Máquinas e Inovações Agrícolas

Negócios aquecidos e reflexões sobre o setor sucroenergético

A palavra crise ganhou significado de oportunidade para o setor sucroenergético durante a 21ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergético (Fenasucro), que terminou no dia 30, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP).  Em uma edição histórica para a indústria da cana-de-açúcar, o evento provou-se importante na articulação de interesses de toda cadeia produtiva, incentivando a busca de soluções e mobilizando empresários, políticos, técnicos, consultores e pesquisadores em prol de um mesmo objetivo.

A previsão de uma safra recorde de cana-de-açúcar para 2013/2014, que deve atingir 635.32 milhões de toneladas (fonte: Datagro), volume 47.410 milhões de toneladas superior à produção de 2012/2013, reforçou a necessidade de investir em inovação e novas tecnologias. Para completar a lista de boas notícias, a aprovação pelo Senado Federal da Medida Provisória 613, que desonera impostos e facilita a concessão de crédito ao setor, foi mais um estímulo para que o público lotasse os 70 mil m2 da feira em busca de novidades das 550 marcas expositoras, entre elas empresas da Alemanha, França, Estados Unidos, Espanha e Índia.

Nas Rodadas de Negócios coordenadas pela APLA/APEX, 21 empresas estrangeiras vindas da Argentina, Bolívia, Colômbia, Guatemala, Quênia e Peru participaram de encontros comerciais com 52 empresas brasileiras. “Foram 450 reuniões até o dia 29, sendo 141 no primeiro dia, que resultaram em estimativa de geração de negócios da ordem de R$ 32 milhões, confirmando que a Fenasucro continua na pauta de importantes compradores internacionais em busca de máquinas e equipamentos capazes de oferecer mais eficiência à produção de açúcar e álcool. Divulgaremos os números finais nesta semana”, diz Flávio Castelar, diretor executivo da Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA).

A considerar os resultados alcançados pelos expositores durante os quatro dias de evento, a projeção de movimentar R$ 2,2 bilhões em negócios deve se confirmar. Até a quinta-feira (29), centenas de pessoas haviam passado pelo estande da Renk Zanini, que hoje responde por 85% (fonte: Aneel) do fornecimento de turborredutores para projetos de cogeração por biomassa.  “Verificamos nessa edição da feira um volume muito expressivo de visitantes internacionais. Iniciamos e finalizamos sete novos projetos, que devem movimentar cerca de R$ 20 milhões. Sem contar os negócios que começaram aqui, mas vão se concretizar posteriormente. Foi um evento altamente produtivo para nós”, disse Jamile Golfetto, gerente de Marketing.

Para a Caixa Econômica Federal, que disponibiliza as linhas Crédito Rural Caixa e Custeio Fácil Caixa, direcionadas ao custeio e investimento para a produção, a decisão de participar da Fenasucro é estratégica. “A receptividade tem sido muito boa. Fizemos muitos contatos e as projeções são para liberar pelo menos R$ 40 milhões de crédito nos próximos meses”, diz Leonardo Persinoti, gerente de Atendimento. As linhas têm taxas de 5,5% de juros ao ano, uma determinação pelo Banco Central para todo sistema financeiro. Como maior repassador de crédito do BNDES, o Banco do Brasil oferece taxas competitivas, a partir de 0,96% ao mês, e garantiu seu espaço na feira para apresentar aos expositores e visitantes suas linhas de financiamento. “Para o Plano Safra 2013/2014, a expectativa é liberar R$ 6 bilhões. Fizemos bons contatos na Fenasucro e temos 15 propostas em análise, das 50 abertas durante a feira”, diz Fábio Cristiano Danin Eusébio, superintendente estatual.

Viemos para lançar uma estrutura plástica para carreta de cana, chamada Semi Reboque Plasticana, e superamos todas as nossas expectativas”, comemora Luiz Roberto Raposo, gerente de Vendas da S & S Moldes. A meta da empresa era vender cerca de 200 peças durante a feira, mas para surpresa de todos, conseguiu comercializar 500 unidades, o que compromete sua capacidade fabril até junho de 2014. A visão otimista se multiplica pelos corredores da feira. Segundo Paulo César Silva, consultor comercial da Movequipe, que comercializa pontes rolantes e componentes, a empresa projeta terminar a participação na Fenasucro com prospecções da ordem de R$ de 2,5 a 3 milhões em negócios. Já a Alpina Orion concluiu contratos de venda de medidores de concentração que renderão R$ 300 mil, de acordo com Maximilian Goehler, diretor da empresa.

Além de toda plataforma de negócios, a Fenasucro promoveu oito eventos paralelos, entre seminários e congressos, reunindo 61 palestrantes de renome, oferecendo uma excelente oportunidade de atualização profissional. Também é indiscutível o impacto positivo que o evento gera para a economia da região. Nessa edição, foram injetados aproximadamente R$ 21 milhões – 6 milhões em investimentos da Reed Multiplus, 10 milhões em gastos com comércio e serviços locais, 5 milhões de investimentos dos expositores -, e gerados 14 mil empregos diretos e indiretos.

Esse ano, a remodelação da feira a partir de um novo layout, exposição setorizada, novos acessos, mais áreas verdes e melhorias em sua infraestrutura, deu um resultado muito positivo.  “Estamos extremamente satisfeitos e isso se reflete na renovação de contratos para 2014, que será mais um dos recordes dessa edição”, antecipa Fernando Barbosa, diretor da Reed Multiplus. O mesmo entusiasmo é compartilhado por Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE-Br. “Ano passado o setor investiu quase R$ 4 bilhões em plantio e renovação dos canaviais, por isso esse ano vai ter que investir em máquinas e equipamentos para ampliar a capacidade instalada das usinas. Para a realização da Fenasucro não poderia haver cenário mais positivo”.

 

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