Desempenho eleva em 16,2% os embarques da safra 2023/24, mas volume ainda é 3,2% inferior no acumulado do ano civil
“Em novembro, seguimos observando o significativo desempenho das remessas dos cafés canéforas (robusta e conilon) ao exterior, que, com 856 mil sacas, subiram 678% em relação a idêntico período do ano passado”, comenta Márcio Ferreira, presidente da entidade.
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Com a performance do mês passado, as exportações de café do Brasil, nos cinco primeiros meses da safra 2023/24, totalizam 18,774 milhões de sacas, gerando o ingresso de US$ 3,7 bilhões ao país. Frente ao apurado entre julho e novembro da temporada 2022/23, o desempenho implica alta de 16,2% em volume, porém recuo de 5,1% em faturamento.
Ano civil
No acumulado dos 11 primeiros meses de 2023, o Brasil exportou 35,004 milhões de sacas de café, volume que fica 3,2% aquém dos 36,170 milhões registrados no acumulado entre janeiro e o fim de novembro do ano passado. Em receita cambial, o país tem queda de 15,3% no intervalo de referência, com os ingressos saindo de US$ 8,5 bilhões para os atuais US$ 7,2 bilhões.
O presidente do Cecafé comenta que o desempenho dos embarques nos cenários mensal, anual e da safra, ainda que inferiores em alguns comparativos, é positivo no contexto geral, evidenciando a resiliência do setor.
“Os exportadores brasileiros vêm, ao longo dos últimos anos, desdobrando-se para honrar seus compromissos, rearranjando seus fluxos de caixa e os gargalos logísticos que perduram desde antes da pandemia, como, mais recentemente, os atrasos para embarcar o produto”, diz.
Em novembro, de acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, foram registradas alterações em 81% das escalas de navios no Porto de Santos (SP), atingindo o maior índice de atrasos em 2023 ao superar os 76% apurados em outubro. O boletim também aponta que, no mês passado, apenas 17% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios. Outros 52% possuíram entre três e quatro dias e 30% tiveram menos de dois dias.
No que se refere à aquecida demanda pelos cafés canéforas nacionais, Ferreira explica que o incremento significativo se dá pelo contínuo avanço na produção de conilon e robusta no Brasil, resultado, principalmente, de ganhos relevantes de produtividade, novos plantios e melhoria contínua da qualidade.
“Os preços remuneradores no mercado interno e, mais recentemente, também no mercado externo têm viabilizado esse esforço por parte dos produtores e podemos dizer que toda a cadeia está atenta ao aumento da demanda, seja por dificuldades climáticas em outros países produtores, como Indonésia e Vietnã, ou pelo incremento de robusta e conilon nos blends no cenário do consumo mundial”, revela.
Nesse sentido, conforme ele, os efeitos do El Niño impactaram, nos últimos 45 dias, as regiões produtoras de robusta no Brasil, principalmente norte do Espírito Santo e sul da Bahia. “Neste fim de semana, houve alívio com o retorno de alguma chuva, que precisamos que continue para que possamos manter, ou até mesmo aumentar, esses volumes. Em se estabilizando a questão climática, as perspectivas são positivas, pois o Brasil segue competitivo em relação aos seus principais concorrentes”, completa.
Principais destinos
Nos 11 primeiros meses de 2023, os Estados Unidos permanecem como o principal destino dos cafés do Brasil, apesar da queda de 25,7% na comparação com as aquisições realizadas de janeiro a novembro de 2022. Os norte-americanos importaram, até o mês passado, 5,471 milhões de sacas, montante que representa 15,6% dos embarques totais.
A Alemanha, com representatividade de 12,6%, adquiriu 4,420 milhões de sacas (-30,3%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 2,827 milhões de sacas (-9,2%); Japão, com 2,072 milhões de sacas (+21,9%); e Bélgica, com 1,956 milhão de sacas (-29,1%).
Já não mais surpreendente, a China segue com o melhor crescimento percentual entre os 10 principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil até novembro de 2023. O gigante asiático importou 1,1 milhão de sacas no acumulado deste ano, elevando em 221% suas importações frente ao mesmo período de 2022, e saltou para o oitavo lugar no ranking.
Também foram registrados incrementos nas exportações para Reino Unido (71%), Turquia (36,2%) e Holanda (33,1%) nesse período, respectivamente sexto, sétimo e 10º principais parceiros comerciais do produto brasileiro até o momento.
Quando a análise se volta às importações dos cafés nacionais realizadas por outras nações cafeeiras, observam-se substanciais avanços nos embarques realizados para Vietnã (+503,4%), o segundo maior produtor do mundo, atrás do Brasil; México (+463%); e Indonésia (+135,6%).
“Nos casos de Vietnã e Indonésia, a justificativa se dá em função de quebras de safra e a necessidade do conilon e do robusta brasileiros para suprir. Já o México adquire nossos cafés verdes para processamento industrial e consequentes consumo interno e reexportação”, conclui Ferreira.
Tipos de café
De janeiro ao fim de novembro de 2023, o café arábica permanece como o mais exportado pelo Brasil, com 27,508 milhões de sacas, o que corresponde a 78,6% do total. A variedade canéfora (conilon + robusta) teve o correspondente a 4,1 milhões de sacas embarcadas no período, com representatividade de 11,8%, acompanhada pelo segmento do solúvel, com 3,312 milhões de sacas (9,5%), e pelo produto torrado e torrado e moído, com 45.987 sacas (0,1%).
Cafés diferenciados
Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis respondem por 17,4% das exportações totais brasileiras do produto no acumulado deste ano, com o envio de 6,075 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa queda de 3,9% frente ao registrado entre janeiro e novembro de 2022.
O preço médio desse produto foi de US$ 229,18 por saca, gerando uma receita cambial de US$ 1,4 bilhão nos 11 primeiros meses de 2023, o que corresponde a 19,3% do obtido com os embarques totais de café. No comparativo anual, o valor é 22,2% inferior ao aferido em idêntico intervalo do ano passado.
No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados até novembro, os EUA ocupam o primeiro lugar, com a aquisição de 1,317 milhão de sacas, o equivalente a 21,7% do total desse tipo de produto exportado. Fechando o top 5, aparecem Alemanha, com 995.978 sacas e representatividade de 16,4%; Bélgica, com 585.039 sacas (9,6%); Holanda (Países Baixos), com 387.856 sacas (6,4%); e Reino Unido, com 286.614 sacas (4,7%).
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