Tradicional evento do calendário de mecanização do País, o 12 Simpósio SAE Brasil de Máquinas Agrícolas foi realizado em formato digital esse ano. Na abertura, Vilmar Fistarol, presidente da CNH Industrial para a América do Sul, destacou a previsão de safra e volume de grãos recordes e falou das expectativas para o futuro das máquinas no pós-pandemia.
O executivo lembrou que, em março, quando os primeiros casos de coronavírus surgiram no Brasil, as previsões para o agronegócio eram muito pessimistas. “Graças a Deus erramos”, afirmou. Ele diz que a realidade se mostrou muito melhor do que qualquer cenário imaginado e que, grande parte desse resultado se deveu à adaptação do setor e da indústria ao novo momento.
“Tivemos muitas dificuldade no início, mas o momento atual não poderia ser melhor. Claro que não existe momento ideal para crise. Todo mundo sabe disso. Mas estamos mais preparados do que há alguns anos atrás”, aponta.
Carlos Cogo, sócio-diretor de consultoria na Gogo Inteligência em Agronegócio, debateu as “Perspectivas agronômicas para o próximo ciclo agrícola”. Com uma apresentação sobre o desempenho de diversos produtos, favorecidos pelo apetite internacional e pela variação cambial interna, ele mostrou que 2020, contrariando todas as previsões do início da pandemia, acabou sendo um ano extremamente lucrativo para o produtor rural.
O executivo apontou que, no caso das exportações de soja, por exemplo, houve crescimento de 31% de janeiro a setembro deste ano, em relação a igual período de 2019, atingindo uma participação de 43,5% sobre as exportações totais do agronegócio brasileiro. Além disso, o preço da saca de 60kgs saiu de um patamar de US$ 18, em março, para US$ 29, em outubro. Com o impacto do câmbio, internamente, a saca de 60kgs, negociada a R$ 90, em março, conforme o especialista, atingiu R$ 160 em outubro. Cogo diz que essa foi a maior margem líquida já registrada. “Os preços internos registraram preços espetaculares”, assinala.
Os resultados recordes do agronegócio brasileiro esse ano já impactaram, conforme o executivo, as linhas de crédito voltadas ao setor. Ele comenta que, logo após o anúncio do Plano Safra, entre os meses de julho, agosto e setembro, já foram desembolsados 45% do total de recursos do Moderfrota. Para ele, esse deve ser um dos desafios para o próximo ano.
“Não teremos recursos para chegar até dezembro desse ano. Isso vai ser um bom tema para discussão. O que fazer a partir de janeiro?”, indagou.