Clarisse Sousa, de Ribeirão Preto (SP) – O Banco Santander demonstrou otimismo em relação ao atual cenário do agro brasileiro. Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (28/04) na Agrishow, o diretor de Agronegócio do banco, Carlos Aguiar, afirmou que, apesar da ressaca deixada pela safra anterior — marcada por uma queda de 10% no volume e preços pelo menos 30% inferiores em relação ao ciclo anterior —, a instituição acredita que o setor está em trajetória de recuperação.
De acordo com Aguiar, fatores climáticos como seca e as enchentes no Rio Grande do Sul impactaram a produtividade em 2024. Ainda assim, a safra atual já demonstra bons resultados, na opinião dele.
Para a temporada 2024/25, com maior área plantada e condições climáticas mais favoráveis, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma safra recorde de grãos, com expectativa de colher 330,3 milhões de toneladas.
“Na safra atual, plantou-se achando que seria uma safra regular, mas colheu-se uma safra recorde”, ressaltou, destacando que, com exceção do Oeste do Rio Grande do Sul e do sul do Mato Grosso do Sul, praticamente todas as regiões alcançaram bons resultados. Os preços, inclusive, ficaram cerca de 10% acima do planejado, o que, aliado ao maior volume, resultou em melhor rentabilidade.
O banco, no entanto, reconhece que a ressaca financeira — provocada por juros elevados e dificuldades para honrar compromissos passados. “O que vai na contramão é os juros mais altos. Se plantou em setembro. Em setembro a projeção de juros para esse ano era 9%, nós estamos em 14%”, que ainda deve persistir por mais duas ou três safras, conforme Aguiar.
Esse cenário de juros mais altos pesa sobre a rentabilidade. Para ajudar na retomada, ele afirmou que o Santander está trabalhando para “flexibilizar prazos de pagamento e dar mais fôlego aos produtores”.
Sobre a atuação do banco, o executivo destacou que a expectativa é de um crescimento moderado na carteira de crédito agrícola em 2025. “Para o Santander eu enxergo uma carteira crescendo pouco, muito mais próximo de estabilidade, ou 5% de crescimento do que um crescimento exponencial como nos últimos anos. Só para você ter uma ideia, nos últimos nove anos a gente cresceu 30% ao ano. É muita coisa. E agora não, agora nós estamos enxergando uma carteira mais equilibrada.”
Aguiar também comentou sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Na avaliação dele, no curto prazo, “o conflito pode beneficiar o agro brasileiro”. No entanto, faz um alerta: “no longo prazo, o impacto negativo sobre o crescimento econômico global poderá ser prejudicial também para o Brasil”, completou Aguiar.
ASSINE MÁQUINAS E INOVAÇÕES AGRÍCOLAS – A PARTIR DE R$ 6,90
➜ Siga a Máquinas & Inovações Agrícolas no Instagram e no Linkedin!