Governo assume compromisso de ampliar recursos para a Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) celebra 51 anos de criação

Em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 25, em comemoração ao 51º aniversário da Embrapa, na sede da Empresa, em Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o compromisso de aumentar os recursos financeiros para o que ele chamou a “mãe máxima da tecnologia brasileira”. “Não é bondade, é reconhecimento”, afirmou o presidente, destacando que a Embrapa é a grande responsável pelos bons resultados da agropecuária nacional, que hoje representam cerca de 24% do PIB do País.

“A ciência e a tecnologia de ponta praticadas pela Embrapa ao longo dos últimos 50 anos fizeram com que o Brasil saltasse da posição de importador de alimentos, na década de 1970, para um dos maiores players do agro mundial. Por isso, precisamos dar a ela o tamanho que merece”, ressaltou Lula.

Ele conclamou os dois ministros de pastas ligadas à agricultura – Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária – Mapa) e Paulo Teixeira – (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – MDA) para, junto com a presidente da Instituição, Silvia Massruhá, darem andamento a ações para garantir mais independência à Empresa nos próximos 50 anos.

O presidente enfatizou ainda a necessidade de a Embrapa retomar a agenda de cooperação com a África, como aconteceu em 2006, quando foi montado um escritório em Gana, para fortalecer a transferência de tecnologias e conhecimentos para o continente. Prometeu também intensificar a Empresa nas agendas internacionais.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou como um dos maiores desafios para a agricultura brasileira a transformação ecológica dos sistemas agroalimentares e florestais. Essa questão já é uma das prioridades na nova gestão de PD&I da Embrapa, sendo inclusive, um dos pontos a ser apresentados pela Instituição na 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCTI), que acontece em junho próximo. Haddad pontuou que toda a parte de taxonomia da transformação ecológica ficará sob a responsabilidade da Empresa. “A Embrapa é, hoje, uma unanimidade e motivo de orgulho para 100% da população brasileira”, complementou.

Por que a telemetria é a chave para a agricultura do futuro

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, comemorou a volta da Embrapa ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e garantiu que não haverá terceirização na Empresa. Segundo ele, os resultados alcançados pela Instituição são, em grande parte, fruto dos esforços de seu quadro altamente especializado de empregados. “Não se faz ciência com instrumentos, mas com pessoas”, pontuou, lembrando que o legado para os próximos 50 anos é investir na qualidade dos alimentos e no fortalecimento de uma agricultura cada vez mais produtiva, inclusiva e sustentável.

O ministro enfatizou ainda que os cerca de R$ 500 milhões de orçamento da Embrapa não é nada perto dos resultados que a Empresa traz para o Brasil.

“Infelizmente, o orçamento público e a responsabilidade fiscal são dificuldades a serem superadas. Com o apoio do presidente Lula e também da iniciativa privada, nós vamos colocar mais recursos na Empresa para que ela acelere e tenhamos, nos próximos 50 anos, uma instituição ainda mais moderna e eficiente”, concluiu.

“Plantar ciência para colher a paz”, diz Silvia Massruhá

A celebração dos 51 anos marca o início de uma nova era na Embrapa. Se os últimos 50 anos foram determinantes para o desenvolvimento da agricultura brasileira, tornando-a altamente competitiva em nível mundial, o olhar para o futuro se volta para um cenário mais inclusivo e sustentável.

“Essa referência ao passado é importante para a inovação que se inicia hoje”, disse Silvia Massruhá, durante a cerimônia. Segundo ela, os principais desafios dessa nova fase são pautados por demandas relacionadas à alimentação saudável, enfrentamento às mudanças climáticas, bem-estar e qualidade de vida e redução das desigualdades no campo.

A presidente pontuou que a revolução dos próximos 50 anos está calcada em três pilares: sustentabilidade, inclusão e vanguarda científica e tecnológica. ”Esse processo é realizado em conjunto entre a Embrapa e instituições parceiras e os cinco milhões de produtores brasileiros”.

Em relação à sustentabilidade, Massruhá destacou as agendas de transição energética e descarbonização. “A Embrapa tem um conjunto de soluções de base científica para oferecer ao setor produtivo”, acrescentou.

Uma importante iniciativa nesse contexto foi lançada durante a solenidade: o Integra Carbono Embrapa, que agrega dados e resultados de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), gerados pela Empresa e instituições parceiras, capazes de contribuir para a redução das emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) nos sistemas agroalimentares e florestais, diante das mudanças climáticas.

Quanto ao segundo pilar, a inclusão, a presidente ressaltou a Plataforma Ater+Digital, que disponibiliza conteúdos on-line para técnicos extensionistas em tempo real. As Informações e ferramentas digitais estão disponibilizadas em hubs temáticos para ampliar o alcance de serviços de extensão rural. A iniciativa pretende apoiar as redes de assistência técnica em todo o Brasil no atendimento aos produtores. Para isso, conta com um amplo acervo de vídeos, áudios, aplicativos, cartilhas, infográficos, cursos e outros conteúdos destinados a orientar o trabalho de agentes de extensão rural.

No que se refere à vanguarda científica e tecnológica, Massruhá destacou que a Embrapa investe constantemente em novas práticas de PD&I para antecipar e mudar o futuro. Entre essas, ela citou o recém-firmado acordo com a Agência Espacial Brasileira (AEB) para desenvolvimento do Projeto Artemis, que prevê o cultivo de grão-de-bico e batata-doce em condições de microgravidade no espaço.

Lucro social

A presidente citou ainda o Balanço Social 2023, que aponta um lucro social de R$ 85,12 bilhões. Desse total, R$ 80,55 bilhões referem-se aos benefícios econômicos de uma amostra de 182 tecnologias avaliadas pela instituição. Consideram-se ainda R$ 3,4 bilhões relativos à estimativa dos impactos gerados por cultivares Embrapa e parceiros, e cerca de R$ 1,1 bilhão calculado a partir dos indicadores sociais e laborais da Empresa. Os estudos de avaliação multidimensional de impactos, presentes no documento, revelaram também a geração de mais de 66 mil empregos.

 

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