Máquinas e Inovações Agrícolas

Produtor tem mais economia e eficiência com colhedora CH950

Investimento na colhedora CH950, da John Deere, rendeu à usina Bioenergética Aroeira redução no volume de combustível usado, além de favorecer o aumento da produção

A safra de cana-de-açúcar 2023/24, que se inicia em abril no Centro-Sul do Brasil, pode produzir de 560 a 595 milhões de toneladas de cana, contra 538,98 milhões de toneladas da temporada 2022/23 (dados até dezembro, divulgados pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento). Desse volume, 97% da cana já é colhida de forma totalmente mecanizada. Mas nem sempre foi assim. Por muito tempo, a colheita se deu de forma manual, através da queima da planta. As primeiras colhedoras (semi-mecanizadas), só surgiram por volta das décadas de 1950 e 1960, com a importação de máquinas da Austrália, sendo substituídas, gradualmente, pelos modelos mais atuais, produzidos no País, a partir da década de 1970. 

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Grande parte dos investimentos na produção desse tipo de equipamento, só se intensificou com a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, que impactou diretamente a produção de cana em todo País. O programa foi uma iniciativa do governo brasileiro de incentivo à produção de álcool combustível (etanol) para substituir o uso da gasolina, em resposta à crise mundial do petróleo, durante a década de 1970. 

Soma-se a esse cenário, a aprovação do protocolo ambiental do Estado de São Paulo, em 2007, em defesa do meio ambiente, que deu passagem para que o governo firmasse com o setor sucroenergético um protocolo de boas práticas agroambientais, condenando as queimadas. Além disso, os visíveis resultados obtidos com a mecanização, como aumento de produção, redução na mão de obra e de custos com combustíveis, por exemplo, explicam o percentual alto no uso do equipamento em todas as etapas, incluindo a colheita.

 Atenta aos resultados

A Bioenergética Aroeira é uma das usinas que consegue contabilizar na ponta do lápis os ganhos com a mecanização na colheita da cana. O grupo, formado por empresas instaladas no município de Tupaciguara, a 50 km de Uberlândia (MG) tem como principal atividade a exploração e o cultivo de cana-de-açúcar. Há dois anos, ampliou sua frota de equipamentos, com a aquisição de duas colhedoras CH950, da John Deere, uma em 2021, e outra no ano seguinte.

“A primeira máquina chegou na empresa em meados da safra 21/22, em julho de 2021, por meio de um trabalho, em conjunto com a Concessionária Maqnelson e a fábrica da John Deere, que envolveu desde apresentação, conhecimento até o acompanhamento de performance do novo projeto. No ano seguinte, na safra 22/23, adquirimos outra colhedora e formamos uma frente de trabalho com dois equipamentos”, afirma Henrique Soares Naufel, gerente de Motomecanização há quatro anos e que hoje está à frente de todas operações mecanizadas e da oficina automotiva agrícola da empresa.

O executivo explica que a aquisição das colhedoras da marca John Deere não se deu para corrigir algum tipo de falha ou problema no processo de produção da empresa mas, sim, como uma estratégia de negócio. “Enxergamos uma oportunidade de melhoria no processo de colheita. Estávamos em busca de melhorar a performance em produção e o consumo de combustível e reduzir o custo operacional do processo”, assinala.

Ele conta que, como o equipamento já está em trabalho por uma safra e meia, foi possível aprender muito nesse período, mas que a companhia segue em uma ascendente de conhecimento e adaptação com a operação e manutenção do equipamento. “Para isso, contamos com o apoio da concessionária e da fábrica, durante todo esse tempo, que nos ajudou a extrair melhores resultados possíveis”, destaca.


RAIO-X DO SETOR O mercado agrícola aguarda uma maior produção da cana-de-açúcar na temporada 2023/24. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, estimativas apontam que o Centro-Sul pode produzir de 560 a 595 milhões de toneladas de cana, contra 538,9 milhões de toneladas da temporada 2022/23 (dados até o dia 16 de dezembro), conforme números da Unica. O primeiro boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está previsto para o dia 26 de abril, quando serão confirmados os números da safra 2022/23 e perspectivas para a nova temporada. “Quanto ao mix de produção, ainda não existe posição final de usinas, mas dentre os principais fatores que devem conduzir essa decisão tem-se o direcionamento do atual governo federal e a política de preços a ser adotada pela Petrobras, que podem definir a competitividade relativa do etanol com a gasolina”, disseram os analistas do Cepea. Por enquanto, as estimativas são de que a produção de açúcar na região Centro-Sul cresça e some de 36 a 37 milhões de toneladas na temporada 2023/24. Na temporada passada (2022/23), a produção de cana-de-açúcar no Brasil foi marcada por baixos índices pluviométricos, aliados às baixas temperaturas registradas na Região Centro-Sul, que representa cerca de 90% da produção total do País. No terceiro e último levantamento da safra 2022/23, divulgado em dezembro pela Conab, a produtividade nacional estava estimada em 72 t/ha, 3,9% superior à obtida na temporada 2021/22, quando o clima foi ainda mais adverso para o setor. O levantamento mostrou ainda uma produção de 598,3 milhões de toneladas, crescimento de 4,5% sobre o segundo levantamento da safra sucroenergética. O crescimento foi motivado por ajustes na área colhida e produtividade obtida, principalmente em São Paulo, maior produtor do Brasil. A área de colheita foi ajustada em 2,3%, também em relação aos dados apurados em agosto, alcançando 8.307,3 mil hectares. Sudeste – Com a maior produção do País, equivalente a 63% da safra nacional, o volume colhido foi 4% superior ao da safra passada. A área colhida caiu para 5.107,8 mil hectares devido à concorrência da cana-de-açúcar com outras culturas. Centro-Oeste – Semelhante à Região Sudeste, houve pequenos ajustes na área e na produtividade em relação ao levantamento anterior. A área de 1.781,7 mil hectares é menor que à do ano passado.  Nordeste – Devido a problemas climáticos na última safra, muitas lavouras foram abandonadas ou dedicadas a outros fins, na última safra. Na temporada 2022/23, estas áreas retornaram à produção, observando-se um crescimento de 3,2% na área a ser colhida. Sul – Nos últimos anos, a região tem perdido consistentemente área de cana-de-açúcar para outras culturas como soja, milho, mandioca e pastagens. A área colhida estimada para a safra é de 496 mil hectares, 5,2% abaixo da anterior. Norte – Apesar do incremento de área e de produtividade em relação à safra passada, a região é responsável por menos de 1% da produção nacional. A previsão é de se se colher 3.951,1 mil toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/23.


De acordo com Naufel, a produção está sendo 80% acima e o consumo de combustível 20% abaixo do equipamento convencional de uma linha. “Nossa expectativa e objetivo é manter esses resultados com o aumento da vida do equipamento”, afirma. Para a safra 2024/25 o objetivo é de expandir a frota de colhedoras modelo CH950.

“Neste um ano e meio, os equipamentos entregaram o que esperávamos em produção e redução de consumo de combustível, consequentemente redução do custo operacional. Mas acredito que temos oportunidades e desafios nas próximas safras para que o equipamento mantenha estável e viável na nossa operação”, projeta. 

A Bioenergética Aroeira é uma empresa relativamente nova, com 14 anos, que tem se destacado pela ascendente expansão. Para a safra de 2023/24, a expectativa, conforme o executivo, é de que sejam processados 3,2 milhões de toneladas de cana. Hoje a usina tem 1,2 mil funcionários e 185 equipamento motores.

Inovação na colhedora CH950 

De acordo com a John Deere, a colhedora CH950 é um projeto pioneiro para colheita de duas linhas simultâneas nos canaviais de espaçamentos simples de 1,4m ou 1,5m.

Principais características da CH950

Tecnologia RowAdapt ajusta automaticamente os dois conjuntos de corte e alimentação;

Duas linhas de corte simultâneo e independentes para espaçamentos de 1,4 e 1,5m;

Redução da compactação, do pisoteio e danos a soqueiras, trazendo mais longevidade e produtividade;

Redução significativa de perdas de cana.

A colhedora CH950 trabalha com a mesma velocidade das máquinas de uma linha, o que gera impacto direto na redução da mão de obra e no consumo de combustível. “Os ganhos em eficiência e economia de combustível são notórios. O equipamento proporciona uma redução de consumo de combustível em torno de 30%, o que permite maior economia e sustentabilidade”, afirma Rodrigo Junqueira, gerente da divisão de Negócios da John Deere.

A colhedora CH950, conforme divulga a fabricante, traz eficiência e números significativos, como quase o dobro da produtividade, 28% menos necessidade de tratores transbordos, 50% de redução de perdas por estilhaço (aproximadamente 3 toneladas por hectare), e 60% a menos em área compactada. Agronomicamente, a diminuição da compactação do solo já mostra benefícios na brotação e no desenvolvimento das soqueiras.

Para a melhor performance, explica o executivo, é preciso se atentar a dois pontos principais: sistematização e colheitabilidade. “É importante evitar “matações” nas linhas de sulcação do canavial e tiros longos sem carreadores de acesso que facilitem a logística. A máquina deve colher posicionada nas linhas gêmeas, ou seja, onde foi o rastro do trator de plantio, para evitar que haja variação de distância entre as linhas que estão sendo colhidas”, assinala o executivo. 

Outro diferencial da colhedora CH950 são os Centros de Soluções Conectadas (CSC), lançados em 2020 pela John Deere. Trata-se de um serviço de suporte remoto às operações agrícolas de clientes e parceiros que usa uma base de dados – colhidos pelas próprias máquinas durante as operações – para identificar oportunidades de redução de custos e otimização de equipamentos. 

O executivo destaca ainda que a inovação tem sido uma das prioridades da marca. Globalmente, a companhia investe US$ 6,7 milhões todos os dias em Pesquisa e Desenvolvimento.

“A colhedora CH950, é um projeto sustentável, tanto do ponto de vista ambiental quanto financeiro, pensada para os agricultores. Desenvolvida para oferecer uma maior longevidade e produtividade do canavial, possui tecnologia e evolução desde os cortes de base, que copiam o solo de forma independente, até o sistema de limpeza, que proporciona uma limpeza mais eficiente com 50% de redução de perdas por estilhaços. Sermos parte desse desenvolvimento do campo é muito satisfatório, mas é só um dos muitos passos rumo ao avanço sustentável que damos”, finaliza Junqueira.

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