Volume embarcado apresenta evolução de 10,4% no ano civil e aponta para quebra de recorde no acumulado da safra 2020/21
As exportações brasileiras de café, em março, somaram 3,438 milhões de sacas de 60 kg e renderam US$ 450,2 milhões. Esse desempenho elevou os embarques, no acumulado do primeiro trimestre de 2021, para 11,015 milhões de sacas, apresentando um crescimento de 10,4% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Em receita cambial, o avanço é de 6,1% no agregado até março, com os embarques rendendo US$ 1,437 bilhão ao país. Os dados são do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“Diante do momento desafiador em todo o mundo, com uma menor disponibilidade de contêineres para produtos alimentícios, reflexo de questões sanitárias devido à pandemia da Covid-19 e ao elevado fluxo de contentores para a Ásia, os exportadores brasileiros têm realizado esforços e honrado seus compromissos com o mercado”, destaca Nicolas Rueda, presidente do Cecafé.
Nesse contexto, as exportações registram o melhor desempenho dos últimos cinco anos e caminham para quebrar recorde na safra atual. De julho de 2020 até o fim de março, o Brasil remeteu 35,746 milhões de sacas ao exterior, o que implica alta de 18,1% na comparação com as 30,256 milhões de sacas embarcadas nos primeiros nove meses do ciclo 2019/20. A receita cambial no acumulado da temporada 2020/21 é de US$ 4,484 bilhões, registrando incremento de 15,1% frente aos US$ 3,897 bilhões apurados no mesmo intervalo anterior.
“O desempenho das exportações é consequência da safra recorde produzida pelo Brasil em 2020 e da evolução constante da qualidade e da sustentabilidade do produto, o que fez com que aumentasse a presença do café nacional, tanto arábica, quanto canéfora, entregue nos armazéns credenciados pelas bolsas de valores mundiais, como a de Nova York, onde o país já responde por quase metade do volume”, explica Rueda.
Precaução
Apesar do bom desempenho registrado até o momento, o setor tem cautela quanto ao ritmo dos embarques no futuro. O Brasil produzirá menos café neste ano em função da conhecida bienalidade, que entra no ciclo de baixa em 2021. Além disso, a prolongada estiagem e as altas temperaturas que afetaram importantes origens produtoras do país, no segundo semestre de 2020 e no início deste ano, também devem contribuir para uma colheita menor.
“Aliada à preocupação com a logística mundial, a colheita brasileira menos volumosa será mais um desafio que o segmento exportador terá em 2020/21. Ainda não é possível estimar a realidade estatística desse cenário, mas é provável que os embarques do Brasil passem por uma redução na próxima temporada”, projeta Rueda.
Mercados potenciais
O relatório do Cecafé destaca, ainda, a evolução da importação feita por outras nações exportadoras. Nos três primeiros meses de 2021, o Brasil remeteu 785,6 mil sacas de café para países produtores, volume que representa elevação de 82,6% frente ao embarcado no mesmo intervalo de 2020. Ainda como destaque, surgem mercados emergentes, como a comunidade árabe, que ampliou suas aquisições em 37% no primeiro trimestre deste ano, elevando as compras de 381,6 mil para 522,3 mil sacas.
Os cafés diferenciados, que possuem certificações, também são responsáveis pelo desempenho positivo do setor no primeiro trimestre de 2021. Com o embarque de 1,643 milhão de sacas, esse segmento respondeu por 14,9% do total remetido ao exterior e apresentou evolução de 2,5% em relação às 1,603 milhão de sacas exportadas em idêntico intervalo no ano passado.
Parceiros
Os Estados Unidos foram os principais compradores de café do Brasil no primeiro trimestre de 2021, ao adquirirem 2,077 milhões de sacas, com avanço de 9,4% sobre as importações realizadas em 2020. Na sequência, vêm Alemanha, com 1,970 milhão de sacas (+9,5%); Itália, com 866 mil sacas (-12,9%); Bélgica, com 813 mil sacas (+ 54,2%); e Japão, com 594 mil sacas (+20,5%).
Portos
O Porto de Santos permanece como o principal canal de escoamento dos cafés do Brasil no ano. De janeiro a março, 8,599 milhões de sacas foram exportadas pelo terminal, o que representa 78,1% dos embarques totais. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, com a remessa de 1,719 milhão de sacas (15,6% do total); e de Vitória (ES), com 309 mil sacas e share de 2,8%.