Semeando igualdade: jornada das mulheres no agronegócio

Semeando igualdade: jornada das mulheres no agronegócioLarissa Neves* – Como mulher e profissional do agronegócio, minha jornada tem sido marcada por desafios, conquistas e uma busca constante por oportunidades de crescimento e reconhecimento. À medida que celebramos o Dia Internacional da Mulher todo 8 de março, é importante refletir não apenas sobre o progresso alcançado, mas também sobre os obstáculos que enfrentamos e as perspectivas para o futuro.

Ao longo dos 12 anos de carreira em uma empresa de desenvolvimento e comercialização de sementes para pastagem, superei desafios técnicos e gerenciais que exigiram dedicação e habilidades específicas.

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A implementação de normas técnicas rigorosas, como a ISO/IEC 17025:2017, e a busca pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro, foram processos complexos que demandaram tempo, esforço e conhecimento especializado. No entanto, o maior desafio não está apenas nas exigências do trabalho, mas na conciliação entre responsabilidades profissionais e as demandas familiares, que comumente são da mulher.

Equilibrar a vida profissional com os cuidados da casa, dos filhos e da família é uma realidade enfrentada por muitas. A pressão por desempenho e a necessidade de estar sempre disponível para as exigências do trabalho muitas vezes colidem com as outras expectativas. Criando um ambiente de constante malabarismo entre as múltiplas responsabilidades.

Essa capacidade de desempenhar múltiplas funções, por vezes, faz com que muitas figuras femininas se destaquem no mercado pelo alto grau de adaptabilidade e proatividade, porém, ao mesmo tempo, reflete o excesso de trabalho que enfrentam diariamente. Por serem consideradas obrigações inerentes das mulheres, essas tarefas domésticas muitas vezes não são reconhecidas como trabalho, o que torna ainda mais desafiadora a luta pela igualdade, não apenas no meio rural.

Porém, apesar desses desafios, existe um cenário promissor para as mulheres no agro. Cada vez mais, elas estão ocupando posições de liderança e assumindo papéis de destaque em todas as áreas da cadeia produtiva. Seja na gestão das propriedades rurais, na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, ou na representação de empresas e cooperativas, mostrando sua competência e habilidade em diferentes campos.

Os dados também confirmam essa tendência positiva. De acordo com estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em parceria com a Embrapa e o IBGE, as mulheres administram mais de 30 milhões de hectares de terras rurais no Brasil, representando aproximadamente 8,4% do total. Além disso, cerca de 30% dos profissionais do setor agro são mulheres, desempenhando papéis essenciais em áreas como insumos, agroindústria, agrosserviços e serviços primários.

Pesquisas conduzidas pela Food and Agriculture Organization (FAO) também revelam que em países menos desenvolvidos, mais de 70% das mulheres economicamente ativas trabalham na agricultura.

No Brasil, as Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs) contam com cerca de 45% de trabalhadoras na força de trabalho e nas atividades produtivas. Ou seja, as mulheres rurais contribuem no desenvolvimento da agricultura, na promoção da segurança alimentar e no fortalecimento socioeconômico regional.

Além disso, há também a busca por formação e capacitação para ocupar espaços de liderança e alavancar os negócios. Como aponta o levantamento feito pela Agroligadas, entidade formada por profissionais do agronegócio, em que das mais de 400 mulheres entrevistadas, 95% delas priorizam a capacitação profissional para aumentar a produção em suas propriedades.

A criação de sistemas de formação e educação feminina é uma das principais estratégias para atingir essa equidade e ampliar o protagonismo. Cada vez mais conscientes de que são capazes de desempenhar funções de gestão e liderança nas empresas rurais.

Celebramos o Dia Internacional da Mulher e devemos valorizar as conquistas alcançadas até aqui. Mas também devemos renovar o compromisso em enfrentar os obstáculos.

É essencial continuar lutando por uma cultura organizacional mais inclusiva e equitativa, que reconheça e valorize o potencial em todos os níveis e setores.

Que o Dia Internacional não seja apenas mais uma data comercial e sim um momento de reflexão, celebração e empoderamento das mulheres, especialmente no setor.

*Larissa Neves é Coordenadora de Qualidade da SOESP – Sementes Oeste Paulista

 

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