Máquinas e Inovações Agrícolas

O pé de apoio dos equipamentos rebocados

É tão comum que geralmente nem é considerado uma parte da máquina. O pé de apoio, porém, é um acessório básico de quase todos os equipamentos rebocados; e não é só isso. Ele confere o destacamento e a disposição em repouso dessas máquinas, além de facilitar o seu reatamento. É fácil imaginar as dificuldades de execução dessas operações sem a presença deste valioso componente!

Tipicamente, o pé de apoio equipa reboques de eixo único, dumpers, enfardadeiras etc. Nesses casos, é instalado na dianteira, na parte em relevo do timão, numa posição específica para não criar obstáculo quando em repouso, e durante as fases de curva.

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A tipologia mais difundida até agora é mecânica: trata-se de um tubo de aço de seção quadrada ou redonda (onde na extremidade inferior está soldada uma estrutura que se apoia no chão, por exemplo, uma robusta chapa de ferro) que desliza telescopicamente dentro de um tubo idêntico por seção, mas logicamente de tamanhos um pouco superiores. O deslizamento é feito mediante uma manivela externa que age diretamente sobre um parafuso de adequadas dimensões.

Soluções como a descrita ainda são adotadas em reboques de capacidade reduzida, destacados do trator quando estão vazios. Caso contrário, o esforço físico do operador durante a fase de destacamento seria alto, assim como a adequação a eventuais alturas diferentes na fase de reatamento. Em alguns casos, especialmente em equipamentos leves, a chapa de base é, no geral, substituída por uma roda giratória (que pode ser dobrável, para reduzir o tamanho no repouso); isso permite deslocar manualmente os equipamentos, mas somente no plano e em pavimentação uniforme. O dobramento da roda pode ser automático ou manual. No primeiro caso, uma leve pressão em uma mola é suficiente para levar a roda para a posição de repouso, enquanto, ao contrário, existe uma trava removida manualmente.

Já em máquinas de porte maior, são instalados pés mecânicos equipados com redutor, situação em que estrutura básica é muito parecida à anterior, porém o movimento no parafuso é transmitido mediante um redutor de ângulo, o qual diminui de maneira significativa os esforços do operador. Assim, é possível destacar também reboques de 20 toneladas de carga cheia.

Destacado, mas seguro! Geralmente na agricultura se pensa que o perigo, quando percebido, existe apenas na fase de trabalho. Não é bem assim: há riscos potenciais também em outros momentos. Em particular, as estatísticas indicam que a operação de encaixe e desencaixe dos equipamentos é uma delas, inclusive a sua disposição em repouso.

Trabalhar com segurança requer, antes de tudo, cuidadosa escolha do lugar onde efetuar o destacamento da operadora: para evitar movimentos indevidos ou, pior ainda, tombamentos, a superfície identificada deve ser horizontal e com pavimentação regular. Para os reboques, e os equipamentos a eles acopláveis, antes de remover o pino de junção, é necessário verificar se o aparelho de freio de estacionamento, quando houver, foi inserido corretamente. Trata-se de dispositivos mecânicos ou automáticos, neste último caso de acionamento negativo, isto é, que agem nos freios em caso de falha na pressão de fluido de serviço, ar ou óleo hidráulico.

Se for preciso estacionar o reboque em terreno inclinado, é fundamental aplicar também os calços trava-roda. O mesmo procedimento se aplica à roda do pé de apoio, sempre quando houver; em alternativa, é necessário dispô-la no sentido perpendicular às rodas principais.

O pé com o câmbio. A versão manual é a mais simples do pé de apoio e, justamente por isso, parece não haver nada que possa torná-la mais prática e eficiente. Mas não é bem assim: o fabricante italiano Simol se destacou pela inovação apresentada em 2012 no Concurso Novidades Técnicas da feira internacional de máquinas agrícolas EIMA, na Itália. Em particular, trata-se de pés mecânicos instalados em equipamentos pesados, que possuem redutor para diminuir drasticamente o esforço do operador. No entanto, sua baixa velocidade de movimento prolonga ainda mais o tempo dedicado à operação, para a qual geralmente se tentou reduzir sua amplitude, efetuando um levantamento parcial, ou, pior, estendendo apenas em parte o pé, interpondo entre a chapa de base e o terreno um pedaço de madeira ou outros espaçadores postiços. Em ambos os casos, a estabilidade da máquina torna-se perigosamente precária. A solução da Simol insere nas engrenagens do redutor um simples câmbio de velocidade a alavanca, que permite a adoção de uma velocidade de alta extensão no trajeto sem carga, podendo, entretanto, sucessivamente “reduzir a marcha” quando o pé se apoia no chão e começa a suportar a carga do equipamento, mantendo o esforço físico nos níveis razoáveis.

Simples, mas eficaz. Na maioria dos casos, com o pé de apoio é possível regular a altura entre o timão e o chão e, consequentemente, do encaixe que, com o pino, se acopla ao gancho de reboque do trator. Isso possibilita o destacamento e o reatamento do equipamento a tratores de dimensões variadas e também em superfícies não perfeitamente horizontais. Outras máquinas operadoras, diferentemente, contam com pés de apoio mais simples, cuja função é manter em equilíbrio o conjunto quando está em repouso. Trata-se de simples caixas de aço (ou pratos) adequadamente dimensionadas, em geral aplicadas dentro dos equipamentos. Muitas vezes, são fixadas com parafusos, ou se adotam pinos com espinhos de segurança.

A altura do apoio não é regulável em continuidade, mas a intervalos fixos determinados pela distância dos furos do parafuso ou do pino de trava. Além disso, existe um furo no fundo, que levanta completamente o pé, reduzindo ao máximo o seu tamanho, sem ter que desencaixá-lo do lugar, evitando, desse modo, que possa ser perdido ou esquecido em alguma fase do trabalho.

Tarefas especiais. Para a maioria dos equipamentos agrícolas, o pé de apoio deve providenciar uma estabilidade adequada da máquina somente em condições de repouso. Todavia, equipamentos que de sua natureza possuem um baricentro alto e podem requerer soluções mecanicamente mais acuradas; é o caso, por exemplo, daqueles que se fixam diretamente ao trator e trabalham em colheitas especializadas de desenvolvimento vertical, como podadores, tosadores, desladroadoras químicas etc. Ainda não existem pés simples, mas verdadeiros suportes verticais, munidos de estruturas de apoio de amplitude adequada. Em outros casos mais complexos, em que é necessário assegurar não apenas a estabilidade estática, mas também a dinâmica da máquina durante a sua atividade normal, os pés de apoio assumem dimensões importantes e, por isso, são movimentados hidraulicamente. Antes de começar a fase de trabalho, é preciso colocar corretamente todos os pés de apoio no chão; além disso, para minimizar ou anular o volume, na fase de transporte são encaixados dentro da silhueta do equipamento. Outras máquinas, equipadas com aparelhos operantes que trabalham em cima ou dentro do terreno, e que devem manter uma altura constante da sua superfície, possuem apoios de trenós, também capazes de assegurar a estabilidade na fase de repouso.

Cilindros hidráulicos. Um formidável impulso à praticidade de uso dos pés de apoio foi dado pela introdução dos cilindros hidráulicos, que dispensam qualquer esforço do operador. Os modelos mais simples são constituídos por um cilindro de efeito duplo fixado no timão; na extremidade inferior (geralmente na haste) está soldada uma robusta chapa que evita o risco de afundamento em terrenos bem macios. Para evitar danos à haste, às vezes todo o cilindro fica contido em uma gaiola de proteção, frequentemente constituída por um simples tubo de aço.

É conveniente que o atamento entre o cilindro e a máquina ocorra por meio de suportes, que confirmam uma ágil troca do pé de apoio, quando danificado. Já o cilindro é, na maioria das vezes, soldado diretamente no timão. Trata-se, nesse caso, de uma solução simples e econômica, mas de custos mais elevados em caso de substituição.

O cilindro hidráulico deve ser conectado a um distribuidor do trator, munido de válvula de trava para evitar queda indevida do timão em caso de ruptura dos tubos. Se no reboque já estão previstas outras utilidades hidráulicas (por exemplo, o viramento do plano de carga ou a abertura das bordas), para permitir o seu acoplamento também a tratores com poucos distribuidores, é preferível obter o fluxo hidráulico mediante válvulas de comando manual que realizam o desvio, e que estão montadas na armação do equipamento.

Também existem dispositivos de movimentação hidráulica mais complexa, com estrutura metálica encaixada com dobradiça à operadora comandada por um cilindro colocado obliquamente: trata-se de soluções adotadas exclusivamente em equipamentos rebocados, como carregadores, guindaste-aranha etc., que devido aos pés de apoio aumentam a estabilidade dinâmica na operação normal da máquina, e não apenas em situação de repouso.

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