Agricultura regenerativa e descarbonização “é um caminho sem volta”

CNMA debate a importância de uma abordagem mais incisiva no agro no que diz respeito a uma cultura regenerativa

A troca de experiência sobre as práticas sustentáveis das corporações foi o tom da primeira mesa-redonda da 8ª edição do CNMA, intitulada: “Grandes corporações e sustentabilidade”. Além da partilha de informações, o debate também trouxe uma provocação: a necessidade da agricultura regenerativa e a descarbonização no agronegócio – não apenas para quem está antes da porteira, mas para toda a cadeia.

“Como companhia, temos o compromisso público de acelerar a transformação de um sistema não apenas sustentável, mas regenerativo”, afirmou a diretora de Business Transformation da Nestlé Brasil, Barbara Sapunar. A executiva contou que a empresa tem metas a serem cumpridas, até 2050, sobre práticas regenerativas.

“O Brasil é o terceiro mercado global da Nestlé e temos um compromisso público em promover transformações estruturantes dentro da companhia, a longo prazo, com modelo de desenvolvimento global que dê conta dos recursos que temos, sob o olhar da inovação e da sustentabilidade com regeneração”, ressaltou. “Não é uma questão apenas ambiental. Trata-se de uma agenda social e também de impactos econômicos”, completou Barbara.

A necessidade da agricultura regenerativa também foi reforçada pela diretora do Fundo Amazônia da JBS, Andrea Azevedo. “Sustentabilidade não é mais o tema central do debate atualmente. É urgente ir além, com a abordagem de uma cultura regenerativa no agronegócio”, afirmou. Andrea, que comentou sobre as transformações do tema ao longo destes anos.

“Na década de 90, por exemplo, não tínhamos a imensidão da conexão de toda a cadeia e das respectivas ações – diferente do que vivemos atualmente. Temos grandes debates, como o desafio climático, e as fortes questões sobre o desmatamento. Praticar a agricultura regenerativa é um caminho sem volta”, observou.

CNMA: Projetos de restauração

Neste sentido, a diretora de Sustentabilidade do Negócio Agrícola da Cargill na América Latina, Letícia Kawanami compartilhou o programa que a empresa mantém junto ao produtor rural. Entre inúmeros projetos que estão associados a esse programa, está o de restauração. A Cargill tem a meta de restaurar 100 mil hectares de mata nativa até 2027.

“Apoiamos o produtor no desafio de crescer de forma sustentável e auxiliamos esta trajetória, o valorizando, com estímulos e premiações. Também somos a ponte entre o produtor e o consumidor final – que está cada vez mais exigente, preocupado com o meio ambiente – conectando as ações desde o campo até a prateleira”.

O olhar voltado ao produtor também foi uma experiência compartilhada pela coordenadora de Sustentabilidade da Aurora Coop, Luciana de Campos Breda, por meio do Programa Propriedade Rural Sustentável, desenvolvido com pequenas propriedades – em média, com 12 hectares de área. “Nosso treinamento é para gerar transformação por meio de uma verdadeira revolução entre os pequenos, para que eles funcionem como empresa rural, sob o viés sustentável de produção”, avaliou.

Com esta perspectiva transformadora, a líder de Sustentabilidade da John Deere para América Latina, Mônica Pedó, comentou que todas as ações da empresa têm o viés sustentável. “Há mais de 15 anos mantemos parceria com a Embrapa em um olhar holístico sobre o tema”, afirmou Mônica.

Esta visão macro foi abordada pelo CEO da UPL, Rogério Castro. Ele explicou, durante o CNMA, que a empresa, por ser de origem indiana, localizada em uma das regiões mais populosas do mundo, tem a segurança alimentar como um tema de atenção da marca. “Enxergamos no Brasil uma esperança para alimentar o mundo. Estamos focados em reimaginar a sustentabilidade com base na agricultura regenerativa”, comentou Castro.

Para a moderadora da mesa-redonda no CMNA, a diretora Jurídica, Compliance e Sustentabilidade ABIA, Vanessa Amaral, o Brasil tem potencial para alimentar o mundo. “Para sermos protagonistas e ‘supermercado do mundo’ precisamos olhar para a nossa produção e agir com estes bons exemplos”.

 

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