Estado confirma liberação de R$ 52 milhões para modernizar sedes e laboratórios de institutos na capital e interior
O vice-governador, Rodrigo Garcia, e o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Itamar Borges, anunciaram nesta terça-feira (27), em Campinas, investimento estadual recorde de R$ 52 milhões nos institutos de pesquisa ligados à Secretaria de Agricultura. O valor será usado na modernização das unidades para aprimorar o atendimento a demandas de inovação e pesquisa do agronegócio de São Paulo e do Brasil.
Durante o evento, foram entregues um produto natural para controle de nematoides na cultura da soja, duas novas cultivares de feijão carioca e uma cultivar de uva. Também foram entregues 31 drones com a finalidade de acompanhamento dos Planos de Regularização Ambiental (PRA) elaborados pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI).
“O investimento em pesquisa é fundamental para que a gente continue mantendo o agro de São Paulo e do Brasil como referências para o mundo. Foi em São Paulo, nos nossos institutos, que os grandes desenvolvimentos do agronegócio ocorreram. Foi daqui que saiu a iniciativa da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e tantas outras que tornaram o Brasil uma potência do agronegócio”, afirmou Garcia.
A cerimônia foi realizada na fazenda Santa Elisa do IAC (Instituto Agronômico), um dos mais tradicionais polos de pesquisa do agro na América Latina. Segundo a Secretaria de Agricultura, o investimento atual configura o triplo do maior repasse estadual para pesquisa agropecuária. Em 2009, o Governo de São Paulo repassou R$ 17 milhões a seis institutos e 11 polos regionais da pasta.
“Este é um recurso complementar que vem fazer a diferença para esse momento. Mostra o quanto o Governador João Doria e o Vice-Governador Rodrigo Garcia são sensíveis, apostam e acreditam na ciência. Se estamos onde estamos com o agro, se chegamos onde chegamos é por causa da pesquisa. Se temos condições de avançar, é também através da pesquisa e dos nossos Institutos. Seja para enfrentar os desafios do mundo, como o aumento da produtividade e a redução de áreas, até para enfrentar desafios como os climáticos”, afirmou Borges. O Secretário também lembrou o apoio dos deputados federais Arnaldo Jardim e Baleia Rossi para a conquista dos novos recursos.
O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Sergio Tutui, disse que o investimento em pesquisa traz resultados financeiros em pouco tempo. “Um estudo da APTA de 2017 demonstra que a cada um real investido nas nossas unidades, R$ 12,20 retorna para o setor produtivo. Nos próximos anos vamos gerar em novos produtos, processos e negócios mais de meio bilhão de reais”, explicou.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo da FGV, participou do ato e comemorou os novos recursos. “Nenhum país, nenhum estado, nenhuma cidade têm futuro sem investimento em ciência. Eu fico muito feliz com essa solenidade, porque o Governo de SP demonstra confiança na ciência e mostra isso de fato”, afirmou.
O prefeito de Campinas, Dario Saad, lembrou que Campinas é a única cidade não capital a ser considerada como uma metrópole pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Um dos fatores que os pesquisadores colocam para que a gente tenha esse feito, é a presença histórica na cidade os Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo”, disse.
Recursos serão usados para modernização e ampliação de estruturas de pesquisa
De acordo com informações da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), parte do investimento vai permitir a implementação de mais de 50 soluções tecnológicas que os institutos estaduais vão entregar até o fim deste ano. O aporte também vai assegurar modernização e ampliação de imóveis, além da criação de hubs de inovação e suporte para startups com perfil para o agronegócio.
“A ideia é criar um sistema em rede inicialmente nos ambientes de São Paulo, Campinas, Nova Odessa e Ribeirão Preto, aplicando isso para outras regiões no futuro e formando uma Rede de Inovação do Agro. Também vamos acelerar a transferência de tecnologia para os diferentes setores do agronegócio, colaborando para a geração de empregos, segurança alimentar, alimento seguro e de menor impacto ambiental”, explicou o Coordenador da APTA, Sergio Tutui.
No Instituto Biológico (IB-APTA), com Sede na Capital paulista, os recursos serão empregados para ampliação da capacidade de produção de antígenos para teste de brucelose e tuberculose em bovinos, com vistas a atender toda a demanda nacional. O Laboratório de Resíduos de Pesticidas em Alimentos do Instituto será modernizado para qualificá-lo para realização de análise em qualquer alimento e com todas as moléculas de defensivos agrícolas contaminantes, atendendo assim, programas governamentais e da iniciativa privada relacionados à alimentos seguros. O Instituto também possui unidades de pesquisa espalhadas em Campinas, Descalvado, Pindamonhangaba, Sorocaba, Araçatuba, Votuporanga, Ribeirão Preto e Bastos.
No Instituto Agronômico (IAC-APTA), sediado em Campinas, o investimento será fundamental para continuar e intensificar os programas de melhoramento genético vegetal, a fim de fornecer aos agricultores materiais mais resistentes a pragas e doenças e aos efeitos climáticos extremos. Também serão aprimorados laboratórios de pesquisa e de prestação de serviços ao setor e desenvolvidos estudos relacionados à agregação de valor na produção agrícola, promoção da inovação e da sustentabilidade ambiental. O IAC também possuiu Centros de pesquisa em Jundiaí, Cordeirópolis, Ribeirão Preto, Capão Bonito, Mococa, Jaú, Itararé, Votuporanga e Tatuí.
Com sede em Campinas, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-APTA) investirá os recursos para implantar novas linhas de pesquisa e análises que avaliem a segurança, inocuidade e saudabilidade dos alimentos produzidos e consumidos pela população. Também será ampliada a capacidade de oferta de serviços tecnológicos às pequenas e médias indústrias de alimento paulista, aumentando a competitividade das empresas e agregando valor aos produtos do agro por meio da inovação em ingredientes, formulação de produtos e embalagens.
No Instituto de Zootecnia (IZ-APTA) os investimentos serão utilizados para acelerar a definição de parâmetros para pecuária sustentável em sistemas de produção com redução da emissão de GEE, permitindo ao IZ ser certificador de empresas de pecuária e de seus produtos. O recurso possibilitará também o Instituto ser certificador de produtos de origem animal, garantindo origem. A ideia é oferecer o Selo IZ de pureza genética em produtos lácteos. O IZ possui sede em Nova Odessa e unidades de pesquisa em Sertãozinho, Ribeirão Preto, Registro, Piracicaba e São José do Rio Preto.
Os investimentos previstos para o Instituto de Pesca (IP-APTA), sediado na capital paulista, vão garantir ações de apoio à gestão dos recursos naturais aquáticos, atendendo as necessidades de sustentabilidade da qualidade da água em projetos de aquicultura e oferecendo serviços aos aquicultores paulistas para suporte aos procedimentos para licenciamento ambiental e de monitoramento dos empreendimentos aquícolas. As unidades do IP em Santos, Campos do Jordão, Pirassununga, São José do Rio Preto, Cananeia e Ubatuba também poderão receber recursos.
Nova biotecnologia para cultura da soja
Durante o anúncio, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo fez lançamento e entregas. Um deles foi o lançamento de uma nova biotecnologia desenvolvida pelo Instituto Biológico e a multinacional canadense Lallemand Plant Care para controle de nematoides de galhas e cisto da soja, organismos que podem causar prejuízos de até R$ 16,2 bilhões para a cadeia produtiva, segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia.
O bionematicida LALNIX RESIST, com lançamento previsto para esse segundo semestre, será uma ferramenta para o manejo de nematoides endossando a importância dos biológicos para uma agricultura responsável. Além disso, a biotecnologia configura o primeiro contrato de licenciamento realizado pelo IB de forma exclusiva, com o amparo legal da Lei de Inovação e de Decreto Paulista. O contrato teve interveniência da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag). O licenciamento garantirá ganho de royalties para a Instituição que será revertido para novas pesquisas.
Feijão carioca para atender demandas da cadeia produtiva e consumidores
O Instituto Agronômico entregou duas novas cultivares de feijão do tipo carioca, a IAC 1849 Polaco e a IAC 2051. A IAC 1849 Polaco foi desenvolvida para atender às demandas da cadeia produtiva do feijão e oferecer produto de alta qualidade, com tolerância ao escurecimento do grão e baixo tempo de cozimento, além de ciclo precoce na lavoura. Essas características são as mais desejadas nesse segmento e agregam valor ao produto final.
A IAC 2051 foi desenvolvida com o objetivo de atender às exigências do consumidor, que busca por grãos claros e de rápido cozimento, com qualidade de caldo e sabor. A IAC 2051 cozinha em cerca de 30 minutos e seu teor de proteína é de 20%. Para a cadeia de produção, a mais recente cultivar de feijão carioca do IAC oferece elevado potencial produtivo, tolerância ao escurecimento dos grãos, tolerância para o patógeno da antracnose e para os patógenos da murcha de fusarium e crestamento bacteriano.
Cultivar de uva indicada para a produção de vinho
A cultivar de uva IAC Ribas também foi entregue ao setor produtivo no evento. O material, fruto do cruzamento entre as cultivares Syrah e Seibel, se destaca por ter cachos com boa conformação, de tamanho médio, forma de baga redonda, sabor neutro bom e coloração levemente âmbar, além de alto teor de sólidos solúveis, ótima fertilidade de gema e facilidade de manejo de cachos. Outra característica interessante é sua boa estrutura e características químicas para elaboração de vinhos. Produtores de Jundiaí, Jarinu, Bragança Paulista e Indaiatuba já estão comercializando vinhos produzidos com a cultivar.
31 drones para Planos de Regularização Ambiental
A Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI) recebeu no evento 31 drones, que serão distribuídos para suas Regionais e para o seu Departamento Ambiental. Outros dez drones já foram entregues durante atos realizados no interior do estado de São Paulo na semana passada. O objetivo é o acompanhamento dos Planos de Regularização Ambiental (PRA), elaborados a partir dos Cadastros Ambientais Rurais preenchidos via Sicar.
Os drones serão usados nas etapas de análise, acompanhamento e monitoramento das áreas de restauração florestal dos imóveis inscritos no CAR, com Planos de Regularização Ambiental (PRA) aprovados, possibilitando uma maior e melhor dinâmica na execução das análises e no acompanhamento e monitoramento das áreas que serão objeto de restauração florestal no âmbito do Estado de São Paulo.
Exposição
A CDRS/CATI também fez a exposição dos resultados do projeto PAA – kit Cesta Verde, que distribui alimentos comprados de agricultores familiares às famílias em vulnerabilidade social em 149 municípios paulistas, uma parceria que envolve os governos federal, estadual e municipal. De abril a junho deste ano mais de 100 mil cestas foram entregues.
O evento contou ainda com estandes de exposição dos Institutos, CDRS/CATI, Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), Prefeitura de Campinas, Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag).