Não trocar filtros na hora certa pode levar à perda de peças e componentes e, até mesmo, colapsar máquinas inteiras
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A manutenção adequada desses componentes pode garantir o prolongamento da vida útil do motor. E trocas, dentro do prazo estabelecido, podem gerar até redução no consumo de combustível. Além disso, o valor de troca de um filtro é considerado irrisório perto do valor desembolsado para substituir peças e componentes danificadas pelo mau uso desses componentes, ou mesmo colocar em risco perder a máquina inteira.
“Mais de 75% das falhas em sistemas hidráulicos e de lubrificação são devidos ao excesso de contaminação. As partículas de sujeira podem fazer com que máquinas caras e grandes falhem”, alerta Igor P. Rosenburg, gerente de Vendas & Marketing e Engenharia de aplicação da Argo-Hytos.
Dentre os problemas que os excessos de contaminação nos filtros podem causar estão a perda de produção, custo de reposição de componentes, trocas constantes de fluido, custo no descarte de fluido e aumento no custo geral de manutenção. Só para efeito de comparação, Rosenburg aponta que a troca de um filtro de pressão novo corresponde a cerca de R$ 1 mil, contra um gasto de R$ 70 mil até R$ 90 mil com a substituição de válvulas, bombas e outros componentes que podem ser danificados.
Atenção à troca
Hoje os sistemas de filtragem em máquinas agrícolas são equipamentos modernos, tecnológicos e com eletrônica embarcada, desenvolvidos para que tenham maior durabilidade e incluem sensores e sistemas que permitem a leitura das condições de filtragem e performance.
“Muito dos problemas gerados são decorrentes da falta de manutenção, postergação do intervalo de troca, ainda instalações incorretas ou filtros de má qualidade, ou seja, más condições que podem ser evitadas”, afirma Marcos Azambuja, gerente de contas e suporte técnico da Cummins Filtros.
O diretor de Vendas e Marketing da Mann+Hummel para o mercado de reposição, Raul Cavalaro, concorda e lembra que é preciso que a manutenção seja feita de acordo com orientação do fabricante.
“É sempre importante que o condutor do equipamento realize manutenção preventiva, seguindo as especificações do fabricante tanto por quilometragem, por período de uso e, principalmente, checar os indicadores de manutenção disponíveis nos veículos para o filtro do ar. Dessa forma, terá mais tempo de trabalho e evitará a ineficiência da filtragem que causa problemas como corte de combustível, falhas no motor e vazamento, entre outros”, afirma.
O head de Vendas Aftermarket Brasil da Donaldson Soluções de Filtragem, Vanderson Medeiros, também aponta a falta de manutenção, instalação incorreta e uso inadequado como os três problemas mais frequentemente encontrados no uso e na manutenção de filtros e faz um alerta.
“A reutilização de filtros que foram limpos ou soprados pode trazer diversos problemas para o sistema, pois no processo de limpeza do filtro pode-se acumular impurezas no lado limpo do filtro ou o meio filtrante ser danificado, ou ainda, permitir que impurezas entrem e causem danos no sistema ou motor”, assinala.
O executivo explica ainda que outra maneira de identificar os problemas com os filtros é a análise de óleo, pois dessa forma é possível verificar se os filtros estão deixando impurezas passarem para o motor, como, por exemplo, “sílica”, que indica que está entrando poeira pela admissão de ar. “Além disso, a perda de potência, o aumento no consumo de combustível e o aumento na temperatura do motor podem ser indicativos de que os filtros estão saturados”, afirma.
No caso do filtro de ar, a maioria dos tratores tem um indicador para alertar o operador que o filtro está sujo e precisa ser trocado. “Em alguns tratores este indicador fica ao lado do filtro de ar, já outros têm uma luz no painel. O recomendado é substituir o filtro, pois na limpeza com ar comprimido pode danificar o elemento filtrante e comprometer a vida útil do motor”, assinala o pesquisador científico do Centro de Engenharia/IAC, professor Roberto da Cunha Mello.
O especialista diz que o recomendado é, uma vez por mês, verificar se o indicador está funcionando. “Para isso, deve se obstruir a entrada de ar com uma folha de papelão para verificar se o indicador está funcionando. Também é preciso ficar atento na montagem com o filtro para que as borrachas de vedação estejam posicionadas”, ensina.
Substituição conjunta
No caso do filtro de óleo diesel, Mello diz que o recomendado é trocar a cada 250 horas, ou seja, quando se troca o óleo do motor. Para se trocar este filtro, é necessário ferramenta adequada e prestar atenção na montagem para não danificar a borracha de vedação e causar vazamento. Também deve completar o filtro com óleo diesel, antes de montá-lo, para evitar que entre ar na bomba injetora.
Para que esse tipo de filtro funcione corretamente, Mello diz que, além de respeitar o período de validade do óleo diesel, é preciso armazenar esse óleo corretamente, evitando que acumule umidade e poeira. “O tanque do trator deve ficar sempre cheio para que a umidade do ar não condense nas paredes do tanque”, aponta.
No caso do filtro do óleo lubrificante, alerta o especialista, o recomendado é trocar toda vez que se troque o óleo. “Não é bom colocar um óleo novo em um filtro sujo. Deve-se ter a ferramenta adequada e cuidado na montagem para não danificar a borracha de vedação evitando vazamento. Também quando se troca o filtro, deve-se tomar cuidado com a quantidade de óleo para preencher o filtro”, explica. Para filtros do óleo hidráulico, o recomendado é a troca ao mesmo tempo do óleo, com 750 horas.
“A troca do filtro do óleo conforme especificado pelo fabricante em conjunto com o óleo manterá o óleo limpo diminuindo as impurezas dentro do motor. Com isso, evita-se a utilização de óleo sujo, que causa borra no motor, podendo até fundi-lo. Outro prejuízo que a não-troca do filtro desgastado provoca é a redução da durabilidade do óleo novo no motor em até 30%”, aponta ainda o diretor da Mann+Hummel.
Sinais de alerta
No sistema hidráulico de uma máquina agrícola há três tipos de filtros voltados para filtrar o óleo: são eles os filtros de pressão, filtros de retorno e filtros de sucção. Além disso, o sistema conta com filtro de ar.
“No circuito hidráulico, a gente tem a parte de geração, que é a parte do tanque. Nesse tanque, temos o filtro de ar. Quando todo óleo sai do tanque para o sistema, esse espaço no tanque é preenchido com ar. E esse ar da atmosfera vem carregado com partículas que contaminam o óleo. Daí a importância do filtro de ar, para impedir a entrada dessas impurezas e preservar o reservatório limpo”, assinala o gerente da Argo-Hytos.
Todo o aparato de aviso de sujeira e manutenções periódicas podem não ser suficientes para manter a boa saúde dos filtros. Alguns imprevistos podem ocorrer, quer seja por imprudência na escolha dos componentes, quer seja pelo mau uso desses produtos.
No caso de filtros de pressão, por exemplo, o executivo da Argo-Hytos explica que podem ocorrer algumas pressões no sistema hidráulico que o filtro não suporta. “Esse filtro precisa ser dimensionado para aguentar a pressão de trabalho. E aí tanto tem que saber a carga que vai ter antes do filtro, quanto a carga que vai ter depois. Se essa diferença do antes e depois for muito grande, o filtro tem que ter uma estrutura para suportar essa diferença”, assinala.
Outro problema, ainda que raro, é a incompatibilidade de fluido, que ocorre nos filtros laváveis, geralmente de papel. “Pode ter um fluído que é inapropriado, rasgando o elemento filtrante”, afirma Rosenburg.
Há ainda casos de filtros de baixa qualidade, que podem soltar partículas do elemento filtrante, contaminando o sistema ao invés do filtro realizar o que precisa: que é limpar o sistema. “Esse é um ponto de atenção, em que o barato pode sair muito caro”, finaliza.
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