A nanotecnologia tem proporcionado ganhos significativos a diversas áreas de negócios e, de acordo com inúmeras pesquisas que vêm sendo realizadas nos últimos anos, sua promessa não é diferente para o agronegócio, atividade que tem peso expressivo na economia brasileira. Especialistas no assunto afirmam que os desenvolvimentos a partir de seus estudos têm ganhado a cada dia mais importância e investimentos, e que num espaço de tempo não muito distante será realidade em inúmeros setores.
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Com total propriedade para falar sobre o tema, Caue Ribeiro, pesquisador da Embrapa Instrumentação, pontua que produtos nano serão introduzidos gradualmente na cadeia de produção de vários bens. “Havendo um potencial revolucionário para o setor agro, sim, se pensarmos que novos insumos mais eficientes estão sendo obtidos com base nessa tecnologia. No entanto, não devemos esperar algo de impacto imediato”, observa. Ele relaciona que hoje a balança comercial brasileira se sustenta no agronegócio e que isso se deve não a uma pretensa “facilidade” produtiva, mas a um conjunto de fatores favoráveis, como o clima tropical, características do solo e disponibilidade de água, atores que podem ser aproveitados graças aos investimentos em desenvolvimento tecnológico. “Mas isso precisa ter continuidade com a agregação da nanotecnologia, biotecnologia e outras áreas convergentes às necessidades do País”, atenta.
Assim, olhando para o futuro, é possível prever que a nanotecnologia poderá trazer benefícios à agricultura pelo diferencial de produtividade que deve gerar, por meio da utilização de insumos mais eficientes, pela valoração de seus produtos e subprodutos e pelo ganho em qualidade e rastreabilidade que irá proporcionar. Estima-se, inclusive, que isso refletirá na produção de alimentos com maior valor nutricional e menor quantidade de insumos, por conta de um sistema de cultivo mais eficiente e sustentável. Entre as tecnologias em pesquisa/desenvolvimento, figuram sensores nanométricos de nutrientes para análise de solos, que nada mais são que dispositivos que, inseridos na terra, convertem propriedades do meio em sinal elétrico. Sinais esses que são enviados para um computador que os traduz em informações sobre a umidade, condutividade, presença ou falta de algum nutriente no solo etc.
“Essas informações habilitarão o produtor a buscar soluções específicas para as necessidades da terra avaliada”, explica Ribeiro.
Outra pesquisa que está sendo realizada é com os hidrogéis, com nanotecnologia para retenção de água no solo. Nesse caso, trata-se de um polímero modificado que, inclusive, já está sendo produzido por algumas empresas. O diferencial da nova versão é que a Embrapa está tentando torná-la biodegradável e modificá-la com nanopartículas para que apresente características específicas, como a liberação de alguns insumos no solo. Já na área de fertilizantes nanoestruturados, embora o desenvolvimento interno ainda não tenha se encerrado, já estão em fase de buscar parceiros para continuar o processo de pesquisa em nível industrial.
“O que estamos trabalhando nesse produto é a sua liberação controlada para a cultura, ou seja, a nossa pretensão é que com uma única aplicação, gradativa, obtenha-se resultado similar ao atingido por meio do processo de adubação quando se repete”, comenta o pesquisador. O que ocasionará vários benefícios à lavoura, como apenas uma entrada de máquina na plantação, redução de gastos com mão de obra e produtos, além do aumento da eficiência do processo como um todo.