, partículas abrasivas podem ingressar dentro do motor e danificar as partes metálicas móveis. Filtros de ar saturados, ou seja, com restrição de passagem de ar podem causar também o aumento do consumo de combustível e aumento da poluição emitida pelo motor. Já para o sistema hidráulico, se não forem utilizados filtros de boa qualidade, poderá prejudicar o bom funcionamento do equipamento e comprometer a sua vida útil”, explicam.

Com o rápido aumento da tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas, tanto os motores quanto os sistemas hidráulicos trabalham com pressões e temperaturas de trabalho cada vez mais elevadas, dispositivos precisos e com folgas microscópicas que exigem alto nível de proteção contra contaminantes que diminuem a vida útil e prejudicam a produtividade. Para Sidnei Araújo, consultor de vendas técnicas da Mann-Filter, um sistema de filtragem eficaz deve respeitar a todas as normas impostas pelas grandes montadoras de máquinas agrícolas, para garantir a produtividade e o desempenho esperados pelos usuários finais.

O equipamento, segundo destaca o gerente de vendas da Newtec, Celso Ramos, precisa ser constituído de bons filtros, para evitar a parada da máquina fora de hora pela contaminação no óleo hidráulico e pelo desgaste prematuro de componentes. 

Por sua vez, Paulo Nascimento, diretor e gerente de vendas da UFI Filters do Brasil, ressalta que cada tipo de produto hidráulico requer uma classe de limpeza do óleo, sendo que a utilização dos filtros com eficiência de filtração abaixo do especificado faz com que essa classe não atinja o requisito do produto e, consequentemente, os equipamentos.

O código de níveis de contaminação da norma ISO 4406 consiste em três números de escala: 1º/2º/3º, que diferenciam a dimensão e a propagação das partículas. A primeira escala representa o número de partículas maiores ou iguais a 4 micrômetros por ml. A segunda escala, o número de partículas maiores ou iguais a 6 micrômetros por ml, e, a terceira escala, o número de partículas maiores ou iguais a 14 micrômetros por ml.

Manutenção é necessária

A falta de manutenção adequada pode provocar alguns problemas, mas o principal é o dano ao equipamento de uma forma geral. “O filtro de ar não substituído vai impactar na saturação deste componente, impossibilitando o processo correto de filtração e admissão de ar necessária para o motor, que ainda pode ter a sua temperatura elevada, exigindo mais de todo o sistema. Como consequência, pode elevar o consumo de combustível do motor e até mesmo impactar nas questões de emissões, aumentando o volume de fumaça preta e poluentes na atmosfera”, explica Azambuja.

Usar produtos de qualidade e procedência, respeitando os períodos de troca especificados pelo fabricante do veículo, pode ser uma das soluções, de acordo com os especialistas da Mahle. “O filtro de ar não deve ser limpo de nenhuma forma, seja com jatos de ar comprimido ou máquinas de limpeza, nem reutilizado. Essa prática pode ocasionar ‘furos’ no produto que não são perceptíveis a olho nu, mas que pode ocasionar grandes problemas para o motor. Sempre se recomenda a substituição”, reforçam.

Neste aspecto, Paulo Nascimento diz que as ocorrências mais comuns são o desgaste prematuro de componentes ou falhas na execução de procedimentos do equipamento provocando parada inesperada. “O importante é a troca sempre no tempo determinado pelo fabricante, ou quando o sistema tiver dispositivos que informem a troca, evitando o colapso do elemento, o que pode contaminar todo o sistema”, completa Ramos, da Newtec.

Para Araújo, a princípio, deve-se observar se a marca do filtro escolhido está presente como “genuíno”, nas grandes montadoras, pois este é um bom indicativo de que o produto atende às normas de proteção e aos padrões mínimos de qualidade exigidos. “Opções mais baratas podem ser perigosas e até mesmo comprometer a médio e longo prazos a vida útil do equipamento, gerando custos de manutenção e grandes prejuízos”, diz.

Uma questão polêmica relacionada à manutenção é a limpeza dos filtros. Segundo Roberto Silva, gerente de desenvolvimento de mercado da Parker Hannifin, a prática, que promete reduzir custos, na verdade tem mais desvantagens do que vantagem. Isso porque causa a perda da garantia do produto, falta do controle do progresso, falhas no processo e possibilidade de limpeza superficial.

“Limpeza de filtros do ar são muito discutidas. Trata-se de uma prática controversa nos departamentos de manutenção das empresas. Isso porque estamos falando de um item com alto valor agregado de troca, em que os departamentos de manutenção são cobrados por uma ação de redução de custos tendo em vista que o trabalho de equipamentos em regiões com alto índice de contaminação reduz a vida do elemento filtrante drasticamente, levando a trocas constantes”, indica Silva.

Evolução dos filtrantes

Os meios filtrantes cada vez mais proporcionam uma melhor filtragem, com capacidade de retenção cada vez maior, permitindo uma melhor limpeza do óleo. “Os meios filtrantes, com alta capacidade de retenção de partículas, ajudam na proteção de componentes e reduzem o desgaste do próprio óleo. Cada vez mais os fabricantes vêm aprimorando o processo e, desta maneira, aumentando a capacidade de retenção e reduzindo o tempo de troca e de parada de máquina”, diz o gerente de vendas da Newtec, Celso Ramos.

No caso da Mann-Filter, Araújo diz que muitas tecnologias foram desenvolvidas recentemente e estão à disposição, como filtro de óleo centrífugo, que através de rotores centrífugos em seu interior, consegue retirar do lubrificante partículas extremamente pequenas, garantindo uma filtragem de óleo eficaz. Além disso, também existem filtros de combustível separadores de água, que através de adaptações em linhas de sucção de combustível, oferecem uma melhor pré-filtragem no combustível, evitando a passagem de partículas maiores e de água, protegendo assim as bombas de combustível.

“Estamos desenvolvendo modelos do Senzit que monitoram, além do desempenho dos filtros de ar, o desempenho de filtros hidráulicos, combustível e lubrificante. Essa inovação, com certeza, vai revolucionar e auxiliar em muito os técnicos de manutenção preventiva e preditiva, garantindo por completo o bom desempenho dos equipamentos móveis e industriais”, diz Araújo.

As matérias-primas também evoluíram muito nos últimos anos, segundo os especialistas da Mahle. Sendo assim, a média filtrante, o maior impacto na construção do elemento, respeita a norma solicitada pelo fabricante, o que pode levar ao uso com segurança do produto. Em alguns projetos, para veículos com rodagem em condições severas, é incluído um pré-filtro. Dessa forma, as partículas mais pesadas são eliminadas de forma imediata, aumentando a vida útil do filtro.

No caso dos filtros hidráulicos houve uma evolução muito grande em relação aos meios filtrantes sintéticos, indica Azambuja. Atualmente é possível fazer uma filtração dos componentes indesejados, com um nível de eficiência muito mais elevado do que alguns anos atrás e, além disso, houve melhoras em termos da estrutura desses filtros. Eles estão mais robustos, com menor risco de falha ou dano que gere uma exposição de contaminantes. 

“Para os seus filtros de ar, a Cummins desenvolveu um elemento filtrante que contém nanofibras para fornecer a proteção adequada aos motores. Denominada NanoForce, trata-se de uma alternativa de filtragem de ar mais avançada para equipamentos pesados movidos a diesel, operando com 99,99% de eficiência. Como resultado, maior proteção para os motores aliada a menor interrupção para manutenção e baixo custo da operação”, explica.

Um dos principais exemplos de inovação vindo da Parker é o desenvolvimento de um meio filtrante, uma estrutura semelhante a uma rede composta de diâmetro submicrônico, fibras ligadas à mídia de celulose. “Outra inovação é a utilização do equipamento de monitoramento de saturação do filtro de ar, que monitora em substituição do indicador de restrição e pode ser aplicado em máquinas e equipamentos com trabalho extrapesados em ambientes agressivos de contaminação, como usinas de cana e mineradoras”, explica Roberto Silva, da Parker. O equipamento está em teste no instituto de tecnologia em São José dos Campos e, em breve, deve estar em teste de campo.

O que reserva o futuro

A projeção para esse mercado é de crescimento, tendo em vista que cada vez mais os equipamentos demandam produtos que elevem sua vida útil. Assim como a produtividade na agricultura é cada vez mais importante e, com isso, os sistemas hidráulicos estão sendo mais exigidos e mais precisos. Isso significa que a filtração do óleo hidráulico passa a ter uma importância maior para reduzir o desgaste dos produtos hidráulicos e paradas para manutenção. 

Simões e Fischer sustentam que “a conscientização da boa aplicação e a busca por atender à norma serão cada dia mais presentes nas trocas e o aplicador/mecânico possuem muita importância neste processo. A Mahle, como fabricante de peças de motores, entende a importância de trabalhar com produtos de qualidade, bem como fabricar filtros que atendam a demanda do projeto”.

Para Araújo, da Mann-Filter, os sistemas de filtragem nunca ficarão obsoletos. Além da filtragem para equipamentos móveis e industriais, a empresa também dispõe da tecnologia Hepa, que equipam dispositivos que filtram o ar de ambientes fechados e abertos, eliminando poluentes, vírus e bactérias, oferecendo proteção para o ser humano. “Essa tecnologia tem se destacado muito neste período de pandemia e doenças respiratórias”, conclui.

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