Os pulses representam um conjunto de leguminosas de grãos secos, que possuem grande importância na alimentação humana ao redor do planeta. Elas incluem diversas espécies vegetais, como o feijão-comum (Phaseolus vulgaris), o feijão-caupi (Vigna unguiculata), a ervilha (Pisum sativum), a lentilha (Lens culinaris) e o grão de bico (Cicer arietinum), dentre outras.
Considerando os feijões, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais. Em 2019, o Brasil tem produzido anualmente 3 milhões de toneladas de feijões (comum e caupi), a partir de 2,6 milhões de hectares, com uma produtividade média de 1.113 kg/ha.
A Embrapa possui equipes distribuídas pelo Brasil, desenvolvendo soluções para a produção e o aproveitamento sustentáveis desses grãos. As pesquisas com feijão-comum são lideradas pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO). Já os trabalhos com feijão-caupi são coordenados pela Embrapa Meio-Norte (Teresina, PI). Por sua vez, as pesquisas com ervilha, lentilha e grão de bico são lideradas pela Embrapa Hortaliças (Brasília, DF).
Em todos os casos, equipes de diversas outras Unidades Descentralizadas da Embrapa participam dos projetos, contribuindo para o desenvolvimento de soluções tecnológicas para o fortalecimento das diferentes cadeias produtivas de pulses no Brasil.
No feijão-comum, as ações de PD&I estão concentradas em 3 eixos principais: (a) bioinsumos, (b) sustentabilidade dos sistemas de produção e (c) cultivares melhoradas. Os bioinsumos são fundamentais no manejo integrado de insetos pragas e doenças, incluindo o controle biológico destas, e a fixação biológica do nitrogênio. A sustentabilidade dos sistemas produtivos é almejada a partir de um conjunto de ações sistêmicas, dentro das quais destaca-se as aplicações de genômica (marcadores moleculares, transgenia e edição gênica) e de fisiologia vegetal para identificar características para tolerância a seca, qualidade de grãos e resistência a doenças e pragas. No desenvolvimento de cultivares, o foco principal é na qualidade de grãos e características agronômicas superiores (carioca e preto que são a maior parte da produção), além de também contemplar nichos de mercado (grãos especiais: branco, rajado, calima, cranberry, dark red kidney mulatinho etc.) que podem crescer nos próximos anos.
Algumas soluções de destaque: 1.) Cultivares – clássicas: Pérola, BRS Estilo; mais recentes: BRS FC402 (carioca), BRS FC104 (carioca superprecoce), BRS FP403 (preto), BRS FS305 (calima), BRS FC401 RMD (carioca), BRS FC409 (carioca biofortificado); 2.) Aplicativos – Doutor Feijão, Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), 3.) Produção integrada (curso de formação de responsáveis técnicos e auditores, cobrindo todas as pulses).
Muitas outras novidades tecnológicas continuarão chegando nos próximos anos, aumentando a eficiência produtiva e a sustentabilidade; e proporcionando a produção e oferta de alimentos saudáveis e nutritivos. As parcerias com agentes da cadeia produtiva tem sido fundamentais para que as novas soluções cheguem até produtores, indústrias e consumidores, transformando esta cadeia produtiva em todo o território nacional.
O conjunto destes trabalhos contribui para que o agronegócio brasileiro consiga produzir e ofertar, cada vez mais, alimentos proteicos de origem vegetal para atender a demanda interna e acessar o mercado internacional.