Há três anos chegou às lavouras brasileiras um incômodo visitante: as lagartas do gênero helicoverpa. A praga atingiu com força o Cerrado e causou, somente naquele ano (2012), prejuízo de R$ 2,2 bilhões na Bahia, de acordo com cálculo do governo estadual. A voracidade da lagarta e a rapidez com que ela se espalhou fizeram soar o alerta para intensificar as tarefas de monitoramento e controle de pragas. Quanto maior o terreno cultivado, no entanto, mais desafiador é acompanhar a situação de cada talhão. Sem tecnologia, esse acompanhamento se tornaria inviável.
Uma das maiores produtoras agrícolas do Brasil, sediada em Mato Grosso, conseguiu conter as perdas com a lagarta com um software de gestão especializado na agroindústria conectado a um aplicativo para tablet, abastecido, por sua vez, com informações vindas diretamente do campo.
O mecanismo é o seguinte: um funcionário percorre a lavoura com o dispositivo em mãos. Anota e registra o estado do cultivo – por meio de textos, apontamentos e fotografias. A informação é transmitida para a sede da empresa, onde é analisada em tempo real por um engenheiro agrônomo que pode, em seguida, acionar a aplicação de defensivo ou outras providências. Tudo com gestão geográfica, ou seja, com a marcação exata da coordenada GPS do local onde se fez a anotação.
A experiência de controle da Helicoverpa mostra o potencial e a importância da adoção da mobilidade no campo. O mercado de tecnologia está atento ao desenvolvimento de soluções sob medida para esse setor. Já é uma realidade no Brasil o controle de plantio, insumos, colheita e fitossanitário por meio de dispositivos móveis.
Engana-se quem pensa na tecnologia como algo complexo. Ela está cada vez mais simples e amigável. A experiência mostra altos índices de aceitação dos trabalhadores à novidade e os dados de mercado revelam uma consolidada tendência de popularização desses equipamentos. Operar um tablet equipado com software de controle da lavoura tem de ser tão fácil quanto lidar com um smartphone para tarefas do dia a dia.
Em um setor de commodities, comercializadas a preços fixos, ganha prioridade a gestão eficiente dos custos de produção. Ou seja, a agroindústria é desafiada a usar melhor os insumos e o capital humano que tem para manter e aumentar sua margem de lucro. A Tecnologia da Informação (TI) contribui nesse processo ao integrar sistemas e permitir a atualização, consulta e análise de informações sobre a produção de forma rápida, sistematizada e confiável.
A precisão, segurança e rapidez oferecidas pela tecnologia, aditivadas pela mobilidade, são vitais para o sucesso do negócio. Um dia pode ser a diferença entre perder ou salvar uma safra. Na agroindústria, o tempo é latente na tomada de decisões. Se antes os controles de cada etapa da produção eram feitos em formulários de papel e levavam até cinco dias para chegar ao escritório, agora tudo pode ser feito com poucos toques, na palma da mão.
*Fabio Girardi é diretor do segmento Agroindústria da TOTVS
