A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, esteve na sede da Embrapa em 30 de novembro, e manteve reunião de aproximadamente três horas com o presidente da Embrapa, Celso Moretti. Eles discutiram uma ampla agenda, mas que teve como destaque alternativas para o Brasil avançar no uso da agricultura de baixo carbono.
A intenção da Ministra é atualizar o Plano ABC, com a incorporação de novas soluções tecnológicas e, ao mesmo tempo, ampliar o uso de estratégias relacionadas à sustentabilidade agrícola no Brasil a partir de tecnologias consolidadas como controle biológico, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Ela quer o envolvimento da Embrapa nesta atualização do Plano ABC.
O Programa ABC
Agricultura de Baixa Emissão de Carbono -, liderado pelo Mapa, com a participação ativa da Embrapa, tem como objetivo estimular os agricultores a adotarem técnicas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Fazem parte das alternativas do Plano ABC, soluções de recuperação de pastagens degradadas, sistemas de ILPF, agroflorestais (SAFs) e plantio direto (SPD), fixação biológica de nitrogênio (FBN), florestas plantadas (FP) e tratamento de dejetos animais (TDAs) e a adoção de sistemas integrados de produção como medida mitigatória. Também há disseminação de práticas de agricultura de baixa emissão de carbono e o engajamento de produtores em obter retorno econômico com preservação do meio ambiente.
Moretti destacou que a Embrapa, a partir do arcabouço do Marco Legal de Ciência e Tecnologia, está investindo em contatos, parcerias, dividindo riscos e benefícios de ações específicas para ampliar a sustentabilidade da agricultura brasileira. Lembrou, por exemplo, o sucesso recente da implantação do Carne Carbono Neutro (CCN), uma marca-conceito que já está nas prateleiras de supermercados. O CCN faz parte da Plataforma Pecuária de Baixa Emissão de Carbono, que envolve também as marcas “carne baixo carbono”, “carbono nativo”, “bezerro carbono neutro” e “couro carbono neutro”, com possibilidades de ampliação. A intenção da Embrapa, manifestada pelo presidente Celso Moretti é ampliar o conceito também para outros produtos agrícolas como arroz e soja, por exemplo.
Para Moretti, o Brasil tem um grande estoque de tecnologias, interesse dos agricultores, há uma disseminação de informações, mas ainda há um enorme potencial para ampliar a adoção e gerar novas tecnologias sustentáveis. Explicou que a Embrapa desenvolveu metodologias, faz monitoramento e possui grupos de pesquisas mobilizados no tema. “Há um mercado bilionário de carbono no mundo e o Brasil pode ser ainda mais protagonista. O agro brasileiro ainda é pouco eficiente na captura de valor disponível no mercado de carbono, que é estimado em aproximadamente US$ 250 bilhões.”
Na discussão foi destacado o interesse da Ministra em ampliar o conhecimento, no exterior, sobre a sustentabilidade da plataforma agrícola brasileira. Ela quer utilizar as informações disponíveis da Embrapa para ajudar o governo a explicar as características únicas da agricultura brasileira em sustentabilidade e uso da ciência.
Balanço de 2020
Moretti também apresentou, na reunião, um balanço da atuação da Embrapa nos últimos meses e uma projeção sobre entregas e prioridades em 2021. A ministra mostrou satisfação especial pela implantação do ERP, que considerou um desafio muito difícil e que foi superado.
Tereza Cristina foi convidada pelo presidente e aceitou o convite para participar do IX Congresso Brasileiro de Soja (IX CBSoja) e do Mercosoja 2021 (www.cbsoja.com.br), a serem promovidos pela Embrapa, de 28 de junho a 1 de julho de 2021, em Foz do Iguaçu (PR).