Máquinas e Inovações Agrícolas

Motor agrícola exige manutenção diária para manter bom funcionamento

Equipamento exige manutenção diária para manter o bom funcionamento durante as operações das máquinas no campo

por Gustavo Paes – As máquinas agrícolas operam por horas seguidas e sob duras condições de campo, com poeira, barro e, dependendo da região, muito calor ou frio. Operações como preparo e cultivo do solo, adubação e plantio, assim como aplicação de defensivos e colheita, entre outras, exigem bastante do maquinário. E, como o produtor não pode correr o risco de ficar com o equipamento parado quando mais precisa, é necessário tomar cuidados essenciais na manutenção do motor.

Os especialistas recomendam, entre outras medidas, que o produtor siga as instruções do manual de operação e utilize peças originais. Além de apresentar maior qualidade, especificações ideais para cada uma das máquinas, ao serem instaladas pela concessionária, as peças genuínas possuem garantia de fábrica.

Peças originais

A garantia do bom funcionamento dos motores das máquinas agrícolas passa pelo uso de peças originais, conforme as especificações do fabricante. “O filtro de ar, por exemplo, serve para evitar que as partículas de impureza do ar cheguem à câmara de combustão do motor. Com ele em dia, reduz-se o desgaste em componentes do kit camisa/pistão/anéis, além de diminuir o consumo de combustível”, explica o especialista de marketing produto da FPT Industrial, Edinilson Almeida.

No sistema de alimentação de ar, a manutenção de filtros, mangueiras e braçadeiras íntegras impede a entrada de poeira no motor, evitando o desgaste prematuro e a perda de potência. Almeida salienta que é importante respeitar rigorosamente os períodos de manutenção (tempo) e utilizar peças e componentes de alta qualidade (genuína/original) e em conformidade com as especificações do fabricante.

O especialista considera que o sistema de injeção de combustível é o coração do motor diesel. Por meio da pressurização e da injeção de combustível, o sistema força-o no ar que foi comprimido à alta pressão na câmara de combustão. O sistema de injeção diesel consiste em bomba de injeção de combustível, tubo de alta pressão, bico injetor e filtro de combustível.

É importante realizar inspeções diárias, drenagem da água acumulada no pré-filtro e limpeza das impurezas, de modo que não ocasionem a restrição da passagem de combustível para o sistema de injeção, o que pode acarretar perda de potência do motor, além de entupimentos ou desgaste prematuro de componentes do sistema.

Manutenção do motor: lubrificação

Almeida diz que a manutenção preventiva do sistema de lubrificação garante que o motor não sofra danos. Assim, a prática avalia o nível de óleo, se há vazamentos e o momento da troca do óleo e do filtro para que o equipamento continue em perfeito funcionamento. Se possível, realizar anualmente a análise do óleo do motor para verificar o nível de desgaste e as condições do componente.

O especialista frisa que o sistema de arrefecimento é responsável por resfriar o motor, garantindo que ele funcione na temperatura ideal e mantendo o desempenho do equipamento. Ou seja, quando o arrefecimento não vai bem, as chances de superaquecer e até fundir o motor são grandes. O sistema de arrefecimento é composto pelas seguintes peças principais: radiador; bomba d’água; válvula termostática; sensores de temperatura; vaso expansor e mangueiras. Falhas no sistema de arrefecimento estão associadas à falta de manutenção preventiva. “Importante ficar atento e checar periodicamente correia, ventilador, bomba d’água, válvula termostática, nível do fluído, mangueiras, abraçadeira e o radiador”, ensina.

A transmissão é um conjunto de componentes que tem como principal objetivo levar a energia produzida pelo motor até as rodas. Outra função importante é regular o torque, a força que vai para as rodas por meio da seleção das marchas. Os principais cuidados com os sistemas de direção e transmissão estão relacionados a vazamentos. É importante checar periodicamente se há vazamentos de óleo nos cubos e nas mangas dos eixos. As caixas do diferencial e de marcha também devem ser checadas.

A lubrificação adequada, por meio da troca de óleo do motor, do sistema hidráulico e da transmissão, é fundamental para impedir o desgaste prematuro de peças que apresentam contato direto e estão expostas à cargas e condições extremas. “Em transmissões mecânicas, as manutenções básicas referem-se à troca de lubrificantes e filtros, variando períodos”, orienta. A manutenção do sistema hidráulico consiste na verificação de nível de óleo, sua troca e a substituição de filtros no período adequado. Um a cada três tratores e uma a cada três colheitadeiras comercializadas no Brasil são movidos por motores da FPT. A empresa lançou, na Agrishow, o motor FPT S8000 da nova geração Tier 3. Versátil, é ideal para aplicações abaixo de 75 kW (100 cv) de potência, sendo reconhecido e aplicado em muitos modelos de tratores na América Latina.

Qualidade do combustível

O gerente de Engenharia de Serviços da Cummins Brasil, Marcos Schiesari, avalia que a manutenção é vital para aumentar a vida útil do motor. E recomenda que o produtor faça uma breve avaliação diária na máquina, que não requer ferramentas especiais, habilidades específicas ou muito tempo. É uma análise visual buscando vazamentos, como de óleo do sistema hidráulico, mangueiras ou bolsas do sistema de ar furadas ou rasgadas, vazamentos de óleo do trem de força ou vazamentos no sistema de refrigeração do motor etc. E também verifique o nível de óleo na vareta do cárter do motor, se a colmeia do radiador está suja e o nível da água do sistema de arrefecimento. “Esta avaliação diária pode identificar detalhes que, se não tratados adequadamente, podem, em curto ou médio prazo, causar danos maiores aos sistemas do motor e ao equipamento”, alerta.

E cheque o sistema de combustível, verificando se no filtro primário (que fica geralmente preso ao chassi da máquina) existe água no compartimento inferior (comumente chamado de “copinho”). É recomendável drenar este líquido. A presença de água indica que o combustível está deteriorado e o ideal seria até mesmo substituí-lo, incluindo ainda a verificação do tanque do equipamento, bem como o tanque principal que abastece todas máquinas na fazenda.

A água causa oxidação do sistema de combustível, pode travar todo o sistema (bombas e bicos principalmente) e fazer com que a máquina perca desempenho, apresente fumaça e tenha dificuldade de partir, entre outros problemas. Schiesari diz que o combustível de má qualidade é o maior vilão que existe no campo em todos os segmentos (automotivo, geração de energia e agrícola). “Infelizmente, ainda nos deparamos com combustível de má qualidade no Brasil e, em operações mais afastadas, como fazendas, a disponibilidade e a logística para levar o diesel até estes locais são mais complexo, e se o manuseio não for correto desde a bomba até o tanque do equipamento, os riscos de contaminação são ainda maiores”, lamenta.

A Cummins fabrica motores de 2.8 litros a 95 litros para diversas aplicações. Para o segmento agrícola, a empresa oferece motores eletrônicos nacionais, que variam de 4.5 a 9 litros (QSB 4.5, QSB 6.7, QSC 8.3 e QSL 8.9). E duas versões importadas: QSX 15 litros e QSG 12 litros. Recentemente, a companhia anunciou a versão mais potente do QSB 6.7 para o mercado agrícola. Pertencente a linha de motores médios, o QSB 6.7, antes de 270 cv, agora conta com 295 cv, com torque de 1.051 Nm (anteriormente 990 Nm), atualizações que trouxeram redução de consumo de combustível. Os maiores clientes Cummins no setor são a Jacto, Pauny, Stara e Khun, mas a companhia também atende a Komatsu, Hyundai, XCMG e JCB, montadoras que atuam no segmento de construção e no setor agrícola.

Instruções do manual

O coordenador de serviços AGCO Power, Patrick Reimerink, orienta que o produtor siga as recomendações. O executivo lembra, por exemplo, que o sistema de alimentação de ar do motor das máquinas agrícolas possui um indicador de restrição de baixa pressão com luz de advertência no painel de instrumentos. Quando esta luz acende, está no momento de limpar o filtro de ar ou de realizar a troca do componente. Deve-se consultar o manual do operador e entender qual a instrução. “Também é importante manter o intercooler limpo, para que ele possa fazer a troca de calor apropriadamente”, assinala. A manutenção do sistema de combustível da máquina envolve outras questões além do motor, como o armazenamento do combustível na propriedade, segundo Reimerink. Os tanques de armazenagem devem estar limpos, secos e protegidos de luz e de temperaturas extremas. E também é importante garantir a contínua renovação do conteúdo dos tanques de estocagem para reduzir a presença de combustível envelhecido.

Deve ser feita semanalmente a drenagem de produto remanescente no fundo do tanque de armazenagem para a retirada de água, material microbiológico ou outras impurezas. “É recomendada a utilização de aditivos para estabilização do diesel, evitar o envelhecimento prematuro, acúmulo de água e proliferação de bactérias”, ensina. Reimerink observa que os motores eletrônicos possuem sensor de pressão do combustível no filtro de combustível e na entrada da bomba de alta pressão, ou seja, quando no painel acusar erro de saturação de filtro o mesmo deverá ser substituído, ou quando atingirem o número máximo de horas de operação também devem ser trocados, o que ocorrer primeiro.

A troca de óleo deve ser feita conforme o tipo de óleo lubrificante utilizado. “Vale ressaltar a importância de quando o operador for verificar o nível de óleo lubrificante, limpar a vareta de medição em pano limpo, livre de poeira e impurezas”, assinala. Já na manutenção do sistema de arrefecimento do motor, a recomendação é usar o fluido de arrefecimento genuíno e não utilizar água de torneira nem água de poço, para não danificar a bomba d’água e os demais componentes do motor.

Mais performance

A manutenção é de extrema importância para preservar a vida útil do motor das máquinas agrícolas. Ela evita desgastes e falhas prematuras, o alto consumo de combustível e de óleo lubrificante, reduz o risco de paradas do equipamento e gastos com reparações, minimizando os custos operacionais e evitando prejuízos. “E há o aumento de performance e maior índice de disponibilidade do equipamento, maximizando lucros”, destaca o diretor da Unidade de Negócios de Peças de Reposição e Marketing da MWM, Thomas Püschel.

O executivo frisa que é importante que os intervalos de manutenção sejam seguidos. “Esses dados foram definidos pela área de engenharia, de acordo com os requisitos de projeto do motor, garantindo o seu maior rendimento com a maior vida útil possível, evitando-se desgastes prematuros e custos desnecessários”, avalia.

O produtor deve usar peças genuínas, de alta qualidade e confiabilidade, que garantem a maior vida útil do motor. “A peça genuína mantém toda a caraterística desenvolvida pela nossa engenharia, assegurando e preservando os requisitos mínimos de sua atuação, como entrega da potência esperada, qualidade assegurada e confiabilidade no produto genuíno”, ressalta Püschel.

O gerente admite que o modo de operação da máquina influencia diretamente no funcionamento do motor. “Operações em condições severas e/ou em desacordo com as especificações do fabricante do equipamento, podem influenciar no desempenho e provocar falhas prematuras, até mesmo danos de maior gravidade, acarretando a perda do motor”, salienta.

Os motores MWM atendem a diversos segmentos. No agro, a empresa tem como clientes a Kuhn, Stara, Jacto, JAN, Pulverjet, Irrigabrasil, Pauny (Argentina), entre outros. Na Agrishow 2022, a MWM apresentou uma solução de transformação de veículos e máquinas, originalmente movidos a diesel, para operarem em biometano e/ou gás natural, por meio da instalação de sistema de alimentação a gás, novo motor com tecnologia exclusiva de combustão. O biometano é gerado a partir do tratamento e purificação do biogás, com a remoção resíduos e gases não combustíveis, como o dióxido de carbono, e é uma excelente alternativa para o abastecimento de máquinas agrícolas de alto rendimento.

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