Por Adriana Gavaça
O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, subiu em sua última reunião, realizada em março, a taxa básica de juros (a Selic), em 0,75 ponto percentual, elevando-a 2,75% ao ano. A decisão do Copom ficou acima do aumento aguardado pelo mercado, de meio ponto percentual. Dessa forma, a expectativa para a Taxa Selic, ao final de 2021, subiu de 4,5% para 5% ao ano.
No campo, o impacto da medida poderá ocorrer de duas formas. Primeiro, há uma preocupação com a elevação das taxas de juros praticadas em linhas de crédito subsidiadas pelo governo. Isso porque, parte dos recursos dessas linhas vem da poupança, que é remunerada com um percentual da taxa Selic, o que deve encarecer a captação de recursos pelas instituições financeiras e, por consequência aumentar o custo de equalização por parte do governo.
Há ainda o impacto aguardado nos recursos provenientes do setor privado. Com os títulos públicos oferecendo retornos maiores, quando remunerados pela Selic, parte do mercado deve migrar de investimentos no agronegócio para a segurança oferecida por esses papéis.
Para Fernanda Schwantes, superintendente técnica adjunta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a elevação da Taxa Selic acontece em um momento desfavorável, em que as entidades de classe e o ministério da Agricultura iniciam a negociação do Plano Safra 21/22, com ministério da economia.
Em sua opinião, como não há espaço fiscal para ampliar o volume de recursos ao setor, uma vez há gastos elevados em outras áreas, para a contenção da pandemia e para o pagamento de novas parcelas do auxílio emergencial, fica difícil imaginar qual será o cenário que o produtor rural encontrará este ano para financiar sua produção ou aquisição de insumos e máquinas.
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