Nova gestão da Embrapa fica mais feminina com pesquisadoras à frente da entidade, agora presidida por Silvia Massruhá
A Embrapa nomeou a pesquisadora Ana Margarida Castro Euler para o cargo de diretora-executiva de Negócios, após aprovação do Comitê de Elegibilidade da Embrapa (Coele). Na mesma ocasião, a pecuarista Teresa Cristina Corpa Vendramini, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), tomou posse como conselheira independente, indicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“É uma honra poder trabalhar em uma equipe liderada pela presidente Silvia Massruhá, a primeira mulher à frente da Embrapa. As mulheres inspiram novas mulheres. Nós temos o desafio e a missão de inspirar futuras gerações e isso é muito importante”, afirmou a diretora ao assinar a sua posse. “Assumo este desafio e entendo que é uma missão e uma mensagem que a Embrapa passa sobre a importância da sustentabilidade. E eu espero reforçar essa agenda, porque é boa parte da minha formação, além de trazer um olhar diferenciado para a Amazônia, pois entramos numa era e num momento geopolítico que nos dá grande visibilidade e oportunidade”, acrescentou.
Ana Euler é engenheira florestal, com mestrado e doutorado em Ciências Ambientais e Florestais pela Graduate School of Environment and Information Science – Yokohama National University, Japão. Ingressou na Embrapa em 2008, por concurso público, lotada na Unidade Embrapa Amapá. Neste centro de pesquisa, também exercia a função de articuladora internacional.
Embrapa será chefiada pela primeira vez por uma mulher
Nascida em Niterói (RJ), optou por trabalhar e viver na Amazônia há 20 anos, sendo 15 no estado do Amapá. Atuou como técnica especializada em Conservação da Amazônia no WWF-Brasil e foi diretora-presidente do Instituto Estadual de Florestas.
Na Embrapa, desenvolve estudos em manejo florestal comunitário, governança e desenvolvimento territorial, cadeias de valor da sociobiodiversidade, serviços ecossistêmicos e políticas públicas. Atualmente, é membro do Comitê Gestor do Portfólio Amazônia da Embrapa.
Ainda na esfera internacional, durante um ano e meio, a pesquisadora desenvolveu um projeto de pós-doutorado na França, no escopo do Programa Cientista-Visitante da Embrapa, em cooperação com o IRD e o Cirad, duas instituições francesas de pesquisas.
“Durante o período que participei do programa cientista-visitante na França eu tive uma noção ainda maior do quanto a Embrapa é querida e do tamanho da sua reputação, que pode nos trazer mais parcerias e melhor posicionamento em grandes grandes agendas como a Agenda do Clima e a Agenda do Comércio”, acrescentou a nova diretora da Embrapa.
Há 12 anos, Ana Euler também liderou um projeto de cooperação desenvolvido pela Embrapa em Burkina Faso, país localizado na África e um dos dez mais pobres do mundo. O projeto durou dois anos e teve como título: “Estudo da ecologia e potencial nutritivo de espécies de árvores nativas usadas em comunidades locais em Burkina Faso e Amazônia brasileira, uma estratégia para segurança alimentar e conservação no contexto das mudanças climáticas”.
E participou do Columbia Women’s Leadership Network in Brazil, um programa da Rede de Liderança Feminina da Columbia no Brasil, que seleciona profissionais de nível médio-sênior com o objetivo de criar uma rede crescente de mulheres que contribuirão para transformar o serviço público no Brasil. Cada turma é formada por mulheres que trabalham em diferentes áreas da gestão pública de regiões do Brasil.
A nova diretora assume a função no lugar do economista do BNDES, Tiago Toledo Ferreira, que permaneceu no cargo de 2020 até o início de 2023, quando retornou para sua instituição de origem. Como substituta, estava a analista da Embrapa, Mara Rocha Ribeiro, que também acompanhou a posse da nova diretora.
“Me sinto muito honrada com o convite do ministro Carlos Fávaro e da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, para assumir a Diretoria de Negócios. Nossa missão é buscar fortalecer a Embrapa, recompor o orçamento, motivar e melhorar as condições de trabalho de nossas equipes e responder às demandas e prioridades do setor produtivo, desde os povos indígenas guardiões de nosso patrimônio ambiental, agricultores familiares que alimentam a nossa população, até os grandes produtores de commodities que são a base de nossa pauta de exportação. Nossa ambição como Empresa deve ser grande, de produzir e exportar conhecimentos, tecnologias e ativos que sejam capazes de extinguir a fome no mundo com sistemas alimentares sustentáveis”, declarou a nova diretora-executiva de Negócios da Embrapa.
Presente à reunião do Consad, a presidente Silvia Massruhá destacou a carreira da nova diretora e reforçou a importância de se ter uma Diretoria-Executiva com uma complementaridade de conhecimentos. “Temos uma agricultura muito diversificada e ter essa complementaridade é muito importante”, destacou enfatizando a experiência e o conhecimento da nova diretora na agenda de sustentabilidade, na Amazônia, em movimentos sociais.
Sobre a posse da nova conselheira, a presidente destacou a sua carreira profissional, considerada uma referência no agro, sendo inclusive homenageada na própria Embrapa no aniversário de 45 anos. “Com certeza temos muito que trocar, aprender para que possamos avançar na Embrapa e na agropecuária como um todo”, destacou.
Para Selma Beltrão, representante dos empregados no Consad, a presença de mais mulheres no Consad demonstra a importância que o governo vem dando à participação feminina nos diversos espaços. “E com certeza nos trará mais diversidade não só para a pesquisa, mas de olhares, que é fundamental para alcançarmos maior pluralidade de concepções e avanços”.