
Produtores têm enfrentado dificuldades para investir na compra de máquinas e equipamentos devido às altas taxas de juros // Foto: Leandro Carvalho
Clarisse Sousa, Ribeirão Preto (SP) – O Sicredi liberou R$ 43,3 bilhões em crédito rural no Plano Safra 2024/25 até março deste ano. O valor, distribuído em 241 mil contratos, representa 11% de todo o financiamento agro concedido no país durante o período, um crescimento de 2,5% em relação ao ciclo anterior. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (30), na Agrishow 2025.
A carteira do agro da instituição também registrou crescimento e ultrapassou a marca de R$ 103 bilhões, distribuídos em mais de 3 mil municípios brasileiros. Em 2024, a carteira teve um incremento de 21% em relação ao ano anterior.
Segundo Silas Fabiano Nunes de Souza, gerente de regulações Agro do Sicredi, “são mais de 787 mil associados agro, dos quais 83% são agricultores familiares, 12% médios produtores e 5% grandes produtores. É cooperativismo que corre na veia”, disse.
Alternativa de financiamento
Com as altas taxas de juros, muitos produtores têm enfrentado dificuldades para investir na compra de máquinas e equipamentos. Uma alternativa que vem crescendo a cada ano são os consórcios agrícolas. Em 2024, o Sicredi vendeu R$ 14,8 bilhões em consórcios, um aumento de 31,9% em relação ao ano anterior. Até março de 2025, a carteira total da instituição já alcançava R$ 50 bilhões.
Na avaliação de Souza, isso demonstra que o produtor está buscando alternativas. “O consórcio acaba sendo uma saída para que o produtor possa se organizar melhor na aquisição de maquinários.”
Plano Safra 2025/26
Ao mesmo tempo, o Congresso aprovou R$ 15 bilhões no orçamento de 2025 para a equalização das taxas de juros. “Foi um valor muito parecido ao aprovado para 2024. O orçamento segue o ano civil, então ele acaba pegando o segundo semestre de uma safra e o primeiro semestre da safra seguinte. Neste momento, ele cobre o 2º semestre da safra 2024/25, que termina em junho, e servirá de lastro para o 1º semestre da safra 2025/26, que começa no 2º semestre do ano”, explica Souza.
“O volume real de recursos equalizados que será disponibilizado pelo governo vai depender do nível das taxas que forem definidas. Hoje, por exemplo, temos taxas em torno de 12,5% para grandes produtores, 8% para médios produtores, e no Pronaf, a taxa mais alta chega a 6% ao ano. Se essas taxas se mantiverem, o custo para o governo fazer a equalização vai depender da Selic [hoje em 14,25%]. Como a Selic está subindo, a tendência é que as taxas também subam. Isso porque, se as taxas de juros para o produtor continuarem iguais, mas a Selic seguir em alta, o custo para o governo equalizar esses juros aumenta”, completa o gerente.
Apesar de ser um ano desafiador, Manfred Dasenbrock, presidente da Central Sicredi (PR/SP/RJ), acredita que o produtor segue bastante otimista e vai buscar a melhor alternativa. “Temos feito esforços para atendê-lo. Nossos consultores procuram orientar da melhor forma possível para apresentar o melhor arranjo.”
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