Apesar da pandemia da Covid-19, o agronegócio brasileiro não parou. As vendas devem apresentar crescimento real de 12% (descontada a inflação) e 20% de nominal em 2020 em relação ao ano passado e com faturamento estimado em R$ 20,5 bilhões, de acordo com projeção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). “Tivemos uma ótima safra agrícola, as exportações do agronegócio bateram recordes e a valorização do dólar em 30% propiciaram uma grande rentabilidade para os agricultores das culturas de exportação como soja, milho, café, algodão, laranja, celulose e carnes”, ressalta Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da ABIMAQ.
Com relação ao que pode afetar o crescimento do segmento agrícola, Bastos explicou que o setor é muito dinâmico e é influenciado por variáveis incontroláveis como a safra agrícola dos hemisférios norte e sul que se colhe em épocas distintas; o câmbio que pode determinar a rentabilidade das lavouras; o clima imponderável; e as questões internas de crédito agrícola. “Essas questões são conjunturais apesar de ter a capacidade de alterar os rumos dos resultados em determinado ano. Sobre fatores estruturais, o agronegócio está bem capacitado e com ótimas perspectivas para o médio e longo prazo”.
Perspectivas
Para o presidente da CSMIA, o cenário para a indústria de máquinas agrícolas para 2021 continua positivo. “O Brasil se tornou um grande fornecedor de alimentos para o mundo, principalmente para Ásia onde as áreas aráveis para cultivo estão em grande parte tomadas. No entanto, a população cresce numericamente e aumenta sua renda, demandando alimentos e o Brasil prossegue como um dos grandes fornecedores desse mercado. Baseada nessa conjuntura, a previsão para o próximo ano é de um crescimento real de 3% (descontada a inflação) e nominal de 10% nas vendas, chegando a R$ 21,9 bilhões de faturamento”.
Exportação e importação
Segundo Bastos, as exportações em 2020 foram impactadas negativamente pela Covid-19. “As economias dos principais parceiros comerciais, principalmente da América do Sul não tiveram boa performance”.
Para 2021, ele acredita que com o fim da pandemia e com o retorno à normalidade as exportações devem reagir.
Quanto as importações, Bastos expõe que o aumento de custo de 30% devido à desvalorização do Real restringiu a entrada de importados no país neste ano. “Já em 2021 esse cenário vai mudar apenas se houver a valorização do Real”.