Gregori Boschi* – Desde a interrupção da divulgação dos dados estatísticos do setor de máquinas autopropulsadas em 2020, devido ao reposicionamento das associadas da Anfavea, criou-se um hiato de informações do segmento agrícola. Apesar de diversos esforços dedicados para recomposição das estatísticas de forma oficial, a única maneira de se obter informações com acurácia é por meio do cruzamento de dados secundários.
Com isso, a Boschi Inteligência de Mercado, empresa de consultoria e estratégia especializada nos setores de veículos pesados, agrícola e construção, compartilha a projeção do setor no que se refere à produção de máquinas agrícolas por segmento até 2028, a partir de 2023, cenário cuja previsão é de estabilidade.
De acordo com a tabela de crescimento médio anual, elaborada pela consultoria, até 2028 a produção de tratores se manterá estável, enquanto as colheitadeiras apresentarão queda de 6%. Já para fabricação de pulverizadores, a empresa de consultoria prevê queda de 1%.
No entanto, para 2024, a Boschi prevê queda acentuada de 24% em relação a 2023, ano em que a estimativa da produção ficou em 63 mil máquinas agrícolas, ou seja, 14% inferior a 2022.
Entre os principais fatores que contribuem para a estabilidade do mercado, além da queda em alguns segmentos, entre 2023 e 2028, estão a perda do poder de compra dos agricultores influenciada pela valorização cambial – que contribuem para postergação dos planos de renovação de frota – associado ao aumento de produtividade das máquinas mais modernas.
Setor agrícola
O setor agrícola no Brasil tem participação expressiva na composição do Produto Interno Bruto (PIB), embora sofra variações anuais devido a fatores como clima, políticas públicas e demanda global. Este tem sido um dos motores da economia representando cerca de 7,6% de acordo com o Banco Central do Brasil (BACEN). Em 2024, a expectativa é de retração de -1,5% (agrícola) e crescimento de 2,1% no PIB consolidado.
A safra recuou de 6,4% comparado com a safra anterior (2022/2023), para 299,3 milhões de toneladas (2023/2024), embora existam destaques positivos como o aumento na produção de diversas culturas e aumento da produtividade (alcançado por meio da agricultura de precisão).
Venda de máquinas sobe 12,3% em junho, mas acumula queda de 30,5% no ano
Em contrapartida, a expectativa para safra 2024/2025 é otimista devido ao Plano Safra robusto (maior programa de crédito rural do mundo, cujo objetivo é modernizar a agricultura, aumentar a produção e a produtividade, além de fortalecer a cadeia produtiva), com orçamento recorde, que pode impulsionar a produção.
Além disso, espera-se condições climáticas mais favoráveis em 2025, somadas a contribuição do aumento da produtividade e avanços tecnológicos nas máquinas. A cadeia produtiva e logística segue sendo o maior desafio, considerando a variação nos custos dos insumos (defensivos e fertilizantes) pressionada pela variação cambial, assim como a infraestrutura logística que carece de investimentos em rodovias e portos para melhor escoamento da produção.
De outra parte, de acordo com a pesquisa SAE BRASIL, Caminhos da Tecnologia no Agronegócio – 1ª edição, “o agricultor já está convencido de que renovar o maquinário é essencial para o futuro do seu negócio. Mas para tomar esta decisão é preciso levar em consideração uma série de variáveis e chegar à conclusão de que nem sempre um equipamento novo é a prioridade do momento.”
Fonte: 1ª edição da Pesquisa SAE BRASIL, Caminhos da Tecnologia no Agronegócio
Os principais fatores para renovação da frota agrícola são a relação custo-benefício e assistência no pós-venda, critérios decisivos para aquisição de uma nova máquina. Outros fatores também possuem peso importante como: consumo de combustível, confiabilidade da marca e otimização da produção.
A pesquisa indica ainda que a preferência do mercado ainda é pelo canal tradicional – loja física. Apenas 10% das vendas de máquinas são realizadas pela internet. O aluguel de máquinas e equipamentos no setor, apesar de seguir em expansão, não atinge 20% dos agricultores, revelando potencial de crescimento.
Existe uma distância enorme entre as tecnologias oferecidas pela indústria e o conhecimento dos pequenos produtores e cooperativas que, por falta de percepção dos benefícios, não adquirem as ofertas.
Como esperado, a pauta econômica tem maior relevância sobre a pauta ambiental, pois a redução de custos e o aumento da produtividade são as prioridades do agricultor na tomada de decisão, em um mercado altamente competitivo.
Fonte: Pesquisa SAE BRASIL, Caminhos da Tecnologia no Agronegócio – 1ª edição
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