Clarisse Sousa – Apenas 37% dos imóveis rurais brasileiros contam com cobertura 4G em toda a área de uso agropecuário. Embora menos de 70% das propriedades tenham acesso à internet em suas sedes, muitas delas ainda não dispõem de conectividade nas áreas de cultivo. Além disso, apenas 19% da área disponível para uso agrícola no Brasil possui cobertura 4G, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste do país.
A questão da conectividade rural no Brasil foi um dos principais temas debatidos no Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, realizado nesta sexta-feira (4) pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo.
O maior desafio para a expansão da conectividade no campo brasileiro não é tecnológico, mas sim operacional e de infraestrutura, conforme Renato Bueno, diretor de redes móveis para empresas da Nokia. “É preciso viabilizar modelos de negócios com baixo custo por hectare. Além disso, o produtor precisa compreender os benefícios de ter uma propriedade conectada”, afirma.
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O debate sobre os desafios da conectividade rural, essencial para o uso pleno das tecnologias embarcadas nas máquinas agrícolas, é cada vez mais frequente. Anualmente, os fabricantes introduzem máquinas e equipamentos com tecnologias digitais que prometem elevar a eficiência e a produtividade das lavouras. No entanto, essas inovações muitas vezes não são plenamente aproveitadas devido à falta de conexão à internet.
“Como fabricantes, precisamos entender que não adianta aplicar tecnologias em nossas máquinas se o produtor não consegue utilizá-las”, avalia Guilherme Panes, head de agricultura digital da Jacto. “Além de ser um habilitador de tecnologias, a conectividade é uma necessidade fundamental para o trabalho.”
O alto custo é o maior obstáculo à expansão da conectividade. A instalação das operadoras pode custar entre R$ 300 mil e R$ 400 mil apenas pela antena, além de ser necessário desembolsar cerca de R$ 10 mil mensais para manter a conectividade na fazenda. “Esse custo assusta o produtor, que acha que não vale a pena o investimento”, diz Panes.
Os dados mostram que, embora os grandes produtores tenham acesso à conectividade, os pequenos ainda enfrentam dificuldades para adotá-la. “Precisamos encontrar soluções que atendam às necessidades dos pequenos e médios produtores. No entanto, atualmente, não há um movimento efetivo para tornar isso viável”, conclui Panes.
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