Pesquisadores da Embrapa acabam de desenvolver uma cultivar de arroz irrigado que demanda 15% menos irrigação em comparação às cultivares de ciclos mais longos. Chamada de BRS Pampa CL, o novo arroz é destinado à Região Sul do Brasil e necessita de apenas uma aplicação de fungicida, caso necessário, pois apresenta resistência genética a fungos.
As cultivares convencionais, predominantes na lavoura gaúcha, são suscetíveis às principais doenças e demandam, em média, três ou mais aplicações de fungicidas. Somente esse diferencial impacta em uma economia de R$130,00 por hectare ao agricultor. Mais eficiente, a BRS Pampa CL é capaz de apresentar alta produtividade em solos mais pobres.
Por reduzir o emprego de químicos e o uso de água, o novo cereal é ambientalmente mais sustentável. Classificado como arroz de grão nobre, ou premium, o produto apresenta, se bem manejado, altas taxas de grãos inteiros após o beneficiamento, cerca de 64%, característica relacionada ao valor do produto do mercado.
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A BRS Pampa CL é um resultado do projeto Melhoramento Genético para Produtividade e Qualidade dos Grãos da Cultura do Arroz no Brasil, Ciclo II, feito em parceria pelas unidades da Embrapa Clima Temperado(RS) e Embrapa Arroz e Feijão (GO).Ela é oriunda da BRS Pampa, do grupo das cultivares precoces, colhida em média de 118 dias, e com produtividade média de dez toneladas por hectares.
É uma planta considerada moderna, com alta capacidade de perfilhamento e possui características exigidas pelo mercado como ter grãos tipo agulhinha, longo-fino, e seu maior destaque está na possibilidade de fazer parte do sistema “clearfield”, que quer dizer, campo limpo. Ou seja, esta cultivar está apta a desenvolver-se em áreas com a presença de arroz vermelho, uma planta invasora que ameaça à lavoura por infestar os cultivos de forma agressiva.
“Após a mutação induzida de variedades de arroz feita por melhoristas, se identificou um gene resistente a herbicidas, que foi incorporado à cultivar desenvolvida pela Embrapa”, conta o pesquisador da Empresa, Ariano Martins de Magalhães Júnior, responsável pelo lançamento da cultivar. O cientista afirma que a técnica foi um sucesso e o novo arroz apresentou resistência aos herbicidas empregados para controle do arroz vermelho. “Hoje, cerca de 80% de orizicultores do RS utilizam o sistema clearfield”, informa o pesquisador pontuando que a genética da BRS Pampa CL é quase a mesma de sua cultivar de origem. “Ela possui 99,7% do genoma da BRS Pampa pontua Magalhães Júnior.
Menos herbicídas
A nova cultivar é um resultado do retrocruzamento entre a cultivar comercial BRS Pampa e a variedade Puitá Inta CL, da empresa Basf, que é fonte de tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas.
“O uso dessa cultivar vai proporcionar um melhor controle de invasoras, pois quando estas aparecem, ainda associadas às doenças, são certamente as principais barreiras limitantes da produtividade”, fala o engenheiro agronômo Rafael Vergara, técnico responsável pelas lavouras da Sementes Simão, de Dom Pedrito, município da região da Campanha do RS, parceira da Embrapa na produção de sementes da cultivar BRS Pampa CL.
Para ele, a cultivar que está inserida no sistema CL além de facilitar a diminuição de aplicações de herbicidas, tem a principal vantagem de obter maior eficiência na aplicação. “O orizicultor tem um material genético que suporta aquela determinada molécula dos herbicidas”, explica o agronômo.
Atualmente, o material está em fase final de testes em propriedades rurais gaúchas e as suas sementes estão garantidas para os orizicultores na próxima safra de 2019/2020. A cultivar será conhecida à campo durante a realização da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz no Rio Grande do Sul, marcada para acontecer entre 20 a 22 de fevereiro, nos campos experimentais da unidade de pesquisas da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS).
Fonte: Embrapa Clima Temperado