Máquinas e Inovações Agrícolas

Pneu agrícola: o curinga do campo

por Leandro Pavarin

As máquinas super tecnológicas e de alta potência que aos poucos chegam e tomam conta das lavouras brasileiras, apesar de mostrarem todo seu aparato de recursos disponíveis e desempenho impressionantes, cada vez mais têm no pneu um item indispensável para alcançarem seu melhor rendimento em termos de performance operacional e custo benefício. 

De nada valeriam todos os recursos presente no maquinário que garante potência e automação a tratores, pulverizadores, colhedoras, não fossem os avanços da indústria de rodados no sentido de aperfeiçoar este acessório indispensável, e que muitas vezes passa desapercebido, mas que desempenha função estratégica sobre o desempenho econômico da máquina.

Ao ganho de potência das máquinas corresponderam uma série de adaptações e aperfeiçoamentos dos rodados pneumáticos ao longo do tempo. A necessidade de aumentar o rendimento da operação agrícola levou ao aumento da largura e capacidade de trabalho das máquinas e implementos.

Os pneumáticos passaram de simples dispositivos de conforto, a elementos de propulsão cada vez mais eficientes e adaptados a diversas situações de campo. Não é por acaso ou modismo que existem tantas medidas e configurações de bandas de rodagem. A diversidade de modelos reflete a busca dos fabricantes em oferecer pneus que melhorem seu desempenho em determinadas situações de solo.

O modelo de pneu de tração mais utilizado na área agrícola é o R1, que corresponde a uma altura regular das garras e é recomendado para serviços em geral. O modelo R2, que possui uma conformação com altura das garras mais profundas, o dobro da altura de barra do R1 e é recomendado para as operações nas culturas alagadiças típicas do arroz, e para serviços em solos de baixa sustentação e/ou úmidos. Já o R3, com garras rasas, é mais recomendado para solos arenosos e vulcânicos ou ainda com grandes teores de humos, tais como aqueles encontrados em pomares e plantações de café, entre outros.  

O surgimento dos pneus radiais, com mais flexibilidade nos costados e menor pressão de ar interna, é talvez a mudança mais representativa na evolução dos pneumáticos. A queda das tarifas de importação para componentes de construção radial voltados especificamente para máquinas agrícolas e, posteriormente, o avanço no processo de nacionalização dessa tecnologia causou o que nós podemos chamar de primeira grande revolução da indústria nacional de pneus com foco na produção agrícola. 

Isso, no entanto, não significa que o agricultor irá abandonar por completo o bom e velho pneu diagonal. Digo bom e velho por se tratar de uma tecnologia precursora da utilização de máquinas nos campos brasileiro e que ainda hoje continua a cumprir seu papel. Por exemplo, para um serviço onde o terreno está sendo cultivado há bastante tempo, o radial é melhor. Porém, para terrenos de primeiro cultivo, onde ainda se encontram tocos e pedras em grande quantidade, o diagonal é o mais indicado, pois dada a sua construção, tem o costado mais resistente e suporta melhor as adversidades do terreno.

Não existem estatísticas oficiais sobre o índice de radialização no Brasil (frota de máquinas e implementos agrícolas equipadas com pneus radiais). Estudos mostram que esse índice gira em torno de 5% da frota em atividade dos cerca de 1,2 milhões de máquinas em operação. Apenas para efeito de comparação nos Estados Unidos o índice de radialização já é de cerca de 50% entre os equipamentos novos e na Europa chega a 90% em alguns países.

Leandro Pavarin é gerente de vendas Brasil da Titan Pneus, fabricante da linha Goodyear Farm Tires

Em resumo isso significa que a radialização ainda é uma tendência que engatinha no agronegócio brasileiro, mas que aos poucos ganha força e novos produtores interessados em descobrir suas vantagens na aferição de ganhos e menor impacto na compactação dentro da lavoura. A indústria segue avançando e outras tecnologias como o pneu de perfil baixo e o pneu de alta flutuação, aos poucos viram realidade e comprovam sua eficácia no campo. O futuro ainda reservar muitas boas novidades ao produtor rural. Para isso estamos e vamos continuar trabalhando.

 

 

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