Máquinas e Inovações Agrícolas

Projetos de pesquisa e desenvolvimento lideram aportes financeiros

Em plena fase de expansão, o segmento brasileiro de máquinas agrícolas vem atraindo a atenção de grandes e tradicionais players, assim como de novas empresas. As indústrias não poupam esforços e direcionam recursos para o País, afinal, estudos indicam que, devido ao aumento populacional, a produção de alimentos, em nível global, deve crescer 70% até 2050, o que exige investimentos de 50% na agricultura.

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O Brasil surge nesse contexto como uma espécie de “galinha dos ovos de ouro” e tem importante papel como fornecedor mundial, em razão de uma conjuntura favorável de mercado (sucessivos recordes de produção de grãos, boa produtividade e preços competitivos das principais commodities), abundância de recursos naturais (solo, água Mercado e clima apropriado, que propiciam a colheita de duas safras anuais) e pacote de tecnologias (energias renováveis, integração lavoura-pecuária-floresta, plantio direto, apenas para citar algumas). Nem o Custo Brasil atrapalha a corrida de investimentos.

Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos – América Latina da John Deere

Tanto na produção de alimentos como no desenvolvimento de infraestrutura, a John Deere vislumbra o potencial brasileiro. “A empresa está passando por uma grande fase de expansão no País e vive um momento especial de consolidação e crescimento estratégico, alicerçada em uma política de investimento consistente, para que suas unidades mantenham os níveis de produtividade”, destaca Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos – América Latina.

Entre 2010 e 2012, foram injetados mais de US$ 2 bilhões em fábricas, produtos, aquisições e tecnologias no Brasil, o segundo maior mercado da multinacional. Além disso, no ano passado, a companhia iniciou suas operações no setor de máquinas e construção: retroescavadeiras, pás-carregadeiras e escavadeiras. As duas novas fábricas, localizadas em Indaiatuba (SP), receberam recursos de US$ 180 milhões (US$ 124 milhões da empresa e o restante da Hitachi).

Também em 2012, a John Deere assinou com a Embrapa um termo de Cooperação Técnica para Rede de Fomento de iLPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), com uma contribuição financeira individual de R$ 2,5 milhões, durante cinco anos. Outra iniciativa, o Projeto Biomas – parceria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com a Embrapa –, com igual duração, a contar de 2011, recebeu aporte de R$ 2,2 milhões. A proposta é desenvolver trabalhos científicos e técnicas agronômicas sustentáveis nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas.

Outro projeto em andamento é o Centro Latino-Americano de Inovação Tecnológica, em Indaiatuba, com o objetivo de encontrar soluções diferenciadas para os produtos e serviços oferecidos pela marca, de acordo com as necessidades dos mercados agrícola, de construção e florestal.

Vice-presidente da AGCO, André Corioba, afirma que a empresa continuará investindo em novas fábricas

A AGCO, responsável pelas marcas Challenger, Fendt, GSI, Massey Ferguson e Valtra, inaugurou, em maio deste ano, nova área de pintura em Santa Rosa (RS), com recursos de R$ 65 milhões. “Investimentos em equipamentos industriais, baseados em nanotecnologia, resultarão em um processo de fabricação seguro, com baixa geração de resíduos, isento de metais pesados e solventes, além de reduzir o consumo de água”, explica André Carioba, vice-presidente sênior para América do Sul. Segundo o executivo, a empresa continuará investindo em fábricas, novas tecnologias, agricultura de precisão e qualificação da rede de concessionárias, além de incrementar os negócios da GSI (equipamentos para armazenagem e produção de proteína animal).

Depois de duas décadas voltada à produção de implementos agrícolas, a Budny estreou em 2010 no mercado de tratores e, no ano passado, inaugurou uma fábrica em Içara (SC), onde fica a sede da empresa, com recursos de R$ 30 milhões.

Para Carlos Budny, presidente da Budny, investimentos refletem a credibilidade da marca no segmento agrícola nacional

A companhia também divulgou aporte financeiro, de R$ 35 milhões, para a construção de outra planta de tratores, em Ji-Paraná (RO). De acordo com o presidente, Carlos Budny, o investimento reflete a credibilidade da marca no segmento agrícola nacional.

Considerando toda a cadeia produtiva, os investimentos podem ultrapassar R$ 100 milhões, em estrutura, logística, desenvolvimento, valor agregado à marca, novas tecnologias, engenharia em pesquisa e desenvolvimento (P&D), pós-venda, marketing”, detalha. Na opinião do executivo, embora o Custo Brasil “seja sempre um problema”, a empresa tem que se adequar e trabalhar muito para conquistar um mercado dinâmico e em crescimento. “A globalização é a solução para ter a melhor tecnologia em qualquer parte do mundo”, diz ele, lembrando que o projeto de exportação de tratores Budny mira o Mercosul e o continente africano.

Capital asiático. Empresas asiáticas também entraram na corrida para conquistar espaço em solo brasileiro. A coreana LS Tractor, do grupo LS Mtron, instalou uma unidade em Garuva (SC). A partir de julho deste ano, começa a comercializar máquinas fabricadas no Brasil. “O projeto prevê a produção anual de 5 mil tratores de baixa potência, de 25 cv a 100 cv, que representam cerca de 70% das vendas deste equipamento no País. Os investimentos devem superar os US$ 30 milhões”, conta o vice-presidente da LS Mtron, Kwang Won Lee. Na opinião do executivo, o potencial de tecnologia dos tratores LS e o ganho de produtividade que vão acrescentar nas tarefas realizadas na propriedade serão fortes argumentos para conquistar o mercado brasileiro.

Jean Anwandter, diretor comercial e marketing da Bramont, do Grupo Gildemeister

Outra asiática que aportou no País foi a montadora indiana Mahindra, que investiu R$ 150 milhões na construção da sua fábrica de tratores em Dois Irmãos (RS). “A produção em massa está prevista para outubro”, informa Jean Anwandter, diretor Comercial e Marketing da Bramont, do Grupo Gildemeister, distribuidor da Mahindra na América Latina. Anwandter destaca a importância do mercado brasileiro. “Se você não investe em fábricas no Brasil, é muito difícil entrar no mercado, pois o custo de CBU (Complete Built Units) é muito elevado, devido aos impostos.” O investimento total da empresa alcança R$ 150 milhões e inclui outras unidades da Bramont: a ampliação da fábrica de utilitários Mahindra (picapes) e a construção da sua primeira indústria de motocicletas no País, ambas em Manaus.

Em agosto, a chinesa SDLG, da Shandong Lingong Construction Machinery Co. Ltd., iniciará a produção de escavadeiras no Brasil. Para tanto, investiu US$ 10 milhões na construção da unidade de Pederneiras, SP, junto ao complexo industrial da Volvo Construction Equipament, que detém 70% das ações da empresa.

Enrique Ramírez, diretor de Negócios da SDLG para a América Latina

O Brasil é um mercado chave para a SDLG e representa 80% das vendas da empresa na região”, afirma Enrique Ramírez, diretor de Negócios da SDLG para a América Latina. No ano passado, a empresa liderou as importações de carregadeiras da China para o Brasil, com 555 unidades (14% de participação do mercado). “Além de reduzir os prazos de entrega e acelerar o abastecimento da rede de distribuição, passamos a oferecer aos clientes o acesso a melhores condições de financiamento, como o Finame”, enumera as vantagens da produção nacional das escavadeiras SDLG.

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