Máquinas e Inovações Agrícolas

Solução para pedras não danificarem o maquinário nas lavragens

O terreno deriva de modificações físicas, químicas e biológicas de uma subcamada rochosa, composta por três fases (sólida, líquida e gasosa) em equilíbrio. Embora todas sejam de extrema importância, aquela mais impactante nas lavragens agromecânicas do solo é a sólida, cuja classificação em areia, limo e argila está relacionada às dimensões das partículas que a compõem e definem a sua textura ou granulometria.

Além da textura, outro componente importante do terreno é o “esqueleto”, ou seja, a presença de pedras. Uma excessiva quantidade delas incide negativamente no equilíbrio do solo, por causa de uma limitada retenção hídrica, escassa microporosidade, ausência de coesão, rápido desgaste dos aparelhos funcionais e dificuldade de execução de certos trabalhos. Para reduzir esse problema, as técnicas modernas de cultivo adotam três soluções diferentes: enterrar mais profundamente os pedregulhos, estilhaçar ou recolhê-los. A primeira opção é praticada na horticultura e mais comumente nos cultivos especializados, nos quais é especialmente necessário eliminar da camada preparada também as pedras pequenas. Já o estilhaço é uma operação demorada, que requer equipamentos possantes, acoplados a tratores de alta potência.

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A coleta das pedras. É parecida com uma peneiração, processo no qual as pedras são isoladas e a terra passa por uma estrutura de malhas com dimensões definidas. Embora o princípio básico seja um só, tal operação pode ser feita com variantes. A solução mais simples utiliza uma lâmina constituída por uma robusta grade, montada na dianteira ou na traseira de uma lagarta ou de um dozer, que, trabalhando a alguns centímetros de profundidade, remove grande volume de terra e segrega as pedras superficiais. Nesse caso, não é previsto nenhum recipiente de coleta do material pedroso, para o qual é necessário criar pequenos acúmulos no campo, os quais devem ser depois retirados com escavadores ou meios similares. O ponto forte dessas máquinas é a economia e robustez, que a credencia para operar também em áreas com as pedras grandes.

A finalização com um recipiente para o carregamento das pedras representou uma evolução lógica desses meios. Nos primeiros modelos, as lâminas eram modeladas de maneira a acumular as pedras em seu interior. Quando a capacidade máxima era atingida, o operador deveria ir até o local de descarregamento e virá-la no chão. Em alguns casos, graças a armações mais complexas, era possível alcançar alturas de descarga a ponto de permitir o depósito no plano de carga de reboques ou caminhões.

Já os modelos mais modernos possuem caixote duplo: o primeiro, a grade, faz a retirada das pedras e as acumula temporariamente; quando o limite de armazenagem é atingido, um par de cilindros hidráulicos reverte um caixote em outro de chapa de ferro (de adequada espessura para suportar os choques), o qual amplia a capacidade de carga do equipamento. Esse segundo caixote também pode ser de viragem direta ou levantada.

As lâminas despedregadoras, eventualmente equipadas com pequenas caixas, são equipamentos conduzidos, atados ao encaixe de três pontos ou ao suporte da lâmina dianteira nas lagartas, enquanto os modelos de grande porte e com tanques de volumetrias importantes são rebocados. Trata- -se, em todo o caso, de equipamentos que devem trabalhar a impulso ou a arranque e que requerem grandes esforços. Além disso, operam com eficiência apenas em terreno já trabalhado, revelando notáveis dificuldades de penetração em solo compacto.

Sendo assim, foram desenvolvidos equipamentos mais complexos, capazes de remover e peneirar a terra compactada. Trata- se de “recolhedores de pedras com pick-up”: na prática, uma estrutura muito robusta aloja no seu interior um rotor com dentes que, girando, move a terra e a transporta para uma lâmina a grade, onde é peneirada. Sempre graças ao pick-up, as pedras recolhidas são encaminhadas para o caixote munido de viragem hidráulica. Levando- se em conta as difíceis condições operacionais, esses equipamentos precisam ser robustos a ponto de suportar choques violentos causados pelo impacto dos aparelhos funcionais com o solo compacto e as pedras contidas nele. Da mesma maneira, os caixotes são fabricados com chapas de conveniente espessura, capazes de suportar sem danos a queda de pedras de massa significativa.

Embora o trabalho seja extremo, as potências envolvidas não são particularmente altas: máquinas com largura de trabalho de 1,5-1,6 metro podem ser acopladas a tratores de a partir de 70-90 CV a até 100-110 CV, quando são montados caixotes de capacidade maior. A potência depende também do tamanho médio do material encontrado no solo: a remoção de pedras pequenas não requer motrizes de alta capacidade, enquanto pedras bem pesadas podem ser minadas apenas com lâminas despedregadoras ligadas a lagartas de alta capacidade de tração.

O mercado. Em virtude da sua relativa simplicidade, as lâminas despedregadoras (dianteiras e traseiras) são produzidas por diversos fabricantes, enquanto não são muitos os fabricantes de máquinas que verdadeiramente recolhem pedras. Entre estes está o italiano Di Raimondo, que oferece três modelos derivados das lâminas despedregadoras, equipados com caixote. O Duplex, de tipo conduzido, pode ser usado no reboque e a arranque; a sua estrutura a grade, com formato de berço, é montada em uma armação que permite viragem em ambos os sentidos. A mesma solução a grade, aproveitável, porém somente a reboque, caracteriza os modelos rebocados RST e SP, que se diferenciam apenas pela largura de trabalho e pela massa. A coleta ocorre com uma grade basculante no caixote de descarregamento por meio de processo hidráulico; dessa forma, a capacidade operacional aumenta, já que diminui o tempo adicional para a descarga do material.

A também italiana Tomenzoli produz três modelos de recolhedores de pedras com pick- -up oscilante, com fronte de trabalho entre 1,1 e 1,6 m, capazes de colher pedras com diâmetro entre 20 e 600 mm. A grade de seleção é intercambiável, com aberturas de até Ø 80 mm. O caixote de contenção tem 1,2 a 3,5 m³, com capacidades de 1.700 a 5.000 kg aproximadamente. A profundidade máxima de trabalho é de 20 cm, regulável hidraulicamente, do timão de reboque. O fabricante informa que o modelo de capacidade de trabalho maior, o RST 520-S, com pick-up de 1,6 m e caixote de 3,5 m³, é capaz de recolher em condições favoráveis até 10 t/h de pedras, trabalhando a até 1.800 m²/h de terreno. Também interessante é a variante RST 520-S Special Combinata, montada com dois preparadores de fileiras laterais, capazes de aumentar a largura de trabalho em até 3,6 m, economizando, assim, várias passagens no campo.

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