A resolução 403 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) entrou em vigor em 1º de janeiro de 2012 e, por meio do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve- P7), estabeleceu limites mais rígidos para emissões de poluentes por veículos nacionais pesados com motores a diesel. A mudança para o setor agrícola só passará a vigorar daqui a quatro anos – a partir de 2017 –, quando todo maquinário novo, nacional ou importado, integrará o Proconve e também terá de se adequar aos limites de emissão de poluentes.
“As adaptações serão necessárias somente quando o equipamento agrícola tiver de atender a um limite”, ressalta o engenheiro da área de desenvolvimento de fornecedores da John Deere, Michal Kulpa Neto.
Com a nova exigência, serão necessárias alterações nos motores, nos sistemas de gases de escapamento e redução no teor de enxofre. O diesel que atualmente atende às especificações de menor teor de enxofre do setor automotivo é o S-50 (50 partes por milhão – ppm), representando 10% de todo o óleo diesel comercializado pela BR em comparação com outros produtos, como o S-500 e o S-1800, segundo Luis Carlos Sanches, diretor da Petrobras Distribuidora. Ele admite que “a procura tem sido muito grande”.
No mês de janeiro, um novo diesel com teor de enxofre ainda menor chegou ao mercado: o S-10 (10 ppm de enxofre). Ele coexistirá com o S-1800 e o S-500, até que estes sejam substituídos por opções “mais limpas”. As projeções indicam que, em 2014, o S-10 já terá alcançado abrangência nacional, e os pontos de venda ofertarão apenas dois tipos de diesel automotivo, o S-10 e o S-50.
A chegada ao mercado desse diesel, aliada à nova tecnologia nos motores, poderá promover uma redução significativa na emissão de poluentes. Na nova fase da Proconve- P7, uma redução de 87,3% do óxido de nitrogênio (NOx) e de 96,3% de material particulado em comparação com o início do programa, em 1986, é esperada. A indústria de veículos já está preparada para receber o diesel com sistema de diagnóstico de falhas a bordo (On Board Diagnose), responsável por detectar combustível inadequado no ARLA 32, um reagente líquido à base de ureia usado para neutralizar o óxido de nitrogênio. Por outro lado, a indústria de máquinas agrícolas – beneficiada pelo prazo mais extenso da resolução ambiental – ainda não formulou estudos sobre o S-10, já que não há nenhuma exigência que regulamente a emissão de poluentes ou exija que essas máquinas utilizem determinado tipo de diesel.
“Não temos legislação no momento que ordene a utilização. Ainda é muito cedo para isso”, ressalta o representante de suporte ao cliente da fábrica da John Deere em Horizontina, Eder Neumann. O diretor técnico da Agrale, Pedro Soares, vai além e acredita que a possibilidade de utilização do S-10 em maquinário é remota: “É pouco provável que esse diesel venha a ser utilizado, devido ao seu alto custo e à dificuldade de produção/distribuição”, avalia.